Índice Brazil Titans 20 fecha em queda e sinaliza abertura negativa para Petrobras, bancos e siderúrgicas na B3

Investidores digerem decisão do Federal Reserve na véspera e do Bank of England, além do noticiário político movimentado nos Estados Unidos

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Em dia sem atividades na bolsa brasileira por conta do feriado de Corpus Christi, o índice Brazil Titans 20, que reúne os principais ADRs (American Depositary Receipt) de empresas nacionais negociados em Wall Street, fechou em queda de 0,97%, a 18.852 pontos, seguindo o movimento dos principais mercados internacionais, mas em leve recuperação em relação aos patamares verificados durante boa parte do dia.

Conduziram o movimento negativo do benchmark os papéis da Petrobras (PETR3; PETR4), de instituições financeiras como Itaú Unibanco (ITUB4) e Bradesco (BBDC3; BBDC4), além da Vale (VALE3; VALE5) e siderúrgicas. Entre os principais ADRs de empresas brasileiras, somente os papéis de Oi (OIBR4), BRF (BRFS3) e Embraer (EMBR3) encerraram o dia no campo positivo.

* Os valores são em US$

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Além de digerirem a decisão do Federal Reserve de elevar os juros norte-americanos em 25 pontos-base na véspera e sinalizar somente mais uma elevação na taxa neste ano e uma redução gradual no balanço de pagamentos, os investidores também acompanharam com atenção a agenda de indicadores econômicos globais e a decisão de política monetária do Bank of England, que manteve, com divergência entre os diretores, a taxa de juros local no menor nível da história. 

Confira ao que se atentar neste feriado:

Bolsas mundiais

O dia foi de baixa para os principais mercados acionários europeus, com os investidores digerindo as decisões de política monetária anunciadas pelo Federal Reserve, ontem nos Estados Unidos, e do Bank of England nesta manhã. Enquanto o primeiro elevou a taxa de juros locais em 25 pontos-base e sinalizou mais uma elevação até o fim deste ano, além de reduções graduais no balanço de pagamentos herdado da política de Quantitative Easing, o outro manteve a taxa de juros na mínima histórica de 0,25% e o programa de compras de bônus soberanos em 435 bilhões de libras. Vale destacar, no entanto, que três de oito dirigentes da instituição votaram por uma elevação nos juros locais. Logo após o dado britânico, a libra tocou a mínima do dia, a US$ 1,2704.

O dia também contou com os dados do varejo no Reino Unido (ver detalhes abaixo), que vieram abaixo do esperado e pressionam as ações do setor no mercado acionário, assim como o resultado da balança comercial da Zona do Euro. Nos Estados Unidos, a queda se deu sobretudo pela pressão das ações do setor de tecnologia. Os papéis de Facebook, Amazon, Apple, Netflix e Alphabet se destacam entre as principais baixas do pregão. Na maior economia do mundo, também uma série de indicadores econômicos atraiu a atenção dos investidores (ver detalhes também abaixo).

Cautela também foi vista nos mercados asiáticos, com os investidores atentos à segunda elevação de juros do Fed neste ano. No noticiário local, o banco central japonês iniciou os dois dias de reuniões para decisão de política monetária local. Já na China, o Banco do Povo (PBoC, na sigla em inglês) injetou o montante líquido de 90 bilhões de yuans no mercado financeiro, por meio de operações no mercado aberto, a fim de reduzir o estresse na liquidez, horas após o anúncio da decisão do Fomc nos EUA. O PBoC injetou 50 bilhões de yuans por meio de operações de recompra reversa de 7 dias, 40 bilhões de yuans por meio de acordos de recompra reversa de 14 dias e 60 bilhões por meio de acordos de recompra reversa de 28 dias, enquanto 60 bilhões de yuans em acordos anteriores de recompra reversa venceram.

Este foi o desempenho dos principais índices globais:

*Dow Jones (EUA) -0,07% (fechado)

*S&P 500 (EUA) -0,22% (fechado)

*Nasdaq (EUA) -0,47% (fechado)

*FTSE 100 (Reino Unido) -0,74% (fechado)

*CAC-40 (França) -0,50% (fechado)

*DAX (Alemanha) -0,89% (fechado)

*Xangai (China) +0,06% (fechado)

*Hang Seng (Hong Kong) -1,20% (fechado)

*Nikkei (Japão) -0,26% (fechado)

*Petróleo WTI -0,74%, a US$ 44,40 o barril

*Petróleo Brent -0,26%, a US$ 46,88 o barril

Fatos novos complicam Michel Temer

Os três maiores jornais do país trazem denúncias contra o presidente nesta quinta-feira. O Globo destaca o segundo depoimento de Lúcio Funaro à Polícia Federal. Conta reportagem que o doleiro, chamado para esclarecer pontos incompletos do interrogatório anterior, respondeu a todas as perguntas dos investigadores durante mais de quatro horas. As expectativas são de que as revelações tragam ainda mais problemas a Michel Temer e o ex-assessor Rodrigo Rocha Loures. No primeiro depoimento, Funaro acusou o ex-ministro Geddel Viera Lima de fazer sondagens para saber se ele iria mesmo fazer delação premiada e disse que o aliado de Temer era o principal interlocutor do governo com o empresário Joesley Batista, dono da JBS, até ser exonerado do cargo.

Já o jornal Folha de S. Paulo conta que a Polícia Federal encontrou uma cópia de e-mail na casa do coronel João Baptista Lima Filho, amigo do presidente, com sinais de que ele cuidou dos pagamentos da reforma de um imóvel de Maristela, uma das filhas de Temer. Segundo a reportagem, o documento enviado por um arquiteto em 2014 cobra de Lima o valor de R$ 44.394,42 pela obra. Questionada pelo jornal, a assessoria do presidente não explicou por que o coronel cuidou de pagamentos da reforma e disse que, na época, a filha de Temer “tinha recursos para custear a obra”. Os outros envolvidos na denúncia não quiseram se manifestar.

O jornal O Estado de S. Paulo conta que Michel Temer usou um helicóptero Bell prefixo PR-VDN, do empresário Vanderlei de Natale, em 2014, para viajar de São Paulo a Tietê, sua cidade natal, no interior paulista. Natale é um dos sócios da Construbase Engenharia, investigada na Operação Lava Jato por possíveis irregularidades em licitação da Petrobras e responsável por pagamentos de R$ 1,9 milhão para uma empresa de fachada investigada por ser usada para escoar propina da obra em Angra 3. Questionado, o peemedebista confirmou o uso do helicóptero e disse ser amigo de Natale, mas negou qualquer relação com a empresa e conhecimento das investigações.

Donald Trump investigado

Segundo os jornais Washington Post e New York Times, o presidente norte-americano está sendo investigado pelo conselheiro jurídico especial, Robert Mueller, por suspeita de obstrução de justiça. Citando fontes anônimas, as publicações informaram que importantes oficiais de inteligência, como Dan Coats (diretor de inteligência nacional), Mike Rogers (chefe da NSA) e Richard Ledgett (ex-vice-diretor da NSA) concordaram em ser entrevistados sobre o tema. A imprensa dos Estados Unidos conta que a investigação teria começado após a demissão do então diretor do FBI James Comey, em 9 de maio. Um dos pontos que estaria na mira dos investigadores são conversas que Donald Trump teve com Coats e Rogers sobre a investigação da Rússia.

BoE mantém juros em decisão dividida
Todos os dirigentes do BoE concordaram, de qualquer modo, que qualquer elevação nos juros deve ser “gradual e limitada”, segundo a instituição. De acordo com a autoridade monetária, a inflação poderia subir acima de 3% por volta do outono local, ficando acima da meta de 2% por um período prolongado. Além disso, o BC afirmou que a inflação pode ficar ainda mais acima da meta do que o antes imaginado pelos dirigentes, muito em função da recente desvalorização da libra. Segundo o BoE, a erosão da capacidade ociosa na economia reduz a tolerância dos dirigentes à inflação acima da meta. No comunicado, também foi dito que o crescimento da renda real no Reino Unido deve ser mais fraco, nos próximos anos. Além disso, o avanço no emprego sugere que a capacidade ociosa da economia tem diminuído. Não foram feitas referências ao resultado das eleições parlamentares da semana passada, que culminou na perda de maioria por parte da primeira-ministra Theresa May.

Resultados fracos no varejo

Ainda no Reino Unido, as vendas no varejo registraram queda de 1,2% em maio na comparação com abril, segundo dados oficiais divulgados nesta quinta-feira pelo Escritório Nacional de Estatísticas. Analistas ouvidos pelo Wall Street Journal esperavam recuo menor, de 1,0%. Na comparação anual, as vendas no varejo do país tiveram crescimento de 0,9%. O resultado foi inferior ao avanço de 1,5% projetado pelos economistas.

Preços mais altos e um avanço mais modesto nos salários pressionaram o poder de compra dos consumidores do país no mês de maio. Houve recuos nas vendas em todas as categorias, exceto em gasolina, após um resultado forte nas vendas no varejo em abril. Os números sugerem sinais mistos para a economia do Reino Unido no segundo trimestre, após um início de ano modesto.

Turbilhão de indicadores nos EUA

Os preços das importações na maior economia do mundo recuaram 0,3% em maio ante abril, em mais um sinal de inflação fraca no país. A queda foi a mais alta desde a de 0,5% registrada em fevereiro de 2016, segundo o Departamento do Trabalho. Economistas ouvidos pelo Wall Street Journal previam recuo menor no mês passado, de 0,1%. Ao contrário de muitos indicadores econômicos, os preços de importados não são ajustados para variações sazonais. Na comparação anual, os preços de importados subiram 2,1% em maio, no sétimo mês consecutivo de avanço nessa comparação. Os preços das exportações dos EUA tiveram queda de 0,7% em maio ante o mês anterior, mostrou o relatório desta quinta-feira. Na comparação anual, os preços das exportações sobem 1,4%.

O índice de atividade industrial Empire State do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) de Nova York avançou de -1,0 em maio para 19,8 em junho, informou a instituição nesta quinta-feira. Analistas ouvidos pelo Wall Street Journal previam alta maior, para 23,5. A leitura de novas encomendas subiu de -4,4 em maio para 18,1 em junho, enquanto a de emprego recuou de 11,9 para 7,7 em junho. O índice de preços recebidos teve alta de 4,5 em maio para 10,8 em junho.

O número de pedidos de auxílio-desemprego nos EUA caiu 8 mil na semana encerrada em 10 de maio, para 237 mil, no cálculo com ajustes sazonais, segundo o Departamento do Trabalho do país. Analistas consultados pelo Wall Street Journal previam queda menor do indicador, a 240 mil solicitações. A média móvel das últimas quatro semanas, que reduz a volatilidade do indicador, subiu 2.250 na semana passada, para 242 mil. O indicador da semana anterior permaneceu inalterado após revisão em 245 mil. Já o número de pessoas que continuaram a receber benefícios de auxílio-desemprego nos EUA subiu a 6 mil na semana até 3 de junho, para 1,935 milhão.

Já a produção industrial ficou estável em maio ante abril, no cálculo com ajuste sazonal, segundo dados publicados hoje pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano). O resultado veio pouco abaixo da expectativa de analistas consultados pelo Wall Street Journal, que previam avanço de 0,1%. O dado de abril, por outro lado, foi revisado de +1,0% para +1,1%. A taxa de utilização da capacidade instalada, uma medida de ociosidade da indústria, caiu 0,1 ponto porcentual, para 76,6%, em linha com a expectativa dos analistas. Na comparação anual, a taxa de utilização da capacidade instalada recuou 0,5%. A produção manufatureira, maior componente da produção industrial, caiu 0,4% em maio, revertendo parcialmente a forte alta de abril, quando registrou a maior variação positiva em três anos.

Por fim, o índice de atividade regional do Federal Reserve da Filadélfia caiu de 38,8 em maio para 27,6, informou a instituição nesta quinta-feira. Analistas ouvidos pelo Wall Street Journal previam queda ligeiramente maior, a 23,5. O subíndice de emprego caiu de 17,3 para 16,1 no período, enquanto o de novas encomendas subiu 25,4 para 25,9. O subíndice de estoques avançou de 1,4 para 5,8.

(com Agência Estado e Reuters)

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.