Petrobras vai à máxima do dia após surpresa com petróleo; Eletrobras cai 5% e Cemig salta 12% em 2 dias

Confira os principais destaques de ações da bolsa desta quarta-feira

Paula Barra

(Bloomberg)

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Confira abaixo os principais destaques da bolsa nesta sessão:

Eletrobras (ELET3, R$ 20,16, -4,91%; ELET6, R$ 22,93, -2,63%)

Após subirem 50% ontem com a proposta de desestatização, as ações da Eletrobras passam por correção nesta quarta-feira. 

No radar de hoje, segundo fontes ouvidas pela Bloomberg, a  definição da modelagem para a privatização da Eletrobras já está avançada e governo deve optar pela chamada “descotização” das usinas. Sob um processo de descotização, para a Eletrobras manter a concessão das usinas, a empresa poderia fazer uma emissão de ações com o objetivo de captar recursos para pagar o direito à União. A oferta de ações seria primária, para diluir a fatia do governo para abaixo de 50%. Caso a oferta primária não seja suficiente para a diluição, ocorreria também uma oferta secundária. A decisão da Eletrobras pela descotização, a ser incluída na reforma do setor elétrico, depende da aprovação do Congresso, segundo a fonte.

No caso da desestatização da empresa ser acompanhada por descotização, o governo tem resultado primário, influenciando a meta fiscal, disse Eduardo Guardia, secretário Executivo do Ministério da Fazenda, a jornalistas em Brasília Num eventual pagamento da descotização, os recursos seriam distribuídos entre o governo, a empresa e o consumidor, segundo Guardia. O valor da receita que o governo teria ainda não é conhecido, disse ele. 

A Bloomberg ainda informa sobre os bastidores da decisão do governo sobre a privatização, afirmando que  o presidente Michel Temer bateu o martelo sobre a privatização da Eletrobras na semana passada, quando pediu ao ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, e ao presidente da estatal, Wilson Ferreira Júnior, que finalizassem a proposta. A definição foi feita em menos de 10 dias.

o jornal Valor Econômico informa que há quase unanimidade na base aliada do governo favorável à privatização da Eletrobras, desde que Furnas e Chesf fiquem fora do negócio. “Furnas é um símbolo de Minas Gerais”, disse o deputado Marcus Pestana (PSDB-MG). “Fui contra em 1997 e sou contra, outra vez, à privatização da Chesf”, disse o deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA), que foi presidente da companhia. Enquanto isso, a Folha de S. Paulo ressalta que o governo quer estabelecer limite para sócios na Eletrobras, numa tentativa de incentivar a pulverização do capital da companhia em vez da simples transferência do controle para um novo dono. 

Por fim, destaque para a entrevista do presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Júnior, ao jornal O Globo. Ele afirmou que o processo de reestruturação continua e  avalia que a decisão de privatizar a companhia deve ajudar o Plano de Demissão Voluntária, que tem meta de adesão de 2.500 empregados. Ao ser questionado sobre quando ocorrerá a privatização, Ferreira afirmou que há um procedimento longo para virar realidade, idealmente até o fim do primeiro semestre de 2018. “Não vamos parar a Eletrobras. As iniciativas continuam porque isso vai valorizar a companhia. A empresa não será vendida a preço de banana”, afirmou.

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Petrobras (PETR3, R$ 14,31, 0,0%;PETR4, R$ 13,85, +0,44%)

As ações da Petrobras vão para a máxima do dia após dados de estoques de petróleo dos Estados Unidos. No mesmo momento, os contratos do Brent, negociados em Londres, subiam 0,08%, a US$ 47,87 o barril, enquanto os contratos do WTI, cotados em Nova York, registravam alta de 0,25%, a US$ 52,00 o barril. 

Segundo o Departamento de Energia, os estques de petróleo dos EUA caíram em 3,3 milhões de barris na semana encerrrada em 18 de agosto, para 463,2 milhões de barris. A expectativa era queda de 3,4 milhões no período. Enquanto isso, os estoques de gasolina recuaram em 1,2 milhões de barris. Ontem, o American Petroleum Institute reportou crescimento de 1,4 milhões de barris de gasolina na semana, contra média das expectativas compiladas pela Reuters de queda de 643 mil barris. 

decidiu reduzir o preço da gasolina em 0,3% e subir do diesel em 1,7% nas refinarias a partir da próxima quinta-feira (24). A nova política de revisão de preços foi divulgada pela petroleira no dia 30 de junho. Com o novo modelo, a Petrobras espera acompanhar as condições do mercado e enfrentar a concorrência de importadores.

Em vez de esperar um mês para ajustar seus preços, a Petrobras agora avalia todas as condições do mercado para se adaptar, o que pode acontecer diariamente. Além da concorrência, na decisão de revisão de preços, pesam as informações sobre o câmbio e as cotações internacionais.

Ainda sobre a Petrobras, na esteira da notícia da privatização da Eletrobras, a ex-presidente do Conselho da companhia de energia e ex-diretora de privatização do BNDES na era FHC, Elena Landau, saudou a decisão de desestatizar a elétrica e sugeriu que se fizesse o mesmo com a Petrobras.  “Começou nova onda de privatizações que, sinceramente, espero que chegue perto da Petrobras”, torce a economista, disse ela à colunista Sonia Racy, do jornal O Estado de S. Paulo. É politicamente possível aprovar a venda? “Ninguém, 15 dias atrás, imaginaria que a Eletrobrás seria desestatizada”, afirmou. 

Vale (VALE3, R$ 31,90, +0,09%; VALE5, R$ 29,53, -0,34%)
As ações da Vale e Bradespar (BRAP4, R$ 24,19, -0,21%) – holding que detém participação na mineradora – operam em leves perdas e ganhos, apesar da forte queda do minério de ferro nesta quarta-feira. Os contratos futuros da commodity negociados na bolsa chinesa de Dalian caíram 3,82%, a 579 iuanes, enquanto o minério cotado no porto de Qindao, na China, afundou 5,1% no overnight, voltando para os US$ 75,30 a tonelada.

O movimento ocorre após canais oficiais apontarem que a Suprema Procuradoria do Povo (SPP, na sigla em inglês) da China pediu investigações sobre atividades criminosas nos mercados financeiros – especialmente envolvendo futuros -, desencadeando uma forte correção nos futuros ferrosos, que também pressionou os preços spot da commodity.  

Cemig (CMIG4, R$ 8,87, +3,14%)

As ações da Cemig sobem 12% em dois pregões, na esteira da proposta de desestatização da Eletrobras (entenda aqui) e em meio às notícias de que a empresa segue tentando manter suas usinas. 

Segundo informações do jornal O Globo, na tentativa de levantar recursos para renovar os contratos de três usinas hidrelétricas que o governo federal quer leiloar, a diretoria da Cemig se reuniu ontem com representantes do BNDES em busca de um empréstimo de R$ 6,2 bilhões. Segundo interlocutores que participaram da reunião ouvidos pelo jornal, o BNDES estaria disposto a buscar uma solução para financiar a empresa diretamente ou via BNDESPar. A estatal pressiona a União a dar-lhe preferência para ficar com esses ativos, mas a equipe econômica insiste em fazer uma concorrência com vários agentes privados, na qual espera obter pelo menos R$ 11 bilhões para conseguir fechar as contas de 2017.

Ainda sobre o imbróglio das usinas, o Estadão informa que a usina hidrelétrica de Jaguara, administrada pela Cemig, deverá ser incluída hoje no programa de concessões do governo. Segundo o ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, Wellington Moreira Franco, ela constará da pauta da reunião do Conselho do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), que se reúne para definir uma nova leva de empreendimentos para oferecer à iniciativa privada. Entre eles estará também a privatização da Eletrobras. Das quatro usinas da Cemig com contrato vencido, três já estão na lista de leilões do PPI. Faltava Jaguara, cujo destino ainda está em discussão no Supremo Tribunal Federal (STF), com boas perspectivas de vitória do governo federal.

Aviação 
A Comissão de Serviços de Infraestrutura do Senado discutiu, em audiência pública, o Projeto de Resolução 55/2015, que fixa a alíquota máxima de 12% para a cobrança de ICMS sobre o querosene de aviação (QAV). Caso seja aprovada, a nova alíquota do ICMS sobre o combustível permitirá a criação de 74 novos voos diários no País, diz a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear). De acordo com o projeto, as alíquotas de ICMS aplicadas para o QAV no País variam entre 3% e 25%, sendo que existe diferenciação na carga tributária até mesmo entre aeroportos de uma mesma unidade da federação.

Na bolsa, as ações da Gol (GOLL4, R$ 10,09, -1,08%) e Azul (AZUL4, R$ 26,37, -1,24%) operam em queda. 

Construtoras

O texto final da Medida Provisória que regulamentará os distratos – nome dado à rescisão dos contratos de compra e venda de imóveis negociados na planta – já foi aprovado pelos ministérios do Planejamento, Fazenda e Justiça e chegou à Casa Civil, onde terá a validação final antes de seguir para a Presidência da República e o Congresso. O tema distratos, diz a equipe de análise da XP Investimentos, está bem encaminhado e a notícia é positiva para o setor. Contudo, as ações têm reação apática na bolsa hoje. 

Segundo informou ao Broadcast o Ministério da Justiça, o texto está sujeito a mudanças nas próximas etapas de sua tramitação, mas já conta com uma série de diretrizes estabelecidas. Entre elas, a nova regra prevê que o consumidor terá direito de arrependimento pela compra de imóveis realizada em estandes no prazo de sete dias, com a devolução de 100% do valor pago.
Também está prevista a possibilidade de distrato por iniciativa das construtoras para os casos em que o consumidor acumula pelo menos 3 prestações em atraso. Nessas situações, a empresa pode dissolver o negócio e reter 30% do valor pago pelo consumidor, desde que não ultrapasse o limite de 10% do valor do imóvel, além da comissão de corretagem.

CSN (CSNA3, R$ 7,97, -1,24%)

A agência de classificação de risco Standard & Poor’s (S&P) rebaixou hoje o rating em escala global da Companhia Siderurgica Nacional (CSN) de CCC+ para CCC. O rating em escala nacional também foi rebaixado de brB para brCCC. Os ratings ainda foram colocados na observação com implicações negativas.

Em relatório, a S&P afirma que “consideráveis vencimentos da dívida ao longo dos próximos dois anos vão continuar a pressionar a liquidez da CSN, enquanto as incertezas oriundas dos atrasos na divulgação das declarações financeiras auditadas de 2016 e 2017 aumentam a aceleração da dívida e os riscos de refinanciamento da dívida”.

A S&P ainda afirma que a inclusão do rating na observação negativa reflete o aumento da probabilidade de um rebaixamento da CSN nos próximos 90 dias, caso a empresa não seja capaz de reduzir as pressões na liquidez.

Gerdau (GGBR4, R$ 11,33, -0,26%)

 A holding Metalúrgica Gerdau adquiriu 80,35% das ações ordinárias da Gerdau, no âmbito de uma oferta pública por meio da permuta por ações preferenciais da siderúrgica. No leilão, a Metalúrgica Gerdau comprou 70.714.542 ações ordinárias da Gerdau, que foram trocadas na proporção de uma para uma por ações preferenciais da mesma companhia.

“Tendo em vista que o número de ações adquiridas pela ofertante no leilão supera o montante mínimo de dois terços das ações em circulação, a liquidação da OPA ocorrerá em 25 de agosto”, disseram as companhias. 

JBS (JBSS3, R$ 8,19, +1,87%)

Segundo a coluna do Broad, do jornal O Estado de S. Paulo, investidores da JBS receberam recomendação de votarem favoravelmente pelas propostas apresentadas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que incluem o afastamento de Joesley e Wesley Batista da companhia, após a explosiva delação dos executivos, em maio. A Assembleia Geral Extraordinária (AGE) da JBS ocorrerá na semana que vem. O ISS (Institutional Shareholder Services), uma empresa especializada em orientar votos de acionistas de companhias abertas, recomendou também que os minoritários decidam processar os executivos e, ainda, que se posicionem contra o aumento da remuneração da administração.

Ainda sobre a JBS, a sua controladora, a J&F, quer acertar as contas com o governo federal, diz o Valor. De acordo com o jornal, representantes do grupo procuraram recentemente o Ministério da Transparência, Fiscalização e Controladoria-Geral da União (CGU) dispostos a negociar um acordo de leniência. As conversas, segundo O JORNAL, já estão em andamento e prometem inaugurar uma nova etapa das discussões sobre os acordos previstos na Lei Anticorrupção. Diferentemente das outras empresas que tentaram a leniência até hoje, a J&F não fornece produtos ou serviços ao governo, ou seja, não poderia ser enquadrada por fraude à licitação. O grupo dos irmãos Wesley e Joesley Batista irá responder à CGU por supostas vantagens auferidas por meio de empréstimos de instituições financeiras federais, sobretudo o BNDES.

BTG Pactual (BBTG11, R$ 15,01, 0,0%)

O BTG Pactual fechou acordo com a Evli Fund Management para fornecer as ofertas da empresa nórdica a clientes institucionais em toda a América Latina. O BTG venderá os produtos no Brasil, no Chile, no Peru, na Colômbia, no México e no Uruguai, de acordo com Ignacio Pedrosa, chefe de distribuição a terceiros no BTG. As principais estratégias e conhecimentos da Evli estão em títulos corporativos europeus, ações globais e nórdicas e fundos de fronteira e fatores. “Eles só gerenciam estratégias em classes de ativos onde eles 
acreditam que podem vencer o benchmark”, disse Pedrosa em uma entrevista na terça-feira. O acordo com a Evli, que supervisiona US$ 13,6 bilhões, segue um negócio com BTG anunciado em 19 de julho com a Gávea Investimentos, fundada pelo ex-presidente do BC Arminio Fraga, para oferecer seus investimentos a clientes institucionais na América Latina. O banco fechou acordo semelhante com a Reliance Asset Management Singapore em 5 de julho. 

Unipar (UNIP6)

Segundo o Valor, a OPA (oferta pública de aquisição) para fechamento de capital da Unipar Carbocloro, marcada para hoje, deve fracassar, após um movimento coordenado de acionistas minoritários que não concordaram com o preço oferecido pelo controlador. À espera da operação e diante de manifestações públicas de sócios insatisfeitos com os termos da oferta, as ações da companhia mais que dobraram de valor  desde o início do ano.

Eternit (ETER3, R$ 1,10, -5,17%)

 A Eternit  informou que foi condenada pela 1ª Vara Federal de Vitória da Conquista (BA) nesta terça-feira (22) ao pagamento de R$ 500 milhões por danos morais coletivos contra sua subsidiária Sama. O processo foi feito pelo Ministério Público Federal e pelo Ministério Público do Estado da Bahia contra a controlada, os municípios de Bom Jesus da Serra, Caetanos e Poções, o Estado da Bahia e a União Federal.

A ação se refere à mina de São Felix, onde a Sama encerrou formalmente as suas atividades em 1967, segundo a Eternit. A condenação, em primeira instância, envolve indenização por danos morais coletivos no valor de R$ 500 milhões e por danos individuais que teriam sido sofridos por 11 pessoas identificadas em perícia, incluindo pagamento de R$ 150 mil a títulos de danos morais individuais.

Além disso, foi decidido, como indenizações às famílias, a inclusão em plano de saúde, fornecimento de medicamentos e equipamentos necessários ao tratamento da doença, pagamento de danos materiais que vierem a ser oportunamente comprovados e pagamento de pensão no valor de um salário mínimo e meio, mensal e vitaliciamente.

A sentença também decretou indisponibilidade dos bens do ativo não circulante e bloqueio dos valores auferidos a título de lucro da Sama. A Eternit afirma que a chance de êxito da ACP foi mantida como possível por seus assessores jurídicos e a avaliação quanto à chance de perda na magnitude expressa na sentença é considerada remota.

“A esse respeito, aliás, a Eternit entende importante o registro feito pelos seus assessores jurídicos, no sentido de que: o valor fixado a título de dano moral coletivo pela sentença é incompatível com os parâmetros estabelecidos por nossos tribunais e, ademais, com a prova dos autos; de todo modo o pagamento relativo ao dano moral coletivo não será realizado pela Sama neste momento, na medida em que a decisão está sujeita à interposição de recurso dotado de efeito suspensivo; e as verbas arbitradas na sentença para as indenizações individuais deixaram de levar em consideração transações realizadas e judicialmente homologadas com a maior parte das pessoas identificadas em perícia como elegíveis ao seu recebimento”, disse a empresa.

A Eternit informou ainda que tomará todas as medidas legais que estiverem ao seu alcance para reverter a decisão nas instâncias superiores.