O Brasil tem lições valiosas que pode ensinar agora para os EUA, diz CNBC

Reunião do G-20 mostrou que o Brasil foi apontado pela reportagem como uma das várias nações a apontar para os perigos da anti-globalização, em um recado aos EUA, diz a publicação

Lara Rizério

Publicidade

SÃO PAULO – Segundo o portal americano CNBC, o Brasil pode ensinar uma lição agora para os Estados Unidos, baseando-se na reunião do G-20. Isso porque, enquanto os EUA buscam maior protecionismo comercial, o Brasil apontou para os benefícios de um comércio livre durante a reunião, realizada no último final de semana, aponta a reportagem. Vale destacar que, apesar da Operação Carne Fraca da Polícia Federal ter sido deflagrada na sexta-feira antes do G-20, resultando no fechamento temporário de vários mercados para a carne brasileira, a reportagem não faz menção a esse fato.  

Em reunião com ministros das finanças, o Brasil foi apontado pela reportagem como uma das várias nações a apontar para os perigos da anti-globalização – mensagem esta destinada principalmente aos EUA. 

A reportagem ainda cita a fala do ministro da Fazenda Henrique Meirelles para o jornal americano Wall Street Journal, em que ele afirmou: “adotamos nos últimos anos algumas medidas protecionistas para alguns setores da economia e o resultado líquido não foi positivo. No final das contas, os produtos ficaram mais caros e o Brasil … tornou-se menos competitivo”. “No Brasil, estamos caminhando para uma política comercial mais aberta”.

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

A CNBC aponta que o Brasil está tentando se recuperar de uma forte recessão econômica após treze anos comandado pelo PT. A reportagem ressalta que o fim do poderio do partido de esquerda se encerrou no ano passado, com o impeachment de Dilma Rousseff e que o seu sucessor, Michel Temer, busca por maior abertura dos mercados. 

A matéria ainda traz a percepção do mercado sobre a nova postura do Brasil. “Como resultado de muitos anos de atitude cautelosa com relação ao comércio, os comentários que se ouve das autoridades brasileiras hoje têm um sabor diferente, um sabor mais aberto”, disse Alejo Czerwonko, estrategista de mercados emergentes da UBS Wealth Management. “A nova retórica para uma maior abertura comercial no Brasil é importante”, afirmou. Porém, ele ponderou:  “o Brasil continua sendo uma economia relativamente fechada. A abertura leva tempo”.

Gabriela Santos, estrategista de mercado global da J.P. Morgan Asset Management, destacou que existem muitos modelos diferentes e especificamente na América Latina. “O Brasil está aprendendo com México, Colômbia e Chile”, afirma. De acordo com ela, ainda é muito cedo para especular sobre como o protecionismo  pode afetar o crescimento dos EUA. “Olhando para a frente, a mudança no tom é importante, mas você também tem que ver a implementação da mudança.”

Continua depois da publicidade

Porém, a CNBC aponta que o Brasil foi atingido por mais do que apenas protecionismo, apontando que poucos economistas sugerem que o Brasil entrou em recessão apenas por conta das barreiras comerciais. Entre outros fatores, como a queda dos preços das commodities, o País também foi prejudicado pela corrupção desenfreada, diz o portal.

 Ainda assim, os esforços do País para abrir o comércio contrastam com as ameaças do presidente dos EUA, Donald Trump, de tarifas sobre as importações e uma política de “America First” (ou EUA primeiro).

Por outro lado, o estrategista do UBS aponta que não há como fazer uma comparação direta entre o que aconteceu no Brasil sob a gestão do PT nos últimos treze anos. “Uma das razões pela qual a recessão brasileira foi tão profunda foi este escândalo de corrupção que entrou em erupção”, afirma, “Parece que os EUA têm um nível diferente de desenvolvimento institucional que deve impedir tais práticas generalizadas”, disse ele. Vale ressaltar que o UBS está neutro em ações brasileiras. 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.