Puxado por Petrobras e Vale, Ibovespa perde os 65 mil pontos; DIs disparam com pessimismo político

Índice acompanha movimento das bolsas internacionais, mas investidores seguem apreensivos com agenda de reformas do governo

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Após virar para o campo positivo, no embalo da divulgação dos estoques de petróleo nos Estados Unidos, o Ibovespa voltou a operar em queda nesta quarta-feira (26), com os investidores adotando tom mais cauteloso após derrota sofrida pelo governo Michel Temer no plenário da Câmara dos Deputados e em meio às expectativas pelo anúncio da reforma fiscal de Donald Trump, previsto para esta tarde. Às 14h18 (horário de Brasília), o benchmark da bolsa brasileira acumulava variação negativa de 0,30%, a 64.951 pontos, puxado sobretudo pelas ações de Petrobras, Vale e siderúrgicas. Também no radar do mercado, destaque para a votação da reforma trabalhista no plenário da Câmara, com o governo tentando conquistar mais de 300 votos para demonstrar força e capacidade de impor agenda.

No mesmo horário, os contratos de juros futuros com vencimento em janeiro de 2018 subiam 2 pontos-base, a 9,54%, ao passo que os DIs com vencimento em janeiro de 2021 avançavam 9 pontos-base, a 10,13%. Os contratos de juros futuros com vencimento em maio deste ano, por sua vez, operavam em alta de 1,56%, sinalizando cotação de R$ 3,199. O dólar comercial subia 1,49% ante o real, cotado a R$ 3,1985 na venda.

“Os traders estão enxergando que a [versão da] reforma [da Previdência] que está passando é a que dá para passar, o que está longe de ser a perfeita”, observou Pablo Spyer, diretor da mesa de trade da Mirae Asset Wealth Management. Com uma reforma abaixo do que o mercado entende como ideal, há riscos de as mudanças não serem suficientes para alterar a perspectiva do crescimento das despesas públicas. E os investidores de renda fixa já estão de olho nesta possibilidade — elevada com a decisão da cúpula do PSB por fechar questão contra as reformas do governo Michel Temer, apesar dos efeitos práticos ainda questionáveis. “Os juros terão que subir [no longo prazo]. Infelizmente, essa é a visão do mercado”, explicou Spyer.

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Confira ao que se atentar neste pregão:

Destaques da Bolsa

Do lado acionário, os papéis da Petrobras (PETR3; PETR4) voltaram a cair mesmo depois da divulgação dos dados de estoque norte-americanos divulgados pela Agência Internacional de Energia. Os barris tipos WTI e Brent operam em direções opostas neste pregão.

As ações da Vale (VALE3; VALE5) operam em queda, enquanto o minério de ferro estendeu a baixa em Dalian, com queda de 0,20%, a 497 iuanes,com receios sobre aumento da oferta. Por outro lado, o minério spot negociado em Qingdao teve leve alta, de 0,83%, a US$ 66,62 a tonelada.

O Santander Brasil (SANB11), maior banco estrangeiro em operação no país, chegou a subir 2%, mas amenizou os ganhos na esteira do resultado do primeiro trimestre. A companhia teve lucro líquido gerencial de 2,28 bilhões de reais no primeiro trimestre, alta de 37,3 por cento ante no mesmo período de 2016. O lucro societário, que referencia a distribuição de remuneração aos acionistas, foi de 1,824 bilhão de reais no período, aumento de 50,4 por cento contra mesma etapa do ano passado. Segundo o BTG Pactual, a primeira leitura é de um resultado bastante forte, que bateu as estimativas do mercado e aumentando a percepção de que o Santander Brasil está conseguindo diminuir a sua distância de lucratividade em relação a seus pares brasileiros.

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

C?d. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 CMIG4 CEMIG PN 8,91 -4,91 +15,56 74,05M
 CIEL3 CIELO ON EB 24,10 -2,74 +4,74 79,50M
 CSAN3 COSAN ON 36,05 -2,57 -5,50 29,11M
 NATU3 NATURA ON 30,95 -2,15 +35,13 25,26M
 JBSS3 JBS ON 10,26 -2,01 -10,00 92,85M

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

C?d. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 CSNA3 SID NACIONALON 7,90 +3,67 -27,19 37,36M
 WEGE3 WEG ON 17,86 +3,54 +16,11 25,48M
 USIM5 USIMINAS PNA 4,18 +3,21 +1,95 66,91M
 BBDC4 BRADESCO PN 32,53 +1,66 +12,44 315,32M
 KROT3 KROTON ON 14,94 +1,63 +12,74 91,54M
* – Lote de mil a??es
1 – Em reais (K – Mil | M – Milh?o | B – Bilh?o)

Receitas preocupam
A arrecadação do governo federal teve queda real de 1,16% em março sobre igual mês do ano passado, a R$ 98,994 bilhões, informou a Receita Federal. O resultado veio pior que a expectativa de analistas, de arrecadação de R$ 101 bilhões, segundo pesquisa Reuters.

Estoques de petróleo

Segundo dados divulgados pela EIA (Agência Internacional de Energia, na sigla em inglês) nesta manhã, os estoques de petróleo caíram em 3,64 milhões de barris na semana encerrada em 21 de abril, nos Estados Unidos. A mediada das estimativas da Bloomberg indicava queda de 1,14 milhão de barris. Na semana passada o indicador apontou para 1,03 milhão de barris de redução. Já os estoques de gasolina cresceram em 3,37 milhões de barris no mesmo período, contra projeção de alta de 140.450 barris.

Noticiário político

No campo político, as atenções dos investidores se voltam para a votação da reforma trabalhista no plenário da Câmara dos Deputados. O texto foi aprovado na véspera na comissão especial por 27 votos a 10, um placar folgado para o governo e que mostrou maior coesão da base aliada após temores com o anúncio do PSB de que iria votar contra as reformas e depois afirmar que liberaria as bancadas. Contudo, informa o Estadão, a rejeição de reforma pela cúpula do PSB, que gerou receios ontem no mercado, parece sob controle; após ameaça do governo, metade do partido já se realinha ao Planalto. 

Por outro lado, na noite da véspera, o governo sofreu uma derrota na votação dos destaques do projeto de recuperação fiscal dos estados. A votação foi suspensa na noite de ontem  após a retirada do texto da contrapartida que trata da elevação da alíquota de contribuição de servidores de 11% para 14%, o mesmo do Regime Próprio da Previdência Social (RPPS). Eram necessários 257 votos para manter o texto que exigia a elevação da alíquota, mas 241 deputados votaram favoravelmente, 185 votaram contra o texto e houve três abstenções. Entre as exigências que foram mantidas, esteve a de privatização, além de contrapartidas como congelamento de salários de servidores e redução de incentivos tributários para os estados em situação de calamidade fiscal.

Entrevista exclusiva e InfoMoney TV

O InfoMoney traz nesta quarta-feira uma entrevista exclusiva com Luiz Parreiras, gestor do fundo Verde Scena XP FIC FIM, lançado em 19 de abril pela Verde Asset e distribuído com exclusividade aos clientes da XP Investimentos. Parreiras comenta a situação da reforma da Previdência e a percepção do mercado sobre o tema.

Na InfoMoney TV, a partir das 14h, o Visão Macro, recebe o economista-chefe da agência de classificação de risco Austin Rating, Alex Agostini. Ele abordará o atual momento econômico e político do País e as perspectivas para a nota de crédito do País nos próximos meses e anos.

Bolsas mundiais

As bolsas europeias operam próximas à estabilidade com o rali eleitoral da França se enfraquecendo e com o mercado de olho no plano fiscal de Donald Trump, que pode ser anunciado nesta quarta-feira e enviado ao Congresso. O plano  prevê corte do imposto das empresas para 15%, medida que poderia durar pouco por aumentar o déficit público, dizem economistas. De olho nessas medidas, o dólar avança contra maioria dos pares. Além disso, a decisão de política monetária do BCE (Banco Central Europeu) amanhã também está no radar.

Por outro lado, na Ásia, os mercados acionários da China subiram dando continuidade à recuperação após recentes quedas em meio ao otimismo renovado sobre a economia dos Estados Unidos e com o alívio das preocupações em torno do aperto regulatório no país melhorando a confiança nos mercados acionários globais. O apetite por risco melhorou nos mercados asiáticos, que chegaram ao quinto dia seguido de ganhos, após os mercados norte-americanos fecharem com forte alta na véspera.  A recuperação dos mercados também foi ajudada pela percepção de alguns que os temores da campanha de desalavancagem de Pequim, que derrubou os preços das ações para as mínimas de três meses, foram exagerados. O restante da região asiática foi marcada pelo otimismo renovado sobre a maior economia do mundo que melhorou as perspectivas para os ativos de risco. 

(Com Reuters, Bloomberg e Agência Estado)

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.