Raio privatizador: 4 estatais disparam até 13% após Meirelles falar de novo projeto do governo

Notícias sobre um plano de ajuda aos estados envolvendo a privatização de algumas empresas faz com que ações disparem na Bolsa nesta terça-feira

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Durante as eleições de 2014, Paulo Batista (PRP), candidato a deputado por São Paulo lançou como slogan de campanha a expressão “raio privatizador” ao dizer que iria privatizar tudo que pudesse. Ele não se elegeu e essa ideia não foi para a frente, mas parece que a tendência está ganhando força no mercado e algumas ações de estatais estão disparando com rumores sobre privatizações.

Segundo a GloboNews, o ministro da Fazenda Henrique Meirelles mandou ao gabinete de Michel Temer uma atualização do projeto de recuperação fiscal dos estados. Pela proposta, o estado que firmar um acordo de recuperação fiscal com o governo federal será beneficiado com a suspensão por 36 meses do pagamento das dívidas com a União, mas terá que assumir o compromisso de adotar rigorosas medidas de saneamento das finanças estaduais, entre as quais a privatização de bancos e empresas estaduais de água, saneamento, eletricidade.

Com isso, as ações do Banrisul (BRSR6) sobem forte nesta terça-feira, chegando a ganhos de 13% na máxima do dia. Os papéis fecharam com ganhos de 10,32%, cotados a R$ 19,02, em dia de forte volume financeiro, que chegou a R$ 54,71 milhões.

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Segundo o BTG, a atualização desse plano aumenta a probabilidade de privatização do Banrisul caso o Rio Grande do Sul e o governo federal alcancem um acordo. Segundo os analistas, a relação risco-retorno de ter papéis do banco é assimétrico para alta, ressaltando a visão positiva para a ação. Os analistas do BTG reforçam a visão de que  o Banrisul privado pode valer duas vezes o estatal (veja a análise completa clicando aqui).

O Banco do Espírito Santo (BEES3, R$ 3,50, +6,06%) – que chegou a disparar 12,42% na máxima – foi outro que subiu forte com a novidade. No último dia 8, o banco já havia disparado 20% em meio à crise do estado, que pode levar o governo local a vender a instituição para conseguir ajuda.

Na ocasião, o analista Marco Saravalle, da XP Investimentos, explicou que mesmo sem nenhuma sinalização ainda da privatização, o mercado acaba fazendo uma ligação com o cenário do Banrisul. “Podemos fazer um paralelo com o que aconteceu com o Banrisul, e que pode acontecer com outras empresas listadas. Como alguns estados estão passando por situação financeira delicada, a venda ou privatização pode ser a solução de curto prazo”, afirma.

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Segundo ele, os ativos destes bancos estão sendo negociados abaixo do valor patrimonial: “O mercado pode considerar como ‘valor justo’ algo próximo a 1x book, já que os bancos apresentam rentabilidade próxima ao custo de capital de longo prazo”.

Outras empresas estatais também foram puxadas pela novidade, apesar de ainda não haver declarações mais concretas sobre a possibilidade de privatização. É o caso das mineiras Cemig (CMIG4, R$ 11,25, +5,73%) e Copasa (CSMG3, R$ 51,29, +3,18%). Apesar das altas, o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT) disse que não pretende vendê-las, aproveitando para criticar as exigências do governo para ajudar os estados.

“Cemig, Copasa (saneamento), Codemig (de participações variadas) e outras. Iríamos privatizar para quê? Qual é o objetivo dessa pressão para que o Estado venda suas empresas mais eficientes, mais poderosas, para resolver um problema que eu tenho certeza que nós podemos resolver ao longo do tempo se houver alguma boa vontade do setor financeiro do governo federal?”, afirmou.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.