Não era para ser bom? Wiz cai até 7% após novo acordo entre controladores; Kroton salta mais de 4%

Confira os principais movimentos das ações na B3, nesta sexta-feira (29)

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Depois de sete pregões seguidos em queda, o Ibovespa sinaliza uma sessão de recuperação nesta sexta-feira (29), acompanhando também o movimento positivo visto nas principais bolsas internacionais. Do lado acionário, a maior parte dos papéis da B3 operam no campo positivo. Vale lembrar que este é o último pregão do semestre, que pode trazer movimentos mais intensos por conta de mudanças nas carteiras de investimentos. Confira os principais destaques desta sessão:

Wiz (WIZS3, R$ 16,73, -7,06%)

Os papéis da companhia reagem à notícia de que a Caixa Seguridade e a CNP Assurances firmaram um memorando de entendimentos, não vinculante, para a formação de uma nova sociedade (Nova JV), que atuará nos ramos de seguro de vida, prestamista e previdência privada, com distribuição exclusiva na Caixa Econômica Federal. Em fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Caixa ressalta que um “novo veículo societário” será criado e que a exclusividade na distribuição vigorará de janeiro de 2018 até fevereiro de 2041. 

No âmbito do acordo entre as empresas, a CNP renunciará aos direitos de exclusividade da atual parceira entre as partes. A transação ainda está sujeita à negociação e assinatura de documentos definitivos, que passarão pelos órgãos de governança. O imbróglio sobre o acordo entre a CNP e a Caixa Seguridade vem mexendo com as ações da Wiz nos últimos meses. A principal fonte de receita da Wiz é a venda de produtos de seguros da Caixa Seguradora (uma joint venture entre a francesa CNP Assurances e a Caixa) atrelados aos produtos financeiros da Caixa e os investidores da companhia temiam que o contrato de exclusividade não fosse renovado em 2021.

O acordo, que apontava para ser positivo, leva a fortes quedas para a Wiz. Isso porque, segundo aponta o Bradesco BBI,  permanece incerto se a Wiz deve entrar ou na nova estrutura. Além disso, o novo acordo confirma os rumores sobre o plano da Caixa que dividiria as linhas de seguros entre os diferentes parceiros. “Nós ainda acreditamos que a Wiz adiciona valor ao negócio e que deve entrar em qualquer nova estrutura e, portanto, permanecemos otimistas com o nome, enquanto reconhecemos que a volatilidade dos preços das ações será alta”, afirmam os analistas do banco.
 

Santander (SANB11, R$ 27,52, +0,81%)
Os papéis do banco operam em alta na bolsa, acompanhando o movimento das ações de seus pares neste pregão, e ignorando informação de que a instituição seria investigada na Operação Zelotes. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, a denúncia é que o Santander Brasil teria contratado a Lupe Consultoria e Assessoria Ltda em 2013 com o propósito de identificar possíveis créditos tributários por compensações ou restituições não realizadas pelo Fisco.

De acordo com a publicação, o banco teria recebido R$ 83 milhões em créditos em três processos graças à atuação ilegal do auditor Eduardo Cerqueira Leite, já é investigado em outras denúncias da Zelotes. Após ter vencido os casos, o banco teria pago R$ 5 milhões à Lupe a título de “taxa de sucesso”. O advogado de Cerqueira Leite nega a prática de qualquer ilegalidade, enquanto o Santander afirmou que abriu mão dos benefícios “tão logo foi alertado pela Receita” sobre as suspeitas de irregularidades nas atividades da Lupe. 

O banco diz ter sido criterioso ao contratar a consultoria. Também informa não ter autorizado a participação de terceiros nas atividades constantes no contrato. 

Já em nota enviada ao Valor, o Santander disse que o contrato com a Lupe foi firmado “seguindo critérios rígidos de compliance, que comprovaram a não existência, à época, de qualquer fato que desabonasse a empresa ou seus sócios”. De acordo com o banco, os honorários pagos corresponderam à média de mercado para serviços daquela natureza.

 

Somos Educação (SEDU3, R$ 17,37, +0,99%) e Kroton (KROT3, R$ 19,95, +4,45%)
As ações do setor educacional reagem a uma nova movimentação importante no setor. Controlada pela gestora Tarpon, a Somos Educação está mais perto de ser vendida e a Kroton é, novamente, vista como a principal candidata a compradora, segundo informa a Coluna do Broad, do jornal O Estado de S. Paulo.

A Somos, que tem editoras e colégios, quer novos recursos e vinha cogitando dois caminhos: o primeiro era a busca de um novo sócio para investimentos em expansão; o segundo, que hoje está mais perto de acontecer na visão do mercado, é a venda. O principal negócio da Kroton é o ensino superior, mas a companhia tem considerado a possibilidade de mirar aquisições no ensino básico, em especial depois que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) barrou a fusão com a Estácio (ESTC3, R$ 31,26, +1,66%), cujos papéis acompanham o movimento positivo do setor neste pregão.

Ainda no noticiário das educacionais, a Anima (ANIM3, R$ 22,95, +3,75%) informou ao mercado que a base total das instituições de ensino mantidas por suas controladas é de 95,1 mil alunos. No segundo semestre de 2017, 13,5 mil novos alunos foram matriculados em cursos de graduação, um crescimento de 34,8% em relação ao mesmo período do ano passado. Excluindo a aquisição da Una Uberlândia, consolidada a partir de outubro de 2016, crescimento foi de 31,3% comparado ao mesmo período do ano anterior.

Embraer (EMBR3, R$ 17,87, -0,83%)
Os papéis da companhia operam em queda neste pregão. No noticiário, a Chorus Aviation anunciou a aquisição de dois aviões Embraer 195 que estão atualmente arrendadas pela Azul. Em outro comunicado, Chorus informou que uma subsidiária sua completou aquisição de aeronave 190 da Embraer, atualmente arrendada para a mexicana Aerolitoral. Os valores não foram revelados.

Também merece destaque a notícia de que o governo do Canadá será julgado pelos tribunais da OMC (Organização Mundial do Comércio) por conta dos subsídios que sua empresa, a Bombardier teria recebido nos últimos dez anos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo. O governo brasileiro acredita que sem as medidas de proteção, o programa C-Series da Bombardier simplesmente não teria sobrevivido.

Vale (VALE3, R$ 32,18, +1,35%; VALE5, R$ 29,60, +1,16%)
O mau desempenho dos preços do minério no mercado internacional não evitam um dia positivo para as ações da companhia neste pregão. No noticiário, a Vale concluiu o resgate de títulos com vencimento em 2019. Os títulos emitidos pela subsidiária Vale Overseas foram resgatados totalmente nesta quinta no valor total de principal de US$ 1 bilhão e realizou pagamento do montante do prêmio de acordo com termos da escritura de emissão, segundo comunicado divulgado pela Vale. A Vale também aceitou adquirir US$ 11,8 milhões em títulos com vencimento 2020; considerando também o valor ofertado antes da data de encerramento antecipada, total de títulos 2020 aceito pela Vale é de US$ 501,2 milhões.

A companhia ignora o movimento do minério. Os contratos da commodity spot (à vista) no porto de Qingdao (China) caíram 1,33%, fechando a US$ 62,05 a tonelada neste pregão. Já os contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dalian recuaram 0,87%, a 455 iuanes.

Petrobras (PETR3, R$ 15,97, +0,38%; PETR4, R$ 15,42, +0,52%)
Em dia misto para o petróleo no mercado internacional, os papéis da estatal apresentam leve avanço na bolsa. No noticiário, a companhia ampliou a confidencialidade para a venda no setor de fertilizantes. O prazo para assinatura de acordos de confidencialidade e demais declarações previstas para acessar as informações técnicas, legais e financeiras referentes ao processo de desinvestimento de 100% de participação na ANSA e na UFN-III será prorrogado para 13 de outubro de 2017, disse a estatal em comunicado ao mercado. A prorrogação de prazo acontece tendo em vista o interesse do mercado em participar do processo.

A Petrobras cortou em 2,1% o preço da gasolina e em 1,0% do diesel. Os preços são para as refinarias a partir de 30 de setembro, segundo informação no site da estatal.

Carrefour (CRFB3, R$ 15,76, +0,06%)
O empresário Abílio Diniz concedeu entrevista ao jornal Valor Econômico em que alfinetou a gestão anterior do Carrefour. Segundo Diniz, o grupo francês está no centro de um processo de mudança que deve colocá-lo em um novo rumo, fazendo dar um salto no negócio digital. “Eu disse no conselho [de administração] que nós temos que saber o tamanho da nossa ambição. Se nossa ambição é um pouco mais do mesmo ou melhor”, disse Abilio. A Península Participações, empresa da família Diniz, tem 12% das ações do grupo Carrefour no país e 8% no mundo.

Essa busca por mudanças exigiu a troca de comando mundial, com a saída, em julho, de Georges Plassat, e a entrada de Alexandre Bompard. Abilio diz que as dificuldades que a empresa passa têm relação direta com o ex-CEO, que resistia a certas transformações. “Para mudar a pessoa precisa querer e Plassat não queria”, diz. “Ele virou quase um mito no Carrefour. Ele pegou a empresa com a ação a €13 e levou a €26 e agora voltou a €17. Esse grande salto fez dele uma estrela, precisava ter cuidado para mexer”. Questionado pelo Valor sobre as falas de Diniz, Plassat não quis comentar as críticas, mas demonstrou irritação, segundo o jornal.

Multiplus (MPLU3, R$ 38,35, +1,83%)
Os papéis da companhia operam em alta nesta sessão. No noticiário, o conselho da empresa aprovou uma maior disponibilidade de voos internacionais com a Latam, mas mantendo os dois programas de fidelidade da Latam ainda separados. Os clientes da Multiplus terão acesso irrestrito aos voos da Latam Brasil e Latam Chile. A companhia também terá o direito de ser operadora exclusiva no Brasil, Paraguai, México, EUA e Europa (enquanto Latampass ficará com outros países da América do Sul). De acordo com o fato relevante, a implementação das mudanças será concluída no primeiro semestre do ano que vem.

Segundo o BTG Pactual, do ponto de vista estratégico, o anúncio é positivo para a Multiplus, que busca defender sua participação de mercado (com maior disponibilidade internacional). “Apesar de muito cedo para afirmar isso, alguns investidores podem acreditar que esse é o primeiro passo para uma integração total entre Smiles e Multiplus no futuro”, apontam os analistas.

Tivit

A CVM informou que a Tivit desistiu de oferta secundária de ações. A precificação da ação para o IPO seria definido nesta quinta-feira. 

BRF (BRFS3, R$ 45,94, +0,77%)
O Conselho da BRF aprovou o nome de Lorival Nogueira Luz Júnior para a diretoria financeira.

(Com Bloomberg e Agência Estado)

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.