Kroton dispara e Estácio recua: o que o mercado está precificando após o veto do Cade?

Diferença de desempenho entre as empresas está ligada ao fechamento do prêmio e a preferência pela líder do mercado

Rafael Souza Ribeiro

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SÃO PAULO – A decisão do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) em vetar a fusão entre Kroton (KROT3) e Estácio (ESTC3) deu a uma das maiores novelas do mercado de fusões e aquisições brasileiro um desfecho melancólico, diferente do famoso “e viverem felizes para sempre”. Porém, essa separação parece ter feito bem para Kroton.

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Desde o dia 28 de junho, quando os membros iniciaram a votação da fusão, as ações ordinárias da Kroton subiram cerca de 12,5%, considerando a cotação coletada às 15h17 desta sexta-feira (30), encaminhando para fechar o mês com alta de 2%. Utilizando a mesma métrica, as ações ordinárias da Estácio apresentam queda de 1%, postulando para encerrar junho com queda de 16%. Essa diferença de desempenho desde o veto pode ser explicada basicamente dois motivos: i) prêmio entre as empresas; ii) preferência do mercado por Kroton.

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1 para 1
Antes do dia 20 de junho, quando foram iniciados os rumores do veto da fusão pelo Cade, as ações da Estácio fecharam a segunda-feira (19) aos R$ 17,01, enquanto Kroton encerrou o dia em R$ 14,41, ou seja, o mercado estava pagando um prêmio de 18% por Estácio, ainda abaixo dos 28% estipulados na oferta de compra — essa diferença de 10% era o risco que o mercado colocava da operação não ocorrer.

Então, a partir do dia 28 de junho, esse gap de preço começou a ser fechado, uma vez que Kroton está sendo cotada (às 15h17, horário de Brasília) a R$ 14,79 e Estácio negociada a R$ 14,61, ou seja, praticamente de 1 para 1, que é justamente o tratamento que o mercado está dando para as empresas depois do veto do Cade.

Preferência por Kroton

O segundo motivo está relacionado à preferência do mercado por Kroton em relação a Estácio. Antes da abertura de quinta-feira (pós-veto), três grandes bancos de investimento rebaixaram a recomendação para as ações Estácio: JPMorgan, Credit Suisse e HSBC. No caso de Kroton, os analistas “pegaram mais leve”: Bradesco seguiu com recomendação “neutra” para as ações e o HSBC reduziu para manutenção, enquanto Credit Suisse e Bank of America Merrill Lynch seguiram com recomendação “outperform” (similar à compra). 

Para os analistas do Credit Suisse, a companhia tem um grande potencial sozinha e seguirá apresentando bons resultados, mantendo sua posição de liderança. Inclusive, para o time do banco suíço, o principal caminho que a empresa deve tomar é o crescimento orgânico, a fim de se preparar para um maior nível de competição no EAD. Não por um acaso, reforçaram compra para a empresa, destacando que o papel está em um nível de preço atrativo para compra.

O atraente risco retorno das ações também foi frisado pelos analistas do Bank of America, que destacam que ainda existem ganhos de eficiência à capturar, como a implantação do KLS 2.0 (modelo acadêmico de ensino à distância implementada pela Kroton) e outras iniciativas de modelos acadêmicos até 2019, além da sólida posição de caixa que dá tranquilidade para novos investimentos.