Ibovespa cai mais de 2% e fecha abaixo de 71 mil pontos com petróleo ofuscando reforma ministerial

Petrobras caiu mais de 7% após resultado e com derrocada do petróleo no exterior

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Depois de marcar máxima em 72.838 pontos no início do pregão, o Ibovespa devolveu toda alta e virou para forte queda puxado pela derrocada de 7% das ações da Petrobras com o balanço do terceiro trimestre e a virada do petróleo no exterior. Por aqui, atenção fica com a reforma ministerial anunciada por Michel Temer.

O benchmark da bolsa brasileira fechou com forte queda de 2,28%, aos 70.824 pontos. Com isso, o índice já caiu 6.100 pontos desde 13 de outubro, maior fechamento da história, o que representa uma queda de cerca de 8% O volume financeiro ficou em R$ 11,077 bilhões. O dólar comercial, por sua vez, teve alta de 0,33%, cotado a R$ 3,3094 na venda, enquanto o dólar futuro com vencimento em dezembro saltou 0,91%, para R$ 3,315.

No exterior, o petróleo passou a cair forte durante a tarde, com o barril tipo WTI recuando 1,83%, a US$ 55,72, e o tipo Brent caindo 1,49%, para US$ 62,24. Em relatório divulgado hoje, a AIE (Agência Internacional de Energia) afirmou que o rali nos preços do petróleo pode ter vida curta e a demanda global por petróleo será mais modesta que o antes esperado neste ano e no próximo.

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A AIE cortou sua projeção para o crescimento da demanda em 100 mil barris por dia para 2017 e 2018. A agência espera agora que a demanda cresça 1,5 milhão de barris por dia neste ano e 1,3 milhão de barris por dia em 2018. A entidade notou que os preços do petróleo subiram cerca de 20% desde o início de setembro, em meio a problemas na oferta e tensões geopolíticas no Oriente Médio. Mas esses problemas mostraram-se temporários e “um novo olhar sobre os fundamentos” mostraria que “o equilíbrio do mercado em 2018 não parece tão restrito quanto alguns gostariam e não é na verdade um ‘novo normal”.

Enquanto isso, por aqui, os investidores ficam atentos a decisão de Temer em iniciar a reforma ministerial, movimento precipitado pela demissão de Bruno Araújo (PSDB) do Ministério das Cidades. A saída do tucano deu a largada para que Temer antecipe a reforma ministerial, que era muito cobrada pelo “centrão” como moeda de troca pelo apoio ao presidente contra as duas denúncias apresentadas por Rodrigo Janot.

Segundo o próprio Planalto, a “faxina ministerial” será concluída até meados de dezembro, lembrando que Temer pretendia fazer as mudanças apenas em abril do ano que vem, na composição com aliados que formarão alianças eleitorais com o PMDB.

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De acordo com o Estadão, dono da quarta maior bancada da Câmara com 45 deputados, o PP quer emplacar o atual presidente da Caixa, Gilberto Occhi, para a desejada pasta das Cidades, que tem como grande atrativo (e capital político para as eleições) o programa “Minha Casa, Minha Vida”. Além dessa fatia do bolo, a base aliada ainda quer a Secretaria de Governo do tucano Antônio Imbassahy, que mais de uma vez já revelou sua antipatia ao governo Temer, assim como a presidência do BNDES.

Com tudo esquematizado, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que foi um dos grandes apoiadores da reforma ministerial, acredita que os trabalhos para a votação do texto da Previdência serão iniciados já na próxima segunda-feira (20). A missão agora de Temer é reunir 308 votos para aprovação da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) na Câmara, justamente o objetivo da reforma ministerial, pois o governo estava sem capital político após “gastar todas as balas” com as duas denúncias de Janot.

Mesmo que mais enxuta, a reforma da Previdência tem um peso muito grande para o futuro da economia, pois, além de sinalizar o compromisso do governo com as contas públicas e evitar um rebaixamento do rating, garante a manutenção da política de cortes da Selic, como sinalizado na ata da última reunião do Copom. Além disso, como já disse o deputado Arthur Maia (PPS-BA), relator da reforma Previdência: “do que estava perdido, a metade é um grande negócio. É melhor conseguir que a Previdência, em vez de economizar R$ 800 bilhões, economize R$ 400 bilhões, do que não economizar nada”

Em vista deste cenário, os juros futuros com vencimento em janeiro de 2019 registraram alta de 1 ponto-base, cotados a 7,27%, enquanto os contratos de janeiro de 2021 avançaram 11 pontos-base, negociados a 9,51%.

Petrobras apresenta resultado abaixo do esperado

A Petrobras encerrou o terceiro trimestre com lucro líquido de R$ 266 milhões, revertendo assim o prejuízo de R$ 16,5 bilhões no mesmo período do ano passado. Contudo, o número ficou bastante abaixo dos R$ 3,56 bilhões de lucro que esperavam os analistas consultados pela Bloomberg.

Os diretores da companhia foram questionados mais de uma vez na coletiva realizada sobre o motivo para a linha final da companhia ficar tão abaixo do esperado. Segundo Ivan Monteiro, diretor de Relação com Investidores da estatal, foi uma combinação de itens não-recorrentes e uma perda de market share da empresa, que afetou suas margens.

A receita de vendas da companhia, por sua vez subiu de R$ 70,44 bilhões no terceiro trimestre de 2016 para atuais R$ 71,82 bilhões, ficando acima dos R$ 68,96 bilhões esperados pelo mercado. Já o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado ficou em R$ 19,22 milhões entre abril e junho deste ano.

Destaques do mercado

Do lado negativo, destaque para as ações da Petrobras, que reagem ao resultado abaixo do esperado pelo mercado no terceiro trimestre, enquanto os papéios da JBS (JBSS3) disparam justamente por apresentar números melhores do que as projeções dos analistas (veja mais aqui).

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.