Cerco do governo contra J&F em 3 frentes; proposta bilionária da Natura pela The Body Shop e mais destaques

Confira os destaques do noticiário corporativo desta sexta-feira (9)

Lara Rizério

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SÃO PAULO – TSE, eleições no Reino Unido. O noticiário político é movimentado, mas o noticiário corporativo também segue no radar, com destaque para a proposta da Natura pela The Body Shop e para o cerco se fechando contra a JBS. Além disso, três recomendações estão no radar. Confira os destaques:

Natura (NATU3

 A Natura apresentou à L’Oréal oferta vinculante para a aquisição de 100% das ações da The Body Shop International e seu grupo de subsidiárias, considerando um enterprise value de 1 bilhão de euros, segundo fato relevante.

L’Oréal e Natura firmaram contrato de exclusividade para que, “após necessária consulta” ao conselho de empregados da L’Oréal “em cumprimento da lei francesa, possam firmar um contrato de compra e venda de ações”. O fechamento da operação depende de aprovações regulatórias no Brasil e nos EUA. “Os valores éticos e experiência da Natura fazem dela a perfeita nova controladora da The Body Shop para acelerar o rejuvenescimento da marca e sua futura expansão”, comentou Jeremy Schwartz, executivo-chefe e presidente do conselho de administração da The Body Shop.

Já a Natura diz no fato relevante que já tem aprovado o financiamento dos recursos em montante suficiente para o pagamento da totalidade do preço de aquisição. A companhia diz entender que “foi dado um passo importante para a possível aquisição da The Body Shop e informa que a conclusão da operação depende do atendimento de determinados eventos requeridos pela legislação aplicável”. A companhia realizará teleconferência na próxima segunda-feira (12) às 09h (horário de Brasília) “para prestar maiores esclarecimentos sobre a possível aquisição”.

Fundada na Inglaterra em 1976, The Body Shop é uma rede de cosméticos com mais de 3.000 lojas distribuídas em 60 países, sendo 133 no Brasil. Em 2016, The Body Shop gerou receitas líquidas de 921 mi de euros, destaca o comunicado.

JBS (JBSS3)

Diversas notícias sobre a controladora da JBS, J&F, estão no radar dos mercados nesta sexta. Segundo fontes ouvidas pela Bloomberg, a J&F assegurou a seus principais bancos credores que o grupo permanecerá líquido e que pode oferecer mais colateral em empréstimos.  Representantes da J&F se encontraram com credores na terça-feira e se comprometeram a acelerar venda de ativos e utilizar ações das empresas do grupo como colateral em empréstimos; eles não especificaram quais ativos seriam vendidos, segundo as fontes.

A J&F pediu a credores que mantenham linhas de crédito à empresa. Os bancos concordaram em rolar linhas de crédito atuais, com exceção da Caixa Econômica Federal, segundo a agência. J&F e Caixa não quiseram comentar.

Aliás, as notícias sobre ofensiva do governo através de estatais contra a J&F seguem no radar dos mercados. O Globo diz que,  após a reviravolta provocada pela delação premiada de Joesley Batista, dono da JBS, o cerco ao grupo se fecha rapidamente. A determinação do Palácio do Planalto é atuar em ao menos três frentes: na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), na cobrança de dívidas junto ao INSS e na revisão de negócios do grupo com o BNDES. Além disso, a Petrobras encerrou antecipadamente  um contrato com uma termelétrica da Âmbar, empresa de energia do grupo dos irmãos Batista.

O jornal destaca que o governo quer uma ação mais rápida na CVM da análise dos movimentos da JBS e da holding J&F no mercado. No BNDES, a ordem é rever negócios.

O jornal também aponta que os bancos públicos suspenderam novos empréstimos para o grupo J&F, dono da JBS, e buscam reduzir a exposição às empresas do conglomerado. Paralelamente, um grupo de 18 agentes financeiros que são credores da J&F, incluindo Banco do Brasil (BB) e Caixa Econômica Federal, decidiu agir de forma conjunta em relação ao pedido dos tomadores para alongar as dívidas de curto prazo.

Anima (ANIM3)

A Anima teve a recomendação elevada de underweight para neutra pelo JPMorgan, com o preço-alvo sendo elevado de R$ 12,50 para R$ 17,00.

Gerdau (GGBR4)

Já o ScotiaBank elevou a recomendação para a Gerdau de sector underperform para sector perform, com o preço-alvo sendo reduzido de R$ 14,00 para R$ 11,00.

B3 (BVMF3)

O Credit Suisse elevou o preço-alvo da B3 de R$ 20,00 para R$ 22,00 e manteve recomendação outperform. O banco revisou o modelo de B3 com o resultado do primeiro trimestre de 2017, incorporação da Cetip e a volatilidade recente do mercado e destacou continuar confiante com as perspectivas de crescimento da companhia. 

Totvs (TOTS3)

O Itaú BBA revisou as estimativas para a Totvs levando em conta o primeiro trimestre de 2017 e as premissas macroeconômicas. Os analistas mantêm recomendação marketperform, com o preço-alvo sendo reduzido de R4 31,00 para R$ 28,00.

Wiz Corretora (WIZB3)

Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, a Caixa Econômica Federal rejeitou a nova proposta da sócia francesa CNP Assurances para renovar de forma antecipada o contrato de exclusividade pelo seu balcão de seguros e decidiu fatiar os negócios. Desta vez, a oferta teria sido ao redor dos R$ 6 bilhões, com pagamento à vista. No passado, as sócias chegaram ao valor de R$ 10 bilhões, mas a renegociação enroscou na forma de pagamento. A Caixa já informou, por meio de seus assessores, o Banco do Brasil e o Credit Suisse, que a CNP deve fazer uma nova oferta, desta vez, por linha de negócios.

“Este tipo de fluxo de notícias tende a pesar no preço da WIZS3, e esperamos que seja o caso desta vez se a notícia estiver exata. Apesar disso, continuamos acreditando que a Wiz continuará sendo o corretor exclusivo envolvido em vendas de seguros realizadas na rede de agências da CEF, mesmo em um cenário em que o banco estabeleça relações com outros subscritores. Nós mantemos nossa classificação outperform, mas certamente esse é um assunto a ser observado de perto”, afirmam os analistas do Itaú BBA.

Usiminas (USIM5)

 A Usiminas afirmou na quinta-feira ter sido informada de que a Justiça de Minas Gerais negou liminar pedida pela Nippon Steel que pleiteava a suspensão da eficácia da ação de responsabilidade aberta contra o ex-presidente da empresa, Rômel Erwin de Souza. A ação contra Souza, que era apoiado pela Nippon Steel, foi aprovada por assembleia de acionistas em 27 de abril.

A Justiça mineira já havia rejeitado recurso da Nippon para anular a reunião do conselho de administração da Usiminas, que em março elegeu Sergio Leite como presidente-executivo da siderúrgica brasileira no lugar de Souza. A Ternium-Techint, que divide o controle da Usiminas com a Nippon Steel e defende a eleição de Leite, sustenta que houve perda da confiança do colegiado em Souza, após assinatura por ele de um memorando de entendimento para mudança de termos de um contrato de fornecimento de minério de ferro. A Usiminas também teve a recomendação elevada para sector perform por Scotiabank.

CSN (CSNA3)

A investigação trava negociação de dívida local da CSN, disseram fontes à Bloomberg. As negociações entre a CSN e seus credores encontram obstáculos, de acordo com pessoas com conhecimento do assunto.

A siderúrgica mais endividada da América Latina tentando concluir demonstrações financeiras auditadas em meio a uma revisão de suas práticas contábeis, a CSN está engajada em conversas com a Caixa e o Banco do Brasil para renegociar seus empréstimos, disseram as pessoas, que pediram para não terem seus nomes revelados porque as negociações são privadas. A companhia também está negociando um waiver com seus credores de debêntures, disseram duas das pessoas. O porta-voz da empresa não quis comentar; Caixa e BB também não.

Em 15 de maio, CSN disse que atrasaria divulgação dos resultados do primeiro trimestre devido a uma revisão contábil em curso relacionada a uma transação interna em 2015 que resultou na combinação de determinadas operações de mineração e de logística ainda incompleta, disse a companhia. De acordo com resultados não auditados no primeiro trimestre, a companhia registrou lucro ajustado antes de juros e outros itens de R$ 1,33 bilhão, um aumento de 82% em relação ao ano anterior; vendas de produtos siderúrgicos caíram 4% em relação ao ano anterior, para 1,19 milhão de toneladas, enquanto vendas de minério de ferro caíram 13% para 7,2 milhão de toneladas.

A companhia ainda teve aval do Cade para ingressar em ato Ternium-
Thyssenkrupp.

Sanepar (SAPR4)

O conselho de administração da Sanepar aprovou a nova política de dividendos da empresa garantindo aos acionistas minoritários um pagamento de dividendos de 50% do lucro líquido. A política será dividida em duas partes: (i) os 25% obrigatórios e (ii) 25% adicionais, desde que a saúde financeira da empresa não seja colocada em perigo.  

Segundo o Bradesco BBI, esta é uma notícia positiva para os investidores da Sanepar. “Apesar de muitas reivindicações do conselho da empresa que a política de distribuição de 50% do lucro fosse mantida, não havia praticamente nenhuma garantia de que os investidores receberiam tal índice de pagamento. Agora, há uma regra formal”.

Segundo os analistas, desde que a saúde financeira da empresa não seja prejudicada – e a empresa tem bons indicadores de alavancagem que estão longe de violar qualquer compromisso – os investidores agora podem ter certeza de que um pagamento de dividendos de 50% ocorrerá de fato. “Além disso, destacamos o risco ascendente de uma relação de pagamento superior a 50%”. Os analistas também lembram os investidores de um evento que ocorreu durante a última assembléia de acionistas da Copel, quando o acionista controlador, o Estado do Paraná, acabou por anular a decisão do conselho da empresa de reduzir os dividendos para 25% (dos 50% habituais). 

Vale (VALE3;VALE5)

Segundo o Valor, a mineradora Samarco, joint venture entre a Vale e a BHP Billiton, é a maior devedora da Fazenda Nacional em Minas Gerais. O débito atinge R$ 1,89 bilhão, segundo dados atualizados pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional. A dívida está na Justiça e a empresa tenta negociar a oferta de alguns de seus ativos como garantia.

Eletrobras (ELET3;ELET6)

O presidente Michel Temer sancionou na quinta-feira um Projeto de Lei que abre crédito suplementar ao Orçamento de Investimento para 2017, em favor da empresa Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf). A informação foi divulgada hoje pela assessoria de imprensa do Planalto, que afirmou ainda que os recursos são oriundos de geração própria.

De acordo com o PL, o valor do crédito suplementar é de R$ 164,7 milhões para atender um programa de Gestão e Manutenção de Infraestrutura de Empresas Estatais Federais e também investimentos em energia Elétrica. A maior parte dos recursos – R$ 103,8 milhões – será destinada a Reforços e Melhorias no Sistema de Transmissão de Energia Elétrica na Região Nordeste. Segundo o PL, outra área que receberá o crédito é de Informática e Teleprocessamento, também no Nordeste. A medida será publicada no Diário Oficial da União de amanhã.

Ainda sobre elétricas, o Globo informa que o governo decidiu renegociar o pagamento da indenização de R$ 62,2 bilhões devida pela União às empresas de transmissão de energia elétrica, que será quitada com o repasse dos custos às contas de eletricidade de todos os brasileiros. A previsão inicial era que esse passivo fosse pago em oito anos. A primeira proposta colocada em negociação é para alongar o pagamento dos débitos, sem diminuir o montante a ser pago. O prazo pode ser ampliado por até 25 anos, segundo fontes envolvidas nas discussões, mas isso ainda não foi definido.

Petrobras (PETR3;PETR4)

A diretoria Executiva da Petrobras aprovou, na quinta, a celebração de termo de compromisso com a Andrade Gutierrez, prevendo um conjunto de obrigações de integridade, por parte dessa empresa, que permitirá a retirada do bloqueio cautelar vigente desde 29 de dezembro de 2014 e o retorno à participação em licitações da Petrobras, disse a estatal em comunicado ao mercado.

Entre as obrigações previstas no termo de compromisso está a manutenção de um programa de integridade efetivo, em conformidade com a legislação anticorrupção e constituído de pontos de melhoria específicos estabelecidos pela Petrobras, a partir do resultado do procedimento de due diligence de integridade.

(Com Agência Estado, Reuters e Bloomberg)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.