Petrobras aportará R$ 6,3 bi em reestruturação da BR Distribuidora; “a hora das varejistas” e mais 10 notícias

Confira os destaques do noticiário corporativo desta sexta-feira (25)

Lara Rizério

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SÃO PAULO – A sexta-feira começa movimentada no noticiário corporativo, com a reestruturação societária da BR Distribuidora, a homologação do acordo de leniência da J&F pelo MPF, as recomendações do Santander para o setor de varejo, entre outras notícias. Confira os destaques desta sexta-feira (25):

Petrobras (PETR3;PETR4)

O Conselho da Petrobras aprovou reestruturação societária da subsidiária Petrobras Distribuidora (BR), que implicará aporte de capital e em cisão parcial da unidade, segundo comunicado. A Petrobras aportará R$ 6,3 bilhões na reestruturação. 

O recurso gerado pelo aporte de capital da Petrobras na BR será utilizado integralmente para o prepagamento de dívidas, contraídas anteriormente pela BR e garantidas pela Petrobras, segundo o comunicado. A operação de cisão parcial da BR consiste na separação dos recebíveis detidos pela BR decorrentes de Contratos de Confissão de Dívida (CCDs) com o Sistema Eletrobras que possuem garantias
reais e dos recebíveis detidos pela BR com outras sociedades do Sistema Petrobras. A parcela cindida será incorporada na Downstream Participações, subsidiária cujo capital social pertence integralmente à Petrobras e que será incorporada pela estatal. A operação não gera alteração relevante no patrimônio líquido da Petrobras e da BR.

As operações ainda estão sujeitas à aprovação pela Assembleia Geral de Acionistas da BR e pela reunião de sócios da Downstream, assim como à manifestação da Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais. A incorporação da Downstream ainda será objeto de deliberação pelos órgãos societários competentes. 
A Petrobras ainda reajustou o preço dos combustíveis nas refinarias, elevando o preço da gasolina em 1,2% e cortando o diesel em 0,7%. Os novos preços passarão a vigorar a partir de sábado (26).

Banco do Brasil (BBAS3)

O Conselho do Banco do Brasil aprovou pagamento de juros sobre o capital próprio  de R$ 212,5 milhões. O pagamento de remuneração aos acionistas, relativos ao terceiro trimestre de 2017, será feito em 29 de setembro e terá como base a posição acionária de 11 de setembro, segundo comunicado à CVM.

Cemig (CMIG4) e Eletrobras (ELET3)

Conforme aponta a Bloomberg em reportagem, o governo Michel Temer vê no leilão das usinas da Cemig seu maior teste para levar a cabo a venda da Eletrobras e ao menos duas subsidiárias, Furnas e Chesf, em razão da resistência política que vem sofrendo de parlamentares que não concordam com as desestatizações, disseram dois auxiliares presidenciais a par das discussões ouvidos pela Bloomberg.

Segundo estes auxiliares, se o governo ceder à bancada de Minas Gerais e desistir de leiloar as quatro hidrelétricas que tiveram seus contratos expirados (Jaguara, São Simão, Miranda e Volta Grande), ficará refém das exigências dos mesmos parlamentares que não querem a venda das subsidiárias da Eletrobras. Furnas e Chesf são loteadas há décadas por uma gama suprapartidária composta principalmente do PMDB, PSDB e PP. Furnas também vem sendo alvo de investigação por suposto esquema de corrupção, semelhante ao que ocorreu na Petrobras, com pagamento de propina a políticos por diretores da estatal
Grupo de parlamentares contrários à venda das estatais argumenta que o governo não pode vender patrimônio para pagar déficit fiscal. 

“Iremos até as últimas consequências para impedir a privatização de Furnas e da Cemig, vamos tentar inviabilizar judicialmente, politicamente e militarmente”, disse à Bloomberg o deputado Leonardo Quintão (PMDB-MG). O vice-presidente da Câmara e coordenador da bancada de Minas Gerais, Fábio Ramalho (PMDB), disse que se o governo desistir da privatização da Cemig, ajuda na defesa das demais concessões e venda de estatais. “São 53 deputados e todos estão fechados na questão da Cemig. A gente não concorda e já falei isso com o presidente Temer”, afirmou Ramalho.

O deputado Júlio Delgado (PSB-MG), do mesmo partido do ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, disse que depois da venda da Cemig e da Eletrobras, governo pode querer privatizar Petrobras, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal. “Setor estratégico como energia, nem em países como EUA e Japão é entregue ao capital privado como se quer fazer no Brasil”, afirmou. 

O deputado Marcus Pestana (PSDB) defendeu a venda da Eletrobras e subsidiárias, chamando de obsoleta a manutenção de estatais para manter cabides de emprego. “A Eletrobras é um manancial de ineficiência. Só existem quatro caminhos para resolver contas públicas: vender patrimônio, endividar-se, cortar as despesas ou aumentar impostos. Não há mágica”, disse o tucano, que atuou na privatização das teles no governo Fernando Henrique Cardoso. 

Ainda sobre a companhia, a Cemig teve aval do Cade para transferir as linhas de transmissão à Taesa. A operação aprovada sem restrições consiste na
transferência da totalidade das participações minoritárias detidas pela Cemig na Transleste, Transudeste e Transirapé à Taesa, segundo parecer publicado no Diário Oficial e no site do Cade. A operação envolve a aquisição de ativos correspondentes às linhas de transmissão de Montes Claros/Irapé, Itutinga/Juiz de
Fora e Irapé/Araçuaí. Segundo informações que constam do parecer, a transferência visa otimização da atual estrutura organizacional da Cemig para redução de custos e à ampliação dos níveis de retorno de seus acionistas. 

Bradesco (BBDC4)

Em evento realizado em São Paulo, o presidente do Bradesco Luiz Carlos Trabuco afirmou que as sinergias com o HSBC devem somar R$ 3,5 bilhões até o fim de 2018. Ele ainda falou sobre a conjuntura econômica, afirmando que a recessão de três anos foi um teste real de estresse. Para o executivo, a volta do crescimento é questão de “quando”, não de “se” e apontou que as privatizações e licitações serão motor do crédito. “O sentimento é de aumento da demanda e do volume de crédito. A retomada do crédito depende de retomada do investimento”.

Vale (VALE3)

O Conselho da Vale aprovou proposta de submeter aos acionistas proposta de conversão da totalidade das 307.140.096 ações preferenciais remanescentes em ações ordinárias, segundo fato relevante ao mercado. A mineradora disse que irá convocar assembleia para que os detentores de preferenciais deliberem sobre a proposta de conversão das ações remanescentes. Em outro comunicado, Vale convocou assembleia para 18 de outubro para preencher vagas no conselho

Oi (OIBR4)

O presidente da Anatel, Juarez Quadros, deu declaração ontem em Brasília após reunião do Conselho e afirmou que a proposta dos credores da Oi ainda não foi apresentada à agência. 

“Amanhã devemos eventualmente apreciar o que eles tenham colocado no protocolo. Se entrar hoje ou amanhã está nos nossas mãos. A questão que irá ao STJ é da Anatel ser ou não obrigada a participar da assembleia dos credores da Oi
Bondholders estão pedindo uma reunião e estamos apreciando a decisão”, disse ele.

Varejistas

Em relatório, o Santander afirmou ser o momento para comprar ações de varejistas. A redução da taxa de desemprego, inflação e taxa Selic mais baixas ajudarão as varejistas a continuarem apresentando resultados melhores na próxima temporada de balanços, diz Santander em relatório assinado por João Mamede. Varejistas mais ligadas ao ciclo econômico devem se beneficiar mais da melhora no cenário brasileiro.

Neste cenário, a Lojas Americanas (LAME4) continua a ser top pick do setor; Santander espera ganhos na lucratividade impulsionados por uma margem bruta saudável. O banco também gosta de B2W (BTOW3), que provavelmente continuará mostrando melhorias em sua geração interna de fluxo de caixa. Via Varejo (VVAR11), Hering (HGTX3) e IMC (MEAL3) foram elevadas de manutenção para Compra, considerando o momento operacional favorável e os múltiplos comerciais atraentes das ações. Já CVC (CVCB3) e Pão de Açúcar (PCAR4) tiveram recomendação reduzida de compra para manutenção, tendo em vista o potencial mais limitado para alta dos preços atuais das ações.

JBS (JBSS3)

O Ministério Público Federal (MPF) homologou o acordo de leniência firmado com o Grupo J&F, controlador da JBS, para que a empresa pague R$ 10,3 bilhões de multa e ressarcimento mínimo pelo esquema de corrupção envolvendo o pagamento de propinas a agentes públicos. O acordo foi assinado no início de junho pela Procuradoria da República no Distrito Federal e prevê a destinação de R$ 8 bilhões a órgãos públicos prejudicados pelos atos criminosos e o restante (R$ 2,3 bilhões) para o financiamento de projetos sociais.

O valor deverá ser pago ao longo de 25 anos e será corrigida pelo Índice de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA). Com isso, a previsão do Ministério Público é de que a multa, ao final, supere os R$ 20 bilhões.

A confirmação do acordo foi feita nesta quinta-feira (24) pela Câmara de Combate à Corrupção do Ministério Público Federal, que decidiu por unanimidade pela homologação. O argumento é de que os dados apresentados pela J&F são “esclarecedores” porque explicam como funcionava o esquema de corrupção. Para a subprocuradora-geral da República, Mônica Nicida Garcia, relatora do caso, a empresa trouxe “fatos novos” com elementos concretos que “permitirão a produção de provas nas esferas de responsabilização criminal, civil, administrativa e eleitoral”.

Atendendo a pedido dos procuradores responsáveis pelo acordo, a câmara do MPF decidiu também retirar o sigilo do acordo já que as próprias colaborações premiadas de executivos como Joesley Batista, Wesley Batista, Ricardo Saud e Francisco de Assis e Silva já se tornaram públicas. Ainda de acordo com o MPF, a partir da homologação do acordo começam a contar os prazos estabelecidos para o cumprimento de obrigações assumidas pela holding perante os investigadores.

Já a Reuters informa, citando fontes que, em reuniões com investidores em Nova York este mês, Wesley Batista sugeriu que ele está aberto a renunciar à presidência da JBS uma vez que ele tenha terminado de fechar alguns negócios que estão em sua agenda.  Batista também disse nas reuniões que ele é capaz de finalizar duas vendas de ativos e listar uma subsidiária de alimentos nos EUA no ano que vem, mas investidores estão cada vez mais céticos.

B3 (BVMF3)

Segundo afirmou o presidente da B3, Gilson Finkelsztain., um eventual fracasso do governo do presidente Michel Temer em tentar fazer aprovar a reforma da previdência ainda este ano certamente vai decepcionar o mercado e pode inviabilizar alguns IPOs (ofertas iniciais de ações) previstos para acontecer neste ano.

“Seria uma decepção se não sair pelo menos uma reforma pequena”, disse ele a jornalistas antes da abertura do 8º Congresso Internacional de Mercados Financeiro e de Capitais, em Campos do Jordão (SP). A B3 vê “mais de dez” empresas analisando ofertas para as próximas janelas. 

Usiminas (USIM5)

O Conselho de Administração da Usiminas aprovou termo vinculante que prevê alterações no contrato de fornecimento com a Musa (Mineração Usiminas). De O novo acordo prevê a redução do volume de minério que a companhia está obrigada a adquirir da controlada, passando de 4 milhões de toneladas para 2,3 milhões de toneladas anuais de minério de ferro.

Minerva (BEEF3)

Com o maior rebanho mundial e ocupando o segundo lugar em produção e exportação de carne bovina, o Brasil tem agora o desafio de melhorar a qualidade do produto, segundo o gerente de Inteligência de Mercado da Minerva Foods, Leonardo Alencar. “O aumento de produção tem que vir com ganho de qualidade. Sem ganho de qualidade, há o risco de termos que comer mais e mais, porque os países lá fora não vão querer comprar nossa carne”.

A Minerva Foods é uma das empresas líderes na América do Sul na produção e comercialização de carne bovina. Alencar participou do 5º Fórum de Agricultura da América do Sul, promovido pelo Agronegócio Gazeta do Povo, em Curitiba.

A qualidade da carne brasileira voltou a ser discutida desde a Operação Carne Fraca, deflagrada pela Polícia Federal, que denunciou a comercialização de carne adulterada no mercado interno e externo. O maior rigor de outros países em relação à carne brasileira levou recentemente à suspensão das importações de carne fresca pelos Estados Unidos (EUA). O Brasil havia conseguido abrir esse mercado após 17 anos de negociação.

“O mercado internacional conhece a carne do Brasil, sabe que é competitiva e de qualidade, mas o ponto principal [que faz com que compre a carne brasileira] ainda é a competitividade, mais que a qualidade”, diz o gerente.

 

(Com Bloomberg, Agência Brasil e Agência Estado)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.