Ibovespa sobe após líder do DEM afirmar que partido irá fechar questão a favor da Previdência

Comitê condicionou aprovação da agenda de reformas para prosseguir com o ritmo de cortes da Selic

Rafael Souza Ribeiro

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SÃO PAULO – Depois de marcar mínima em 71.800 pontos e recuar mais de 1%, o Ibovespa reverteu o quadro negativo e às 14h19 desta terça-feira (12) registrava alta de 0,48%, aos 73.153 pontos, após o ministro da Educação, Mendonça Filho, afirmar que o DEM (Democratas) deve fechar questão em favor da reforma da Previdência, comprovando maior comprometimento dos partidos da base aliada com o texto e animando os investidores.

Ao participar da reunião da bancada do partido nesta manhã na Câmara, ele avaliou que mais de 80% do grupo se manifestou de forma favorável à aprovação do texto: “estarei à disposição para ajudar da melhor maneira possível. Em todas as votações relevantes eu voltei para a Câmara e para essa votação especificamente voltarei sem nenhum problema, se porventura for necessário”, disse Mendonça.

Reforma da Previdência

Com a contagem de votos estacionada em 270, muito abaixo dos 308 necessários para aprovação, Michel Temer pretende adiar para o ano que vem a votação da reforma da Previdência, segundo informações da Folha de S. Paulo nesta terça-feira. A ideia do governo é colocar o texto em pauta na Câmara entre os dias 18 e 20, antes do início do recesso parlamentear.

Contudo, antes de “jogar a toalha”, presidente prepara uma última cartada. Conforme informações da Folha, Temer pediu para que os ministros Ricardo Barros (Saúde), Alexandre Baldy (Cidades) e Helder Barbalho (Integração Nacional façam uma readequação nos orçamentos de suas pastas para abrir um espaço de R$ 3,6 bilhões em recursos a serem negociados com a base aliada. O ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, Wellington Moreira Franco, avisou ontem que o governo está aberto a negociar concessões desde que “justas”.

Nesta manhã, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, ressaltou mais uma vez que a votação somente será realizada se o governo conseguir reunir os votos necessários para passar o texto e fez um aviso: “se tiver 280 votos, os deputados não vêm votar”.

Apesar dos últimos esforços, para a consultoria de risco político Eurasia Group avalia ser improvável que a Previdência seja aprovada na próxima semana. A nomeação de Carlos Marun para a Secretaria de Governo, que tem o “selo de qualidade” do centrão e deve ajudar na batalha pelos votos que estão faltando para a Previdência, não deve fazer grande diferença. A Eurasia ainda reitera que o esforço contínuo para aprovar o texto até a última semana legislativa do ano deixa pouco tempo para se concentrar na aprovação do pacote fiscal do governo de 2018.

Ata do Copom
Na ata, o Comitê avalia que pode reduzir a taxa de juro novamente em fevereiro, com o mercado apostando em um corte de 25 pontos-base, mas a manutenção do ritmo dependerá da aprovação da agenda de reformas, que terá influência direta no ritmo da inflação: “o ciclo [de inflação baixa] pode ser interrompido por uma frustração das expectativas sobre a continuidade das reformas e ajustes necessários na economia brasileira, em particular em um contexto de reversão do corrente cenário externo favorável para economias emergentes”, revelou a ata, revelando a importância da aprovação da agenda de reformas para manter a inflação comportada no ano que vem dentro da meta central de 4,5%.

“Todos os membros do Comitê voltaram a enfatizar que a aprovação e implementação das reformas, notadamente as de natureza fiscal, e de ajustes na economia brasileira são fundamentais para a sustentabilidade do ambiente com inflação baixa e estável, para o funcionamento pleno da política monetária e para a redução da taxa de juros estrutural da economia, com amplos benefícios para a sociedade”, apontou o documento. Assim, caso a reforma da Previdência não seja aprovada, o Copom pode encerrar o ciclo em 6,75% – corte precificado pelo mercado em fevereiro.

Em vista dos receios com a aprovação da reforma, que pode frear o ímpeto do Copom, os juros futuros com vencimento em janeiro em 2021 registravam alta de 3 pontos-base, cotados a 9,32%, enquanto com vencimento em janeiro de 2019 operam praticamente estáveis, aos 6,98%. No mesmo momento, o dólar futuro com vencimento em janeiro registrava valorização de 0,68%, aos 3.334 pontos.

Destaques do mercado

Do lado negativo, destaque para as ações da Eletrobras, que recuam após novas negociações sobre a lei de privatização (veja mais aqui), enquanto os papéis da Kroton sobem após matéria do Valor qual a empresa estima incremento forte crescimento para os próximos anos somente com crescimento orgânico.

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

C?d. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 KROT3 KROTON ON 17,29 +4,66 +33,21 106,42M
 ESTC3 ESTACIO PARTON 31,09 +3,98 +100,19 28,19M
 MRVE3 MRV ON 13,94 +3,64 +33,17 22,92M
 CSNA3 SID NACIONALON 7,68 +2,54 -29,22 46,45M
 FIBR3 FIBRIA ON 47,31 +1,79 +52,00 45,39M

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

C?d. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 RAIL3 RUMO S.A. ON 12,14 -1,30 +97,72 53,47M
 RADL3 RAIADROGASILON 86,60 -1,23 +42,50 37,10M
 LAME4 LOJAS AMERICPN 15,06 -1,12 -11,28 25,44M
 QUAL3 QUALICORP ON 28,99 -1,06 +55,45 20,85M
 WEGE3 WEG ON 22,90 -0,99 +50,13 17,45M

 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão) 

Bolsas mundiais

As bolsas europeias operam praticamente estáveis, pressionadas pela queda das ações das mineradoras em vista da correção do minério de ferro na China, enquanto os investidores aguardam as reuniões de política monetária do Fed e BCE na quarta-feira (13) e quinta-feira (14), respectivamente.

No mercado de commodities, o petróleo avança após o desligamento de um dos mais importantes oleodutos do Mar do Norte após detectada uma fissura, eliminando um fornecimento significativo de um mercado já “apertado” devido aos cortes na produção liderados pela Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo).

Às 14h19, este era o desempenho dos principais índices:

*Dow Jone (EUA) +0,18%

*S&P 500 (EUA) +0,13%

*Nasdaq (EUA) +0,03%

*CAC-40 (França) +0,41%

*FTSE (Reino Unido) +0,24%

*DAX (Alemanha) +0,17%

*Hang Seng (Hong Kong) -0,59% (fechado)

*Xangai (China) -1,24% (fechado)

*Nikkei (Japão) -0,32% (fechado)

*Petróleo WTI +0,84%, a US$ 58,48 o barril

*Petróleo brent +1,58%, a US$ 65,71 o barril

*Bitcoin -0,82%, a R$ 54.900 (confira a cotação da moeda em tempo real)

*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dalian -0,98%, a 503 iuanes (nas últimas 24 horas)