Itaú lucra R$ 22 bi e paga R$ 10 bi em proventos em 2016; MPF pede bloqueio de R$ 3,8 bi na J&F

Confira os destaques do noticiário corporativo na sessão desta terça-feira 

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O noticiário corporativo é bastante movimentado nesta terça-feira (6), com destaque para o resultado do Itaú Unibanco, a proposta de aumento de capital de R$ 8 bilhões do Bradesco, enquanto a Vale confirmou a precificação de sua emissão de US$ 1 bilhão. O pedido do MPF de bloquear os bens do dono da JBS, as novidades no FIES e novos IPOs na Bolsa também agitam o mercado. Confira os destaques:

Itaú Unibanco (ITUB4)

O Itaú Unibanco, maior banco privado do país, anunciou nesta terça-feira que teve lucro líquido recorrente de R$ 5,817 bilhões de reais no quarto trimestre de 2016 ante R$ 5,595 bilhões no trimestre anterior e alta de 1,8% ante os R$  5,715 bilhões registrados em igual etapa de um ano antes.   De janeiro a dezembro de 2016, o banco lucrou R$ 22,150 bilhões, uma queda de 7%.

A margem financeira gerencial somou R$ 27,37 bilhões no último trimestre, queda de 2,2% em relação ao mesmo período de 2015. A margem financeira com clientes teve baixa de 7,5%, para R$ 15,329 bilhões, enquanto as operações com o mercado subiram 57%, chegando a R$ 1,993 bilhão.

As despesas líquidas com PDD( provisões para devedores duvidosos) caíram 0,8% no quarto trimestre de 2016 em relação ao mesmo período de 2015, para R$ 4,819 bilhões. Na comparação com o terceiro trimestre, a queda foi de 7,8%.

O banco ainda informou que alterou a prática de pagamento de dividendos e juros sobre o capital próprio da Companhia, que passará a ser de 35% a 45% do lucro líquido consolidado recorrente nos próximos exercícios. O Conselho aprovou a declaração de JCPs complementares do exercício de 2016 no valor de R$ 0,77540 por ação, equivalente a R$ 4,3 bilhões (líquidos de imposto de renda). Os JCPs complementares serão pagos em 3 de março de 2017, com base na posição acionária final do dia 20 de fevereiro de 2017 e com retenção de 15% de imposto de renda na fonte, resultando em juros líquidos de R$ 0,65909 por ação, excetuados dessa retenção os acionistas pessoas jurídicas comprovadamente imunes ou isentos.

Os JCPs aprovados e divulgados pelo Conselho de Administração em 9 de dezembro de 2016 no valor bruto de R$ 0,47140 por ação (líquido de R$ 0,40069 por ação), também serão pagos em 3 de março.

Assim, o total de JCPs a ser pago em 3 de março, líquido de imposto de renda, será de R$ 1,05978 por ação. Somando o montante já distribuído durante o ano de 2016 com o montante que será distribuído em 3 de março de 2017, os acionistas receberão R$ 1,5789 por ação (líquido de imposto de renda) que totalizam R$ 10,0 bilhões de dividendos e JCPs, valor esse que equivale a 45% do lucro líquido consolidado recorrente do exercício de 2016, o que representa um aumento de 36,9% em relação ao exercício de 2015. 

Bradesco (BBDC3; BBDC4)
O Banco Bradesco fez uma proposta para aumento de capital a ser deliberado pelos acionistas em Assembleia Geral Extraordinária a ser realizada no dia 10 de março. O aumento será de R$ 8 bilhões, com o capital da companhia passando de R$ 51,1 bilhões para R$ 59,1 bilhões.

A proposta prevê a emissão de 555.360.173 novas ações nominativas-escriturais, sem valor nominal, sendo 277.680.101 ordinárias e 277.680.072 preferenciais, que serão atribuídas gratuitamente aos acionistas na proporção de 1 nova ação para cada 10 ações da mesma espécie de que forem titulares na data-base, que será informada após aprovação do processo.

Petrobras (PETR3;PETR4

De acordo com o jornal Valor Econômico, a Petrobras e a Odebrecht devem iniciar em breve negociação para rever o acordo de acionistas da Braskem. Desde 2010, as duas empresas dividem o controle da petroquímica com fatias muito semelhantes, mas direitos distintos. A Odebrecht é, na prática, a controladora e gestora do negócio. A conclusão do acordo de leniência da Braskem, em dezembro, permitiu que a petroleira começasse a preparar a venda do ativo. Tomando como base o valor de mercado da Braskem na BM&FBovespa, de R$ 25 bilhões, a Petrobras tem uma fatia de R$ 9 bilhões na empresa. 

Ainda no radar da Petrobras, o  governo federal adiou votação que seria feita na última  segunda-feira para decidir sobre mudança de regras em conteúdo local do setor de petróleo e gás natural, enquanto não há ainda um consenso sobre o grau de flexibilização que será aplicado.

O impasse, segundo representante da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), ocorre por demandas distintas entre fornecedores de bens e serviços da indústria e petroleiras.

A decisão sobre o tema, importante fator a ser considerado nos leilões de áreas de petróleo este ano, seria tomada em um comitê integrado por ministérios e instituições. Enquanto fornecedores defendem que o governo exija diferentes percentuais de conteúdo local para cada segmento da indústria, como forma de estimular toda a cadeia, petroleiras querem apenas um percentual global para cada projeto realizado por empresas de petróleo no Brasil, em busca de simplificação das regras.

Em ambas as propostas, porém, os investidores passam a ter mais liberdade para escolher onde será aplicado o conteúdo local, já que deixa de existir uma tabela considerada bastante complexa pelo mercado, na qual o órgão regulador (ANP) determina diversos itens e subitens com compromissos específicos. A discussão sobre as regras ocorre no âmbito do Programa de Estímulo à Competitividade da Cadeia Produtiva, ao Desenvolvimento e ao Aprimoramento de Fornecedores do Setor de Petróleo e Gás Natural (Pedefor), criado há um ano, ainda sob a gestão da ex-presidente Dilma Rousseff. O governo já optou por adotar um período de transição para regras, mas ainda não definiu qual exatamente será o melhor caminho a seguir.

 Construtoras

O governo federal anunciou nesta segunda-feira mudanças nas regras do Minha Casa Minha Vida, que incluem reajuste no perfil de renda dos beneficiários das faixas 1,5; 2 e 3, bem como aumento no valor máximo dos imóveis enquadrados, com vistas a revigorar o programa habitacional. A meta do Ministério das Cidades é contratar 610 mil unidades em 2017 em todas as faixas do programa, segundo comunicado divulgado durante evento no Palácio do Planalto. 

Com o reajuste de 7,69% proposto no pacote de medidas anunciado nesta segunda-feira, o limite de renda dos beneficiário da faixa 1,5 passa de R$ 2.350 para R$ 2.600; da faixa 2 aumenta de R$ 3.600 para R$ 4.000; e da faixa 3, de R$ 6.500 para até R$ 9.000. De acordo com o BTG Pactual, as medidas são positivas para as construtoras, particularmente aquelas focadas no segmento de baixa renda como MRV (MRVE3), Direcional (DIRR3), Gafisa (GFSA3) – via Tenda -, Cyrela (CYRE3) – via Cury – com elas podendo se beneficiar de maiores margens e vendas mais fortes. 

Já o Itaú BBA espera reação neutra a anúncio “amplamente esperado”; “As medidas como a regulação para distratos e novo teto para o SFH ainda estão pendentes”; “ as medidas são positivas para os players do MCMV, bem como aqueles que operam no segmento média-baixa”, apontam os analistas. 

Vale (VALE3; VALE5)
A Vale informou que precificou a oferta de bonds de sua subsidiária integral Vale Overseas de US$ 1 bilhão com cupom de 6,250% com vencimento em agosto de 2026, garantidos pela Vale. Os bonds serão consolidados, e formarão uma única série, com os bonds da Vale Overseas, emitidos em 3 de agosto de 2016, de US$ 1 bilhão com cupom de 6,250%.

Os bonds terão um cupom de 6,250% ao ano, pagos semestralmente, ao preço de 107,793% do valor de face do título. Os bonds têm vencimento em 10 de agosto de 2026 e foram emitidos com um spread de 278,3 pontos-base sobre os títulos do Tesouro dos EUA, resultando em um rendimento para o investidor de 5,200% ao ano.

Os bonds estão classificados BBB- pela Standard & Poor’s Rating Services, Ba3 pela Moody’s Investor Services, BBB low por Dominion Bond Rating Service e BBB pela Fitch Ratings. Os bonds serão obrigações não garantidas da Vale Overseas e contarão com a garantia completa e incondicional da Vale.

A Vale disse que pretende aplicar os recursos líquidos dessa oferta para pagar o preço de resgate dos bonds da Vale de € 750.000.000 com cupom de 4,375% e com vencimento em março de 2018, e para fins gerais da empresa.

JBS (JBSS3)
O Ministério Público Federal solicitou a Justiça Federal em Brasília a volta das medidas judiciais impostas inicialmente contra o presidente da holding J&F, Joesley Batista, e contra o presidente da Eldorado, José Carlos Grubisich. Os dois são investigados na Operação Greenfield e são suspeitos de tentar burlar as apurações que apontam prejuízos acumulados registrados Funcef, o fundo de pensão dos empregados da Caixa Econômica Federal, e pela Petros, fundo de pensão dos empregados da Petrobras, na Eldorado.

O procurador Anselmo Henrique Cordeiro Lopes solicitou a proibição dos investigados de manter qualquer comunicação entre si e com qualquer investigado nas operações Greenfield, Sépsis e Cui Bono. Além disso, ele determinou o bloqueio das ações pertencentes a Joesley na J&F, o bloqueio de recursos dos dois no valor de R$ 3,8 bilhões e a suspensão do exercício de qualquer cargo e função de direção em empresas da holding, como a JBS. 

Em nota, o grupo J&F afirmou que foi surpreendido pelo pedido do Ministério Público Federal (MPF) em Brasília das medidas judiciais contra o empresário Joesley Batista e José Carlos Grubisich, presidente da Eldorado Celulose. O grupo disse que  o pedido do MPF-DF teve como base “denúncias estapafúrdias, infundadas e com caráter de interesses pessoais” de Max Mauran Pantoja da Costa. Ele é conselheiro indicado pela Funcef, fundo de pensão dos funcionários da Caixa Econômica Federal. 

“A J&F refuta todas a alegações irresponsáveis feitas por Pantoja e pedirá ao MPF e ao juiz competente a oportunidade de provar a licitude, lealdade e boa-fé de todas decisões tomadas no âmbito da empresa e do seu conselho de administração, antes que tal ilação do conselheiro traga mais prejuízo para a empresa, clientes, colaboradores e os executivos mencionados”, diz a companhia.

Por outro lado, ontem à tarde saiu o resultado da Tyson Foods, que veio forte, o que traz uma leitura positiva para a JBS. No segmento de Beef, a margem Ebitda foi de 8.5%, o que equivale a uma margem ebitda de 10% – que se compara com uma margem ebitda de 6% que os analistas esperam para a JBS USA Beef. “Sendo assim, vemos um cenário positivo para a operação de JBS USA (com alguma indicação de alta no quarto trimestre em relação às nossas estimativas)”. Os analistas reiteram recomendação neutra para a ação.

Educacionais
O teto semestral do Fies por aluno, já válido a partir do 1º semestre de 2017, será reduzido de R$ 42 mil (ou R$ 7 mil por mês) para R$ 30 mil (ou R$ 5 mil por mês), disse o ministro da Educação, Mendonça Filho, em entrevista coletiva. Se fosse corrigido pela inflação, teto iria para R$ 46 mil por semestre, segundo o ministro.

Ele ainda afirmou que, para o 1º semestre deste ano, serão oferecidas 150 mil vagas. Em coletiva junto com o secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da
Fazenda, Mansueto Almeida, Mendonça Filho afirmou que, em março o governo deve anunciar novas mudanças no Fies, para tornar o programa sustentável e com menor risco e custo fiscal para as contas do governo.

De acordo com Mansueto, o Fies tem um custo anual próximo de R$ 20 bilhões, mas com subsídio em torno de R$ 8 bilhões e tarifas bancárias arcadas pela União de aproximadamente R$ 1 bilhão para remunerar as instituições financeiras responsáveis pelo repasse.

Segundo o Santander, o número de contratos “menor que as expectativas” do banco  é visto como “negativo”. Contudo, o impacto potencial negativo pode ser limitado já que a “importância do
Fies nas novas matrículas caiu significativamente desde 2015”. 

CSN (CSNA3)

Para ver pronta a Ferrovia Transnordestina, cujas obras se arrastam há mais de dez anos, o governo concordou em aportar mais R$ 1,4 bilhão no projeto nos próximos três anos. A CSN, sócia privada da ferrovia, promete colocar mais R$ 1,8 bi até 2021, quando a obra seria concluída.

A proposta financeira foi apresentada nesta segunda-feira, 6, pela Transnordestina Logística S/A, o braço da CSN responsável pelo projeto. A obra é alvo de uma decisão do Tribunal de Contas da União (TCU), que mandou paralisar os repasses do governo. Por isso mesmo, o governo concordou com os novos aportes, mas com uma condição: eles só serão feitos se a empresa cumprir as condições impostas em janeiro de 2016 pelo TCU.

A corte de contas quer, entre outras coisas, saber qual será, afinal, o valor da obra. Para isso, exige que seja elaborado um novo estudo de viabilidade técnica, econômica e ambiental (Evtea) – um trabalho que consome meses. A partir desse estudo, será possível determinar quanto, afinal, a TLSA aportará no projeto. Até agora, a obra já consumiu pelo menos R$ 6,3 bilhões, sendo aproximadamente 80% de recursos públicos.

Pela proposta apresentada na tarde desta segunda-feira em reunião no Palácio do Planalto, a TLSA se dispõe a aportar R$ 133,5 milhões na obra este ano. O governo entraria com igual valor, além de ressarcir a TLSA por obras já realizadas no valor de R$ 300 milhões, dos quais R$ 150 milhões já foram repassados no mês passado. Tudo somado, o orçamento deste ano será de R$ 567 milhões.

Triunfo (TPIS3)

A Triunfo contratou consultoria para revisão interna após busca realizada pela Polícia Federal. Por determinação do conselho, a companhia iniciou trabalho de revisão interna para apurar a natureza, extensão e impacto dos fatos relacionados aos mandados de busca e apreensão cumpridos pela Polícia Federal em 10 de novembro de 2016. 

A companhia contratou o Souza, Cescon, Barrieu e Flesch Advogados e a ICTS Global Serviços de Consultoria em Gestão de Riscos Ltda. para a realização da revisão interna, disse ela.

O grupo anunciou ainda que avalia a possibilidade de alienar ativos com objetivo de reduzir seu endividamento e de suas controladas.

Viver (VIVR3)

O jornal Valor Econômico informa que a Viver Incorporadora apresentou ontem 17 planos de recuperação judicial, no valor total de cerca de R$ 1,2 bilhão, incluindo passivos com bancos e fornecedores e dívidas trabalhistas. A recuperação abrange plano principal – para a holding e 48 projetos sem patrimônio afetado – e 16 planos individuais para as Sociedades de Propósito Específico (SPEs) com patrimônio de afetação.

CCR (CCRO3)

O Tribunal de Justiça de São Paulo não conheceu do recurso apresentado pela CCR no caso Autoban e determinou a remessa dos autos para redistribuição, segundo decisão publicada no website da corte.

A ação é movida pela Artesp e refere-se ao método de cálculo para o reequilíbrio do contrato de concessão do AutoBan. A íntegra da decisão será publicada nos próximos dias, segundo assessoria do TJ-SP. 

Movida

A captação com o seu IPO da Movida ficou em R$ 536 milhões na oferta primária e R$ 109,2 milhões na oferta secundária, segundo a CVM (Comissão de Valores Mobiliários). As ações da companhia começam a ser negociadas em 8 de fevereiro com o ticker MOVI3.

A empresa reduziu o preço inicial da faixa de R$ 8,90 para R$ 7,50, disse a Reuters, citando poessoas com conhecimento direto do assunto. Vale lembrar que a Unidas também está entrando na Bolsa e deve ter usa precificação de ações divulgada em 10 de fevereiro.

Azul
A companhia aérea Azul registrou pedido para oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) nos Estados Unidos de até 100 milhões de dólares, de acordo com informações da Securities and Exchange Comission (SEC).

No pedido apresentado ao órgão regulador do mercado de valores mobiliários norte-americano, a Azul informou que planeja usar uma parte dos recursos da oferta para pagar aproximadamente 333 milhões de reais em dívida.

 Profarma (PFRM3)

A Profarma planeja aumento de capital privado de até R$ 100 milhões. O Conselho fiscal foi favorável à emissão de 11,5 milhões de novas ONs a R$ 8,69 por ação para colocação privada, em reunião na segunda-feira, diz a Profarma em ata do encontro.

(Com Agência Estado, Reuters e Bloomberg)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.