Ibovespa azeda e cai quase 1% com notícia de que só há 170 votos para Previdência

Índice virou com força para o campo negativo com notícia publicada pela Veja sobre fala de líder do governo na Câmara

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Após chegar a subir 1,5% com a percepção de novos avanços nas negociações para a votação da reforma da Previdência de olho no rumor de que a bancada do PMDB deu os primeiros passos pelo fechamento de questão em torno do apoio às medidas, o Ibovespa virou com força na reta final do pregão seguindo as bolsas dos Estados Unidos e uma notícia da Veja sobre poucos votos para a Previdência.

Segundo a coluna Radar, da Veja, o líder do governo na Câmara dos Deputados, André Moura, admitiu a um deputado que, hoje, não há nem 170 disposto a votar a favor da proposta do Palácio do Planalto. O número é muito abaixo dos 308 votos necessários para a provar a proposta.

O benchmark da bolsa brasileira fechou com queda de 0,74%, a 72.546 pontos, após chegar a cair 1,06% na mínima do dia e subir 1,47% na máxima. O volume financeiro ficou em R$ 8,001 bilhões. O dólar comercial, por sua vez, fechou em queda de de 0,40%, cotado a R$ 3,2341 na venda, distante da mínima de R$ 3,2219 atingida mais cedo.

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Mais cedo, o mercado se empolgava com os rumos da luta do governo pela reforma da Previdência. O presidente Michel Temer conta com cinco pilares estratégicos para avançar com a medida impopular mesmo com a aproximação da corrida eleitoral. Seriam eles: a narrativa de combate a privilégios, a costura com prefeitos (que desempenharão papel decisivo nas eleições, sobretudo para o caso dos deputados federais que tentarão reeleição), o acerto com as cúpulas partidárias, a possibilidade de liberação de mais recursos dos cofres para emendas parlamentares e a delegação de poder a Rodrigo Maia (DEM-RJ) [leia mais aqui].

Destaques da Bolsa

Descoladas do petróleo, as ações da Petrobras viraram para queda junto com o resto do mercado. Em Londres, os contratos futuros do petróleo Brent subiram 0,64%, a US$ 62,85 o barril, enquanto os contratos do WTI, negociados em Nova York, avançaram 0,28%, a US$ 57,63 o barril. 

Além disso, no radar, a estatal informou que assinou, ontem, com o China Development Bank (CDB), um contrato de financiamento no valor de US$ 5 bilhões e vencimento em 2027. Na mesma data, a Petrobras também assinou um contrato comercial com a empresa Unipec Asia Company, estabelecendo o fornecimento preferencial de um volume total de 100 mil barris de óleo equivalente por dia, atendidas as condições de mercado, pelo prazo de 10 anos.

“O acordo com o CDB prevê o desembolso de metade do valor total em dezembro de 2017 e da outra metade em janeiro de 2018, quando também ocorrerá o pré-pagamento do saldo devedor de US$ 2,8 bilhões referente ao empréstimo contratado em 2009 com o banco. Adicionalmente, o pré-pagamento resultará no encerramento antecipado do contrato comercial assinado com a Unipec Asia Company em 2009, com vencimento em 2019, para fornecimento preferencial de um volume total de até 200 mil barris de óleo equivalente por dia”, informou a petrolífera.

Em entrevista à Bloomberg, o CEO da Usiminas, Sérgio Leire, afirmou que a siderúrgica está perto de reduzir R$ 900 milhões de sua dívida nos próximos 40 dias. Os R$ 900 milhões equivalem a uma redução de cerca de 15% do endividamento, disse ele, que apontou que a companhia está pagando “com quase dois anos de antecedência” em relação ao acordo das dívidas renegociadas com os credores. O montante inclui R$ 180 milhões que ela paga em juros de títulos em 15 de dezembro.

O Itaú Unibanco abriu captação com bônus perpétuo, com referência inicial de cerca de 6,5%, segundo informou fonte à Bloomberg. A precificação está prevista para esta terça-feira. O emissor é o Itaú Unibanco, atuando por intermédio da Grand Cayman Branch. Os títulos são não-resgatáveis nos primeiros cinco anos e os coordenadores são: BB Securities, BofAML, Itau BBA, JPM, Standard Chartered.

As maiores baixas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 USIM5 USIMINAS PNA 8,60 -4,23 +109,76 154,71M
 CPFE3 CPFL ENERGIAON 18,25 -3,95 -26,98 65,26M
 CSNA3 SID NACIONALON 7,26 -3,46 -33,09 68,95M
 MRFG3 MARFRIG ON 6,90 -3,36 +4,39 15,15M
 BRAP4 BRADESPAR PN 25,78 -2,90 +77,89 40,05M

As maiores altas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 HYPE3 HYPERMARCAS ON 34,76 +3,24 +36,07 92,87M
 WEGE3 WEG ON 23,80 +2,81 +56,03 54,94M
 FIBR3 FIBRIA ON 44,81 +2,05 +43,96 120,92M
 SMLS3 SMILES ON EJ 75,98 +1,99 +82,91 44,25M
 SUZB3 SUZANO PAPELON EJ 17,82 +1,89 +30,17 68,25M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 VALE3 VALE ON 36,02 -2,20 948,85M 673,86M 36.454 
 PETR4 PETROBRAS PN 15,31 -1,10 470,54M 656,60M 27.293 
 BBDC4 BRADESCO PN EJ 32,77 -1,03 351,84M 307,24M 26.228 
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN ED 41,59 -0,60 328,59M 400,55M 19.152 
 ABEV3 AMBEV S/A ON 20,55 -0,15 323,43M 270,32M 22.589 
 BBAS3 BRASIL ON 31,07 -1,46 291,74M 316,99M 20.048 
 JBSS3 JBS ON 8,77 -0,11 158,18M 94,46M 31.928 
 USIM5 USIMINAS PNA 8,60 -4,23 154,71M 179,44M 10.704 
 BBSE3 BBSEGURIDADEON 27,39 +0,74 142,60M 123,34M 13.723 
 BVMF3 BMFBOVESPA ON 22,67 -1,05 141,31M 213,28M 16.444 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
IBOVESPA

Reforma da Previdência
Os esforços para votar a reforma da previdência seguem sendo destaque no noticiário político. Ontem à noite, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que, até a próxima quinta-feira (7), espera avançar na organização da base de parlamentares para aprovar a reforma da Previdência. De acordo com Maia, a base deverá ser composta por 330 deputados, o que não significa que a reforma terá todos os votos a favor. Ele deixou claro, contudo, que não trabalha com números. 

Enquanto isso, o presidente Michel Temer faz manobra por apoio do PSDB à reforma da Previdência, conforme informa o jornal Valor Econômico. Enquanto os dirigentes dos sete partidos da base – PMDB, PP, DEM, PR, PRB, PTB e PSD – sugerem firmar pacto por reforma, eles pressionam o governador de São Paulo e presidenciável tucano Geraldo Alckmin a garantir votos do PSDB. A fala do ministro Henrique Meirelles de que Alckmin não seria candidato do governo faria parte da estratégia de pressão, sendo um recado ao PSDB. O grupo tenta passar ideia de que fracasso da reforma prejudica a economia e favoreceria candidaturas de Lula e Bolsonaro em 2018.

Segundo a LCA Consultores, o lançamento mais contundente da candidatura Meirelles à presidência serve para pressionar Geraldo Alckmin a assumir uma postura mais próxima ao governo a fim de manter aberta a porta à chance de ele ser o representante único do grupo de partidos que se juntaram para aprovar o impeachment e sustentar o governo Temer no Congresso.   

Porém, os tucanos seguem divididos e, para não fechar questão sobre nova Previdência, ala do PSDB prega boicote a reunião do partido amanhã que decidirá sobre fechamento ou não de questão sobre a reforma. 

Além disso, a votação segue cercada de promessas. Conforme informa o jornal O Globo, no jantar de domingo, na casa do presidente da Câmara,  o governo mudou sua estratégia e acenou até mesmo com promessas de apoio nas eleições de 2018 para convencer os deputados a votarem a favor das mudanças na aposentadoria. Lembrou que quem votar pela aprovação poderá ser beneficiado em coligações e na distribuição de tempo de TV e de recursos para suas bases, além do fundo eleitoral. Já o ministro-chefe da Casa Civil Eliseu Padilha afirmou que os municípios terão R$ 3 bilhões se a reforma for aprovada.

De olho em 2018

As movimentações para 2018 também seguem no radar. Líder nas últimas pesquisas eleitorais e considerado o nome mais forte da esquerda, a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva está longe de ser uma unanimidade nesse espectro político. De acordo com a coluna Painel, da Folha de S. Paulo, setores da Frente Brasil Popular (composto por representantes de diversos setores da esquerda, alguns críticos ao PT) vão trabalhar para que não haja apoio à candidatura do ex-presidente Lula, em meio à leitura de que o aval ao petista dividiria o grupo no ano que vem. 

Aliás, sobre Lula, vale destacar ainda a situação do ex-presidente sobre o julgamento em segunda instância no caso “triplex do Guarujá”, que pode torná-lo inelegível caso a sentença de Sérgio Moro seja confirmada. O desembargador João Pedro Gebran Neto concluiu seu voto no recurso apresentado pelo ex-presidente no TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4.ª Região), indicando que o trâmite no tribunal aponta que o julgamento na segunda instância deverá ocorrer antes do início da campanha presidencial, possivelmente ainda no primeiro semestre de 2018, segundo informa o Estadão, enquanto a Folha de S. Paulo aponta que o julgamento deva ocorrer já em março.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.