Após reação ‘explosiva’ do mercado com hoje, até onde vai a alta da Bolsa e queda do dólar?

Bolsa disparou e dólar caiu mais de 2% com a combinação do tom "dovish" do Fed após elevar os juros nos EUA e o aumento da perspectiva de rating pela Moody's

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – A decisão do Fomc de elevar os juros nos Estados Unidos não foi nenhuma surpresa, mas o tom adotado pelo Federal Reserve surpreendeu os investidores, levando a uma forte reação do mercado nesta quarta-feira (15), com o Ibovespa disparando 2,3% – seguindo os ganhos de Wall Street – e o dólar afundando quase 2%, de volta para a casa de R$ 3,11. Mas será que o movimento foi exagerado? Este otimismo irá continuar?

Para Pablo Spyer, diretor da mesa de operações da Mirae Asset, esta reação não deve continuar por muito tempo, mas também não é hora de se falar em correção. “A notícia é muito boa para o Brasil, que passa a focar apenas na aprovação da reforma da Previdência. Se a reforma passar, o Brasil vai melhorar e muito”, afirma.

“Os comentários do Fed foram muito mais dovish do que o esperado, com Yellen vendo apenas 3 altas este ano, sendo que ela poderia dizer que poderiam ser 4 ou quem sabe até 5 altas, o que fez com que o dólar se enfraquecesse perante outras moedas, inclusive o real”, explica ele.

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Tanto no comunicado, quanto no discurso, a presidente do Fed, Janet Yellen, indicou que serão mais duas altas de juros este ano, mantendo sua projeção anterior. Além disso, ela reforçou que a inflação e o crescimento do país estão sob controle. “Esse gradualismo pegou o mercado de surpresa e caiu muito bem”, diz Spyer.

Segundo ele, foi isso que fez com que o dólar recuasse frente a todas as moedas do mundo, o yields dos treasures americanos cedessem mais de 10 bps e “jogou um balde de água fria” em quem esperava mais altas. “Parte do movimento de hoje no nosso mercado (e provavelmente mundo afora) foram operações de stop de investidores que estavam esperando algo neutro ou até hawkish”, explica.

Mas se a disparada da Bolsa poderia ser mais limitada nesta quinta-feira por conta do Fed, uma novidade no fechamento do mercado pode ser um driver para nova alta acentuada neste próximo pregão, com o dólar recuando mais: a Moody’s elevou sua perspectiva para o rating do Brasil de negativa para estável, mantendo a nota em “Ba2”.

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Para Marco Saravalle, analista da XP Investimentos, o Fomc já foi precificado hoje, enquanto a decisão da Moody’s acabou sendo uma grande surpresa e que não deu tempo de uma reação maior do mercado pela hora em que ela foi divulgada.

A decisão de alterar a perspectiva do rating do Brasil para estável foi determinada, além da perspectiva de melhora da economia, por outros dois fatores: sinais de que o funcionamento do arcabouço de políticas no Brasil está melhorando – o que dá suporte à implementação do ajuste fiscal -, além da percepção de que o risco de passivos de entidades relacionadas ao governo, como a Petrobras, foi significativamente reduzido.

Saravalle acredita que a Bolsa deve seguir em alta nesta quinta, mas reagindo ao maior otimismo com Brasil após a melhora de perspectiva do rating. “A Moody’s foi a primeira e é comum vermos as outras agências seguindo a decisão, a notícia é boa e deve seguir reagindo amanhã”, afirma. Para o dólar, porém, Spyer ressalta que não vê a moeda voltando para R$ 3,00, sendo o patamar de R$ 3,10 um bom suporte.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.