Ibovespa firma alta com duas boas surpresas e renova máxima em 6 anos

Índice de preços aponta inflação de 0,35% em agosto, enquanto economistas esperavam avanço de 0,40%

Rafael Souza Ribeiro

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SÃO PAULO – Depois de subir 2% e superar a faixa de 70 mil pontos, esperava-se por uma correção do Ibovespa nesta quarta-feira (23) após a abertura em queda do Ibovespa Futuro, mas o mercado segue com seu momentum positivo e às 11h51 (horário de Brasília) sobe 0,64% aos 70.460 pontos, deixando para trás a máxima do pregão passado em 70.278 pontos. Esse otimismo está relacionado com a derrocada dos DIs e os sinais positivos vindos do governo, como também a queda inesperada dos estoques de petróleo nos EUA, que impulsiona as ações da Petrobras (PETR3; PETR4) (veja aqui).

Espaço para queda da Selic
Os juros futuros com vencimento em janeiro de 2019 registravam baixa de 7 pontos, cotados a 7,96%, enquanto os contratos de janeiro de 2021 recuavam 8 pontos, negociados a 9,39%, em vista do IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15) abaixo do esperado em agosto, revelando que ainda há espaço para o Banco Central seguir com o ritmo de corte da Selic.

O índice, que é considerado um prévia da inflação oficial, registrou aceleração de 0,35% em agosto e ficou abaixo do esperado pelos economistas, que projetavam inflação de 0,40%. Nos 12 meses encerrados em agosto, o IPCA-15 desacelerou de 2,78% para 2,68%, mantendo-se abaixo do piso da meta de 3%. 

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De acordo com Paulo Petrassi, sócio da Leme Investimentos, o resultado revela que a inflação permanece comportada e dá segurança para o Copom seguir com o compasso de corte de 100 pontos-base da taxa básica de juros nas reuniões de setembro e outubro, o que levaria a Selic neste ano para 7,25%. Segundo Petrassi, “se a política não atrapalhar”, fazendo menção à confusão ontem na votação da TLP (Taxa de Longo Prazo) com senadores da oposição e José Serra, os juros futuros devem seguir em queda.

Na mesma linha, Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset, acredita que os DIs devem manter o compasso de correção diante do avanço da agenda política, o que inclui a aprovação da TLP e uma versão mais enxuta da Reforma da Previdência. Sem o “freio” da política e a economia ainda mostrando dificuldades para iniciar uma recuperação consistente, Vieira projeta que a Selic pode chegar em 6,5% no ano que vem.

Sinais positivos do governo
Depois da desestatização da Eletrobras, a União deve anunciar novas concessões nesta quarta-feira e isso anima o mercado, pois mostra o compromisso do governo na busca de receitas para cumprir as metas fiscais. Às 14h30, o Conselho do PPI (Programa de Parcerias de Investimentos) deverá anunciar um pacote de 58 projetos que serão colocados à venda ou concedidos ao setor privado na expectativa por investimentos de pelo menos R$ 44 bilhões, sendo que metade deste valor deverá ingressar nos primeiros cinco anos nas contas públicas.

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Além disso, o governo deve ter sucesso na votação da TLP na CMO (Comissão Mista de Orçamento), após confusão entre senadores da oposição e José Serra (PSDB-SP) atrasarem o andamento da pauta na última terça-feira (22). Segundo a LCA Consultores, a forte reação da base aliada à decisão de adiamento da sessão do por Lindbergh sugere que são boas as chances de vitória na comissão: “o próximo desafio será conseguir junto ao presidente da Câmara Federal, Deputado Rodrigo Maia, que este parecer seja votado ainda hoje no plenário da Casa”, afirma a consultoria.

Cenário político

A quarta-feira também promete ser movimentada no Congresso. Após várias tentativas de votação na última terça-feira, a análise da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) 77/03, que altera o sistema político-eleitoral brasileiro, foi novamente adiada por falta de consenso. A proposta será analisada no plenário da Câmara dos Deputados nesta manhã. 

O texto do relator, deputado Vicente Candido (PT-SP), prevê um fundo com recursos públicos para financiar as campanhas eleitorais e o voto distrital misto a partir de 2022. O próprio partido de Candido tem propostas para alterar a PEC, como a diminuição dos custos de campanhas eleitorais e a rejeição do chamado “distritão”, modelo que prevê a adoção de sistema majoritário para eleição de deputados federais e estaduais em 2018 e para vereadores em 2020.

Já no noticiário “político-policial”, dois destaques. Em primeiro lugar, a  PF (Polícia Federal) concluiu que não houve crime de obstrução de justiça na indicação do ministro Marcelo Ribeiro Navarro Dantas ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) por parte da ex-presidente Dilma Rousseff em 2015. A constatação faz parte do relatório final da PF sobre um inquérito que tramita em segredo de justiça no STF (Supremo Tribunal Federal) e investiga se houve, na indicação de Navarro por Dilma, algum tipo de articulação para barrar a Lava Jato, por meio da atuação do ministro no STJ. A PF cumpre nesta manhã quatro mandados de busca e apreensão na 45ª fase da Operação Lava Jato nas cidades de Salvador, Brasília e Cotia, em SP, na chamada Operação Abate II. Segundo nota da PF, foi identificada a participação de “novos interlocutores que atuaram junto a Petrobras para favorecer a contratação de empresa privada e remunerar indevidamente agentes públicos”.

Bolsas mundiais

Nos EUA, as bolsas recuam após Trump voltar a provocar tensão no mercado. Em comício em Phoenix, no estado do Arizona, o presidente americano falou em shutdown, fez duras críticas a imprensa de seu país, defendendo-se de acusações de racismo, na esteira da manifestação violenta de supremacistas brancos em Charlottesville. Trump afirmou também que não acha que seu país poderá fechar um acordo sobre a renegociação do Nafta com o Canadá e o México.

As bolsas da Ásia e do Pacífico, por sua vez, fecharam sem direção única pelo terceiro dia seguido nesta quarta-feira, com a cautela prevalecendo antes da conferência anual do Federal Reserve de Jackson Hole. Os investidores estão à espera de discursos que os presidentes do Fed, Janet Yellen, e do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, farão durante o simpósio do BC americano em Jackson Hole (Wyoming), na sexta-feira (25). 

No mercado de commodities, o petróleo sobe após a queda inesperada dos estoques de petróleo nos EUA. Segundo o Departamento de Energia, os estoques de petróleo no país caíram em 3,3 milhões de barris na semana encerrrada em 18 de agosto, para 463,2 milhões de barris. A expectativa era queda de 3,4 milhões no período.

Às 11h41, este era o desempenho dos principais índices:

*S&P 500 (EUA) -0,27%

*Dow Jones (EUA) -0,23%

*Nasdaq (EUA) -0,35%

*CAC-40 (França) -0,38%0

*FTSE (Reino Unido) -0,06%

*DAX (Alemanha) -0,39% 

*Hang Seng (Hong Kong) -0,08% (fechado)

*Nikkei (Japão) +0,26% (fechado)

*Petróleo WTI +0,65%, a US$ 48,14 o barril

*Petróleo brent +0,66%, a US$ 52,21 o barril

*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dalian -3,82%, a 579 iuanes