Faz sentido? Credit não vê Brasil como atrativo, mas ainda projeta Ibovespa na máxima histórica

Banco revisou suas estimativas e manteve o alvo do Ibovespa em 74 mil pontos para 2017 - o que garante um potencial de 20% de alta frente à pontuação atual; contudo, ele traz uma série de motivos para não ter tanta exposição a isso

Rafael Souza Ribeiro

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SÃO PAULO – Um potencial muito atrativo, mas o excesso de desconfiança fala mais alto. Em um extenso relatório de 118 páginas sobre ações da América Latina divulgado na última quinta-feira (25), o Credit Suisse atualizou seu cenário para Brasil e manteve um “alvo” para o Ibovespa em 74.000 pontos em 2017, o que garantiria uma alta de 20% frente ao último fechamento e levaria o índice para sua máxima histórica – atualmente o ponto mais alto do índice foi alcançado em maio de 2008: 73.920 pontos. Mesmo com todo esse potencial, ele reforçou a recomendação “underweight” para Brasil, que na tradução livre significa que os investidores devem ter uma exposição abaixo da média do portfólio no País. 

O motivo para este pessimismo vai em linha com o ceticismo com o futuro da economia, principalmente após o caos político gerado com as delações da JBS (JBSS3), que coloca em risco a já fraca projeção de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) de 0,2% para este ano. Além disso, eles avaliam que os resultados do primeiro trimestre de 2017 ainda trouxeram números fracos de vendas e correm o risco de decepcionarem o mercado ao longo do ano – vale lembrar que muitas ações dispararam na bolsa semanas atrás por conta de resultados melhores que o previsto pelo mercado.

Nem mesmo a derrocada recente do Ibovespa deixou os analistas com a sensação de que o Brasil está barato: segundo os números do Credit Suisse, o múltiplo P/L (Preço/Lucro) estimado para 12 meses apenas “se acomodou” na média histórica de 11,5x, não proporcionando um desconto atrativo que justificasse uma alteração de recomendação, principalmente considerando os riscos já citados pelo banco.

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*Fonte: Credit Suisse

Revisão setorial
Os analistas também revisaram a alocação em alguns setores da bolsa brasileira. Foram rebaixadas as exposições sugeridas para o setor de construção civil (de overweight para marketweight), transportes (de marketweight para underweight) e energia e saneamento (de overweight para marketweight).

Na outra ponta, eles elevaram a recomendação para o setor de papel e celulose de marketweight para overweight, como também promoveram varejo de underweight para marketweight. Sobre papel e celulose, um ponto favorável do relatório do Credit a estas empresas, que são tipicamente exportadoras, está na nova projeção de taxa de câmbio do banco para os próximos 12 meses, que passou a ser de R$ 3,70 por dólar.

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Revisão macro

Para este ano, o time espera que o PIB cresça 0,2% e o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) encerre 2017 em 4,3%, ligeiramente abaixo da meta de inflação de 4,5% projetada pelo Banco Central. Para a Selic, uma das projeções mais discutidas pelo mercado atualmente após o caos político, os analistas esperam que juros encerrem o ano em 8,25%.

Para o ano que vem, a expectativa para o Produto Interno Bruto passa para um crescimento de 2% e um leve aumento da projeção de inflação, saltando para 5% em 2018.