O trade mais “imbecil” do mundo está sendo oferecido neste momento; saiba como aproveitá-lo

Quem seguiu essa estratégia da última vez que esse evento ocorreu pode ter lucrado 25% na bolsa

Paula Barra

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SÃO PAULO – Um “trade imbecil”. Não, não é exagero usar essa expressão para definir uma oportunidade tão clara que é oferecida de tempos em tempos para investidores em ações brasileiras. E esta estratégia está sendo oferecida neste momento.

A oportunidade surge a cada revisão semestral do MSCI Global, que é um dos índices de ações mais utilizados como “benchmark” (referência) no mundo. Ou seja, muitos fundos de investimentos utilizam a carteira deste índice como base para montar estratégias “ativas” (que buscam superar a performance deste índice) ou “passivas” (visam apenas acompanhar o índice).

Por conta disso, qualquer mudança no MSCI Global costuma ser acompanhado de uma forte onda compradora (no caso de entrada de uma nova ação na carteira ou aumento de participação de uma ação já existente) ou vendedora (no caso de saída de um papel ou diminuição de participação). Para não causar tantas distorções no mercado, o MSCI divulga uma “prévia” de como deverá ser o novo índice, e somente após duas semanas anunciar a carteira que entrará em vigor. E é nesta janela que encontramos o “trade imbecil” que os investidores podem aproveitar.

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A estratégia, basicamente, consiste em, após a divulgação da prévia, comprar as ações que deverão entrar e/ou “ficar vendido” (montar uma venda a descoberto) em ações que sairão do índice. Entre o anúncio da prévia e a divulgação da carteira definitiva, as novas entrantes deverão sofrer uma pressão compradora ao passo que as excluídas sofrerão uma pressão negativa. Assim que o “novo MSCI” entrar em vigor, zera-se a operação (com lucro, esperamos). Simples, fácil e com baixas chances de surpresas.

Está desconfiado desta estratégia? Acha “boa demais pra ser verdade?” A divulgação da prévia do MSCI nesta semana prova que o trade funciona. Na segunda-feira, foi anunciado a prévia do MSCI Global, que entrará em vigor apenas a partir de 1º de junho e três empresas brasileiras serão alvo do índice. São elas: saída das units da AES Tietê (TIET11), entrada da Taesa (TAEE11) e perda de participação das ações da BRF (BRFS3). Outras 10 ações terão suas participações alteradas no índice, embora com menos impacto (veja todas elas aqui), mas a BRF é a que sofrerá mais nesse caso: segundo estimativas do Credit Suisse, estima-se que ela sofrerá uma pressão equivalente a 2,7 dias completos de negociação na bolsa apenas por causa desse rebalanceamento.

No pregão pós-anúncio, as units da AES Tietê afundaram 2,91%, enquanto Taesa subiu 1,75% e bateu sua máxima histórica na bolsa; a BRF, por sua vez, caiu forte (-3,30%). Uma coincidência das três: todas elas apresentaram um volume financeiro muito acima da média.

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Quem seguiu essa mesma cartilha no último rebalanceamento do MSCI também se deu bem, e pode ter lucrado até 25% com as ações da Totvs (TOTS3). Essa foi a queda da ação no mês de novembro, quando foi anunciada a saída da empresa do índice. Corroborou neste caso a decepção dos analistas com o resultado divulgado pela companhia na mesma época, mas ainda assim, a pressão vendedora de US$ 39 milhões na ação não poderia passar em branco – o montante equivalia a 10,2 dias de negociação do papel na época.

Mas como essa é uma estratégia totalmente voltada ao “fluxo” do mercado – ou seja, desconsidera os fundamentos -, algumas empresas podem se tornar uma “oportunidade reversa”, aproveitando-se da pressão causada pela alteração do MSCI. A própria Totvs foi um caso desses: no começo de dezembro (quando toda essa avalanche vendedora já havia passado), a equipe de análise do BTG Pactual recomendou a ação, citando-a como “a compra óbvia” na bolsa (o relatório foi publicado no InfoMoney, veja aqui). De lá para cá, as ações da Totvs subiram impressionantes 40,65% (veja o gráfico ao final da matéria).

Por que essa estratégia tão simples funciona?

A forte exposição de investidores estrangeiros é o principal motivo pelo qual as ações que são incluídas geralmente respondem com valorização – e as excluídas em suma apresentam queda. Como esses fundos precisam acompanhar o benchmark, eles precisam encarteirar ou se desfazer destes ativos para que a performance fique em linha com o movimento do MSCI.

Segundo João Braga, gestor da XPGestão, como existem inúmeros fundos passivos (que são fundos cujas carteiras reproduzem os índices de referência) que acompanham índices do MSCI no mundo todo, é difícil precisar o montante que segue o MSCI Brazil. Mas é possível estimar parte desse montante usando como base o volume do EWZ – que é o ETF (Fundos de Índice, na sigla em inglês) negociado na Bolsa de Nova York) – e do EEM (índice destinado aos países emergentes). Olhando para estes dois ETFs, o montante chega a US$ 7,5 bilhões.

Por conta dessa grande exposição, essa operação muito simples costuma funcionar neste período: comprar as ações que vão entrar no MSCI no dia 1° de junho e vender as devem sair.

Veja como essa estratégia funcionou no caso da Totvs: