Semana decisiva para Previdência, reforma de Trump e último Copom de 2017: os 5 assuntos que guiarão o mercado

Confira os destaques das agendas política e econômica da próxima semana

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – A primeira semana cheia de dezembro traz dias decisivos para os mercados, com a última reunião do Copom (Comitê de Política Montária) no ano, a divulgação dos números da inflação oficial em novembro e os últimos esforços do presidente Michel Temer para realinhar a tropa governista e fazer avançar a reforma previdenciária na Câmara dos Deputados agitando a agenda doméstica. Nos exterior, dados da China e dos Estados Unidos também atraem as atenção dos investidores.

Depois de a expectativa inicial de se votar em primeiro turno a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da Reforma da Previdência no plenário da Câmara até a próxima quarta-feira (6) ser praticamente descartada pela falta de votos do governo, os investidores devem observar os desdobramentos da reunião entre o presidente Michel Temer e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, neste fim de semana, assim como a reunião do peemedebista com líderes da base aliada.

Com o governador paulista se preparando para assumir a presidência nacional do PSDB, Temer deverá cobrar posição mais assertiva dos tucanos sobre a principal medida do ajuste fiscal do governo neste momento. O encontro entre os dois ocorre após notícias indicarem poucos votos a favor da medida na Câmara, com o governo muito distante dos 308 necessários dentro de um universo de 513 deputados. Além disso, o pano de fundo traz exigências tucanas por uma nova rodada de flexibilização na proposta, o que foi mal visto até mesmo por figuras históricas do pensamento econômico no PSDB.

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Todas essas incessantes movimentações ocorrem em um cenário geral de aproximação do calendário eleitoral. Há quem acredite que a janela para votar a reforma da Previdência neste ano se fechou e o governo só tentará colocar a medida na ordem do dia do plenário em 2018. Articuladores do Planalto, contudo, não desistem e sinalizam manter em ritmo intenso as negociações. A semana que vem será decisiva para o desfecho dessa história.

Do lado da economia, merece atenção a última reunião do Copom, com o anúncio do novo patamar da taxa básica de juros marcado para acontecer na noite de quarta-feira. O mercado já tem dado como certo um corte de 50 pontos-base na Selic, que encerraria o ano na mínima histórica de 7%. Ainda assim, os investidores deverão dar atenção especial ao comunicado da decisão, que poderá dar pistas sobre os próximos passos a serem tomados em fevereiro do ano que vem. Há dúvidas se o BC encerrará o programa de afrouxamento monetário ou fará um movimento a mais antes disso. A aposta de muitos economistas é que a autoridade monetária deixará, no comunicado de quarta-feira, a porta aberta para qualquer uma das decisões em fevereiro. “Não será surpresa se o Copom sinalizar, no documento pós-decisão, que será possível novo corte no começo de 2018, levando a Selic para 6,75% ou 6,50% ao ano”, escreveram os analistas da GO Associados.

A semana também contará com a divulgação do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de novembro, pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica), na sexta-feira (8), às 9h (horário de Brasília). A estimativa mediana de economistas consultados pela Bloomberg aponta para uma leve desaceleração, para 0,35% no comparativo mensal. Sendo assim, as expectativas são de que o indicador se mantenha abaixo do piso do regime de metas de inflação do Banco Central, de 3%, no acumulado de 12 meses. Os economistas da Rosenberg Associados chamam atenção para um esperado aprofundamento da deflação do grupo de alimentos e bebidas, enquanto a alta nos preços dos combustíveis deverá pressionar o grupo de transportes.

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Fechando a lista de drivers domésticos, na terça-feira (5), às 9h, o IBGE informa o resultado da produção industrial de outubro. Após a divulgação do crescimento tímido da economia brasileira no terceiro trimestre, esse será o primeiro indicador de atividade dos últimos três meses do ano a ser divulgado. A expectativa da mediana dos analistas consultados pela Bloomberg é que a produção industrial marque um avanço tênue, de 0,1%, no comparativo mensal, com alta mais expressiva, de 5,2%, na comparação anual.

No campo internacional, a agenda tem como destaque o relatório do emprego norte-americano, a ser apresentado às 11h30 (horário de Brasília) da sexta-feira (8). A estimativa mediana dos economistas consultados pela Bloomberg é que o indicador aponte para a geração de 200 mil vagas, acompanhadas de aumento dos ganhos salariais. Para os analistas da Rosenberg, os dados devem pavimentar mais uma alta de juros pelo FOMC (Federal Open Market Committee) em dezembro. Ainda na maior economia do mundo, os investidores devem acompanhar atentos aos desdobramentos do pacote de reforma tributária do governo de Donald Trump. Os movimentos, no entanto, podem ser prejudicados pela notícia de que Michael Flynn, ex conselheiro nacional de segurança, declarou-se culpado por mentir no caso sobre conversas mantidas com autoridades russas e prometer contribuir com as investigações.

Na China, os dados da balança comercial e de inflação também podem mexer com os mercados. As falas de Mario Draghi, presidente do BCE (Banco Central Europeu) e de Haruhiko Kuroda, do BoJ (Bank of Japan) também são destaques na agenda semanal.

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.