Mega-leilão do pré-sal será antecipado; Marfrig rebaixada, Gol elevada e mais 4 recomendações são destaque

Confira os destaques do noticiário corporativo desta segunda-feira (30)

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O noticiário é movimentado nesta segunda-feira, com destaque para prévias de resultados do quarto trimestre com revisões de recomendações. Além disso, a temporada de balanços conta com Cielo e Fibria, com números que serão divulgados após o fechamento do pregão. O Credit Suisse espera números fracos para a Cielo, com o volume de cartões pressionado. Confira os destaques desta segunda-feira (30):

Petrobras (PETR3;PETR4)

Destaque para duas notícias sobre Petrobras. Segundo o jornal O Globo, apesar da estatal ter solicitado autorização à Agência Nacional do Petróleo (ANP) para contratar no exterior a primeira plataforma (FPSO) de produção da área de Libra, no pré-sal, a companhia disse à publicação ser possível que uma parte dos equipamentos seja fabricada no Brasil. Isso poderia gerar em torno de 25 mil empregos diretos e indiretos, de acordo com estimativas da indústria. 

Já o jornal O Estado de S. Paulo informa que  o governo prepara um megaleilão de áreas exploratórias do pré-sal em novembro. Será a quarta e a maior licitação no setor de petróleo neste ano, o que, na avaliação do ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, pode elevar muito a arrecadação da União com bônus do setor, inicialmente prevista para R$ 4,5 bilhões. Ele ressalta que medidas adotadas pelo governo, como a mudança nas exigências de conteúdo local, visam aumentar a competitividade do País para atrair investidores internacionais para a disputa.  “Para atrair outras empresas, como a ExxonMobil e outras grandes, e eles estão de olho no pré-sal, a ideia seria colocar novas áreas e, em vez de esperar 2018, fazermos em 2017”, disse o ministro. O governo ainda não tem uma estimativa de arrecadação para essa licitação.

Braskem (BRKM5)

A Braskem informou que seu conselho de administração autorizou nesta sexta-feira acordo com a Odebrecht Utilities para comprar o controle da empresa Cetrel, de tratamento de resíduos industriais e fornecimento de água para fábricas.

O acordo envolve a compra de 63,7 por cento da Cetrel, detidas pela Utilities, pelo qual a Braskem pagará 610 milhões de reais, na conclusão da transação, podendo sofrer ajustes, afirmou a companhia em comunicado.

Frigoríficos e alimentos

De acordo com matéria da Bloomberg, a profileração de focos da gripe aviária na Ásia e na Europa pode levar a um aumento das exportações de frango do Brasil. O maior exportador mundial de frango, o Brasil segue sem registrar casos da doença, que está levando ao abate em massa de aves – mais de 30 milhões somente na Coreia do Sul – em outras partes do mundo. Assim, a expectativa da indústria é que Brasil preencha lacuna deixada por países que tiveram suas exportações banidas após registros da doença. EUA, que já registraram casos de gripe aviária no passado, também poderiam se beneficiar. “A situação global piorou desde o meio de dezembro”, diz Nan-Dirk Mulder, analista da Rabobank International em Utrecht, Holanda. “Países como o Brasil e os EUA irão capturar market share da União Europeia em mercados internacionais”.

Ainda no setor, o BTG Pactual fez relatório de prévia do quarto trimestre, mantendo a Minerva (BEEF3) como a top pick ao projetar um balanço positivo a ser divulgado no dia 21 de fevereiro, com a mais forte margem Ebitda do ano, A BRF (BRFS3) segue com recomendação de compra, mas a expectativa é de um quarto trimestre negativo. Os analistas mantêm recomendação neutra para os ativos da JBS (JBSS3), apesar de esperarem um trimestre mais positivo no segmento de carnes no quarto trimestre, com alta de 6% das margens. A expectativa é de números fortes também para a M. Dias Branco (MDIA3). Porém,, a recomendação segue neutra em meio ao valuation e expectativa de desaceleração. Por fim, a mudança ficou com a Marfrig (MRFG3), que teve a recomendação rebaixada para neutra, com a companhia devendo registrar resultados poucos inspiradores, com queda de 17% do Ebitda na comparação anual, O preço-alvo também foi reduzido de R$ 9 para R$ 7,60.

O Santander também fez um relatório de análise sobre o setor de alimentos e bebidas, continuando a ver  oportunidades de longo prazo em Minerva, JBS e BRF, mas esta última continua lutando com dinâmicas desafiadoras de curto prazo. “Apesar de esperarmos que o ‘momentum’ se acentue em 2017 (melhora do ciclo da carne bovina, menores custos de grãos/insumos e perspectiva de moeda mais fraca), acreditamos que os investidores podem esperar um pouco mais para aumentar suas participações no setor”. 

Eles ainda destacam a crescente convicção em JBS, devido a um ano forte em todos os seus negócios, declínio do endividamento com geração consistente de caixa e uma potencial reclassificação após a listagem da JBS Food International (esperada para o primeiro semestre. “Em contrapartida, a BRF parece estar pronta para mais um trimestre fraco à frente e a recuperação no Brasil pode levar mais tempo do que inicialmente esperado”, apontam.

Ainda sobre a JBS, uma fonte ouvida pela Bloomberg informou que a JBS USA elevou o valor da linha de crédito para US$ 2,8 bilhões.  O acordo eleva valor da linha em US$ 710 milhões em relação aos US$ 2,09 bilhões inicialmente previstos, segundo pessoa familiarizada com assunto que não está autorizada a falar publicamente e pediu para não ser identificada. A linha de crédito (Term loan B) tem taxa reduzida para Libor (0,75%) acrescida de 250 pontos base, ante referência inicial de Libor+275 pontos-base. O cordenador da operação é o Barclays.

Por fim, a JBS Foods informa que John Boehner será membro independente do conselho. Boehner foi o 53º líder do Congresso dos Estados Unidos e será membro independente do conselho de administração da JBS Foods International, segundo comunicado ao mercado. Além dele, os outros membros independentes serão Greg Heckman, Charles Macaluso, Steven Mills e Dimitri Panayotopoulos. Os indicados deverão iniciar suas atividades na JBS Foods
após a sua listagem na Nyse, “A JBS manterá o mercado informado quanto aos próximos passos associados à listagem da JBSFI”, diz o comunicado.

Bancos

Duas notícias sobre bancos devem agitar o pregão. O jornal Folha de S. Paulo informa que, depois da pressão para a queda nos juros do cartão de crédito, com a imposição de prazo máximo para que um cliente fique no rotativo, o governo agora cobra dos bancos a redução das taxas do cheque especial. A Febraban (Federação Brasileira de Bancos) montou um grupo de trabalho para buscar alternativas que possam diminuir o custo da linha, hoje em 328,6% ao ano.  Até então, bancos não discutiam medidas para reduzir o juro do cheque especial, destaca o jornal. 

Além disso, em relatório, o Santander destacou ver recuperação mais rápida dos bancos no quarto trimestre.  “Nesta temporada de balanços, deve se tornar evidente que os bancos estão se recuperando mais rapidamente do pobre ciclo macroeconômico do que as financeiras não-bancárias”, segundo relatório assinado por Henrique Navarro, Olavo Arthuzo e Bruno Mendonca.

“Em geral, esperamos que os ROAEs dos bancos cresçam na comparação trimestral, enquanto que as margens e ‘ratios’ combinados se contraiam – e, em média, esperamos que isso continue nos próximos trimestres”, “Consequentemente, dado o nosso potencial de retorno médio para bancos (16%) e não-bancos (9%), vemos os últimos como uma forma menos custosa de obter exposição a seguros, aquisição, fidelidade e outros segmentos”. 
“Acreditamos que as melhores oportunidades de negociação de curto prazo para os resultados do quarto trimestre são: comprado SULA X PSSA; comprado BBDC X CIEL; e comprado em SMLE e bancos”, apontam. 

Sobre bancos, os analistas preveem bons resultados para o Bradesco com o impacto líquido do HSBC Brasil e outra rodada de melhoria da qualidade dos ativos no balanço do Itaú. “Para o Banco do Brasil (BBAS3), damos o benefício da dúvida e não descartamos um viés positivo para correção, pois acreditamos que o mercado tenha reagido exageradamente quando a mudança de guidance foi divulgada. Recomendamos que os investidores mantenham posições compradas (long) em bancos para os resultados do quarto trimestre”, destacam. 

Bens de capital

O Santander prevê um quarto trimestre fraco para as companhias de bens de capital.  A maioria dos ativos sob cobertura do banco deve “apresentar resultados fracos, conduzidos pelo real mais forte no quarto trimestre (alta de 14% na base anual) afetando negativamente as exportações e a conversão de resultados e volumes domésticos mais fracos que o esperado, resultando em custos potenciais de reestruturação”, segundo relatório assinado por João Noronha e Daniel Gewehr. “Em nossa opinião, a Iochpe-Maxion (MYPK3) provavelmente será o destaque relativamente positivo na temporada de resultados do quarto trimestre, enquanto esperamos que Randon (RAPT4) e Marcopolo (POMO4)  sejam as luzes mais fracas”. Já para a WEG (WEGE3), os analistas acreditam que a operação doméstica deve continuar ganhando importância em relação aos resultados internacionais (impulsionada, principalmente, pelo real 14% mais forte), afetando positivamente as margens, mas ao custo de um crescimento mais fraco. Para a Metal Leve (LEVE3), os analistas esperam que o real mais forte afete negativamente as margens de exportação, o que, somado aos baixos volumes no mercado interno, prejudicaria os resultados. 

Sanepar (SAPR4)

A Sanepar teve a cobertura iniciada pelo Bradesco BBI com recomendação de compra. Os analistas destacam que o case de investimento da companhia é um dos mais atrativos da última década entre as utilities brasileiras. A estimativa é de uma alta de 38% do Ebitda na base anual em 2017 em meio às novas regras tarifárias em abril deste ano. “Isso também explica por que, apesar do recente rali de 47% desde o ‘re-IPO’, nós ainda vemos upside para os papéis”, apontam. O preço-alvo para os ativos é de R$ 20,00.

Universidades

O jornal Folha de S. Paulo informa que a  inadimplência no Fies (financiamento estudantil) cresceu em 2016 e reforçou as preocupações sobre a sustentabilidade do programa.  Dados obtidos pelo jornal por meio da Lei de Acesso à Informação apontam que 53% dos 526,2 mil contratos em fase de pagamento estavam atrasados em setembro –última atualização disponível. A inadimplência era de 47% em 2014 e de 49% em 2015.

“Apesar desse número divulgado ser abaixo do que alguns investidores esperam ser a inadimplência do programa no futuro (o que é positivo), preferimos esperar novos dados saírem ao longo de 2017 (trazendo cada vez mais alunos para a base de análise) para termos uma leitura mais precisa. Seguimos positivos com o setor mas reconhecemos que o fluxo de notícias é um obstáculo para um re-rating mais forte dos papéis, pelo menos no curto prazo. A Kroton (KROT3) segue como top pick”, aponta o BTG Pactual. 

Ações canceladas

A BM&FBovespa anunciou na sexta-feira (27) que 15 companhias terão suas listagens canceladas no dia 6 de março por conta do não cumprimento dos requisitos previstos no regulamento do mercado. Segundo comunicado, todos os valores mobiliários de emissão destas companhias deixarão de ser negociados a partir de 2 de março.

A suspensão ocorre pelo descumprimento recorrente de normas da companhia como não entregar informações financeiras ou ter ações negociadas por menos de R$ 1, as chamadas penny stocks. Dessas companhias, sete já estavam com as negociações suspensas pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários), entre elas a Agrenco, Companhia Agropecuária do Jahu, Companhia Docas de Imbituba, DHB, Firmeza Agroindustrial, Laep e RJ Capital Partners.

Além delas, serão suspensas a Cobrasma, Companhia Industrial Schlösser, Fiação e Tecelagem São José, IGB Eletrônica (Gradiente), Maori, Tecblu Tecelagem Blumenau, YPF e Construtora Sultepa. Estas oito ações serão negociadas de forma não contínua, ou seja, negócios feitos exclusivamente por meio de leilão, entre 30 de janeiro e 1º de março.

No caso da Sultepa, assim como da RJ Capital Partners, a bolsa determinou a realização de uma oferta pública de aquisição de ações (OPA) até o dia 1º de dezembro de 2017. “A BM&FBovespa esclarece que não se responsabiliza por quaisquer prejuízos eventualmente sofridos por investidores ou quaisquer terceiros em virtude ou em decorrência do cancelamento de listagem”, acrescenta a Bovespa em comunicado. Confira mais clicando aqui. 

Elétricas

Segundo informa o jornal O Estado de S. Paulo, o desafio do governo de rever os subsídios do setor elétrico não será fácil. Os grupos que recebem os descontos são amplamente articulados e contam com a movimentação de deputados e senadores para mantê-los.

Para este ano, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) propôs reduzir a quase metade o valor do subsídio pago para o carvão, de R$ 1 bilhão por ano para R$ 556 milhões. O subsídio para o carvão, na verdade, é dado às minas. Por lei, o governo assegurou uma compra mínima de carvão para manter a atividade econômica nas regiões produtoras de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Após fiscalização, a Aneel percebeu que havia um grande estoque de carvão não utilizado pelas quatro usinas beneficiadas pelo subsídio: Jorge Lacerda, Presidente Médici (fases A e B), Candiota 3 e Figueira. Assim, o órgão regulador decidiu cortar o valor repassado para compra do combustível.

Desde que os números foram divulgados, já se manifestaram contra essa redução a Associação Brasileira do Carvão Mineral (ABCM); a Companhia de Geração Térmica de Energia Elétrica (CGTEE), do grupo Eletrobras; o Sindicato da Indústria de Extração de Carvão do Estado de Santa Catarina (Siecesc); o Sindicato Nacional da Indústria da Extração de Carvão (SNIEC); e até a Ferrovia Tereza Cristina, que transporta carvão e teme a perda de recursos com a redução das viagens.

O subsídio para as usinas movidas a óleo e a diesel que atendem às regiões isoladas do Norte do País também deve ser reduzido, dos atuais R$ 6,3 bilhões anuais para R$ 4,3 bilhões. A fiscalização da Aneel não repassa às empresas recursos para a compra de combustível a preços muito altos e volumes excessivos. Já se manifestaram contra essa redução a Eletrobras, que tem contratos com termoelétricas, e a Petrobras, fornecedora do combustível usado por essas usinas.

Ainda sobre a companhia estatal  planeja desembolsar R$ 2,5 bilhões com os planos de demissão voluntária e de incentivo à aposentadoria de seus funcionários previstos para este ano, destaca o Valor. O objetivo da empresa, com as duas iniciativas, é reduzir em 5 mil empregados a força de trabalho do grupo – um custo médio de R$ 500 mil por funcionário desligado – e gerar uma economia à companhia de R$ 1,7 bilhão anuais. Junto com a previsão de desligamento de 6 mil funcionários relativos às distribuidoras que deverão ser vendidas este ano, a Eletrobras (ELET6) reduzirá o total de seu contingente de 23 mil para 12 mil pessoas.

IPO do Carrefour

Segundo o Valor, o Carrefour Brasil seleciona bancos para IPO. O JPMorgan e BofAML serão coordenadores líderes da oferta inicial de ações, que também contará com Itaú BBA e Goldman Sachs, diz Valor Econômico, citando fontes não identificadas próximas à companhia. O IPO pode ocorrer no mês de maio, diz o jornal citando as fontes; demora na reação do mercado pode adiar oferta para segundo semestre. O Carrefour não se manifestou, segundo o Valor.

Gol (GOLL4)

A companhia aérea Gol informou nesta segunda-feira que a margem operacional do quarto trimestre deve ficar no intervalo de 6,5 a 7 por cento, dentro da projeção da empresa divulgada em novembro e incluindo despesas de reestruturação de frota.

A companhia afirmou ainda que a receita por passageiro (Prask) cresceu 6,5 a 6,8 por cento no período na comparação com o quarto trimestre de 2015, “impulsionada pelas tendências da demanda e pela melhora dos yields (indicador de preços de passagens)”.

O Bnak of America Merrill Lynch, por sua vez, elevou a recomendação para as ações da Gol para compra, afirmando que as “estrelas estão alinhadas”, com um preço-alvo de US$ 25,00 para o ADR; Os analistas destacam o câmbio favorável e ainda apontam que a companhia aérea está melhor posicionada para se beneficiar de um melhor cenário macroeconômico.  

Oi (OIBR4)

A Oi confirmou em comunicado que realizará uma reunião ordinária do seu Conselho de Administração convocada para o dia 1 de fevereiro e que, entre outros temas constantes na Ordem do Dia da reunião, os conselheiros serão devidamente atualizados sobre o andamento da recuperação judicial e de discussões com credores e potenciais investidores, e, como consequência, poderão ser discutidas alternativas de acordo com opiniões recebidas pela Companhia de tais credores ou potenciais investidores.

“A companhia esclarece ainda que, como já divulgado anteriormente, a administração vem se reunindo regularmente com credores, demais stakeholders da Companhia e potenciais investidores, inclusive com o fundo de investimento mencionado na notícia, com vistas a reunir impressões, comentários e sugestões de melhoria ao plano de recuperação judicial. Nestas conversas, uma das alternativas preliminares suscitadas seria a entrega imediata de [ações][equity] aos credores, em condições que ainda não foram definidas. Contudo, não há, até o momento, decisão definitiva com relação a qualquer alteração no plano de recuperação apresentado pela Companhia em 5 de setembro, de modo que ainda é prematura qualquer afirmação a respeito de eventuais impactos resultantes do plano. Naturalmente, eventuais alterações no plano de recuperação judicial serão oportuna e adequadamente divulgadas”, aponta a empresa.

Light (LIGT3)

A Light, por sua vez, informou prévia operacional do quarto trimestre, apontando alta do número de consumidores de 2,7% na base de comparação anual, para 4,42 milhões. A tarifa média de fornecimento aumentou 4,2%, para R$ 474/MWh. 

(Com Reuters, Bloomberg e Agência Estado)

 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.