Siderúrgicas saltam até 8% e educacionais caem com irregularidade no Fies; microcap dispara 75%

Confira os principais destaques do noticiário corporativo desta segunda-feira (23)

Paula Barra

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SÃO PAULO – As ações brasileiras tiveram seu segundo pregão seguido de ganhos nesta segunda-feira (23), em meio à ausência de novidades concretas no governo de Donald Trump e com possível adiamento da Operação Lava Jato, ampliando a trégua política. Além disso, a alta do minério de ferro e a novidades envolvendo um reajuste do compulsório puxaram a Vale, siderúrgicas e bancos.

Nos últimos 21 pregões, as ações da mineradora dispararam 40%. Para Roberto Monteiro, operador da corretora Renascença, a Vale sobe mais por perspectivas de resultados positivos, lembrando que nesta segunda-feira o minério de ferro subiu no porto da Qingdao, na China.

Do lado negativo, destaque para as ações da Kroton, que caíram até 5,08% nesta sessão, a R$ 13,46, em meio à notícia da revista Veja do último final de semana, que apontou para irregularidades no Fies (programa do governo de financiamento estudantil), com um enfoque principalmente na Kroton.

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Confira os principais destaques de ações da Bovespa nesta segunda-feira:

TIM Participações (TIMP3, R$ 8,99, +2,51%)
As ações da TIM subiram após o Morgan Stanley elevar a recomendação para as ações da TIM de equalweight (exposição em linha com a média do mercado) para overweight (exposição acima da média do mercado), com o preço-alvo dos ADRs (American Depositary Receipts) sendo elevado de US$ 14,90 para US$ 16,40.

Kroton (KROT3, R$ 13,55, -4,44%) e Estácio (ESTC3, R$ 16,05, -2,85%)
As ações da Kroton e Estácio registraram queda nesta segunda-feira, após uma reportagem da revista Veja, do último final da semana, apontar irregularidades no Fies, principalmente durante o período de 2010-2014, quando os players privados usaram o programa para a aumentar os preços, segundo publicação. A reportagem aponta que o programa se transformou em uma grande farra para as universidades privadas, citando principalmente a Kroton. 

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Segundo o BTG Pactual, após conversa com a empresa durante o final de semana, não há dúvidas de que o Fies ajudou todos os players do setor em termos de preços consolidados, mas analistas do banco acreditam que há uma grande diferença entre esses impactos negativos no P&L (correspondente ao demonstrativo de perdas e lucros, na sigla em inglês) e qualquer irregularidade. “Neste momento, não vemos qualquer evidência que as empresas do setor cometeram qualquer irregularidade e continuamos achando que o ajuste do programa será feito daqui pra frente com as novas regras (FIES 2.0), mas reconhecemos que notícias como essa, apesar de não trazer grandes novidades, devem continuar pesando no setor”, comentaram os analistas. Apesar da pressão de receita, eles mantiveram a recomendação de compra para a ação, baseado no ponto de que ainda há diversas alavancas de geração de valor, principalmente para margens.

Em nota, a Kroton disse que está integralmente alinhada com o cumprimento da legislação educacional brasileira e com as regras do financiamento estudantil, segundo comunicado à CVM.  A “mensalidade escolar aplicada para os alunos de uma turma é exatamente a mesma independentemente de ser um aluno FIES ou não FIES”, disse a companhia. “Descontado o ’efeito mix, a diferença dos encargos educacionais entre alunos FIES e não FIES é de 8% do encargo educacional (data base 2016/1) e integralmente justificada pela elegibilidade ou não elegibilidade dos alunos (FIES e não FIES) às bolsas e/ou descontos praticados pela Companhia”.

Eletrobras (ELET3, R$ 22,97, +3,80%ELET6, R$ 26,71, +4,21%)
As ações da Eletrobras subiram em meio a notícias do Estadão sobre a companhia. 
A matéria aponta que, com a reestruturação, as empresas do grupo terão de seguir um rito de corte de custos e enxugamento da estrutura ditados pela controladora. Haverá a redução das chamadas funções gratificadas – funcionários que são designados em caráter transitório para desempenhar atividades de assessoria e de gerência. Por causa disso, recebem uma gratificação que pode variar entre R$ 5 mil e R$ 10 mil por mês. Depois de um período, essa gratificação começa a ser incorporada ao salário.

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Só na holding havia 228 posições gratificadas na área de gerência. De novembro pra cá, esse número foi reduzido para 99. “Tínhamos quatro níveis hierárquicos. Decidimos ficar com três”, afirmou o presidente da estatal ao jornal. No grupo todo, são 2.220 pessoas que agora estão sob a mira do executivo. Ainda neste primeiro trimestre, 30% dessas funções devem ser cortadas.

Junto a isso, haverá um Programa de Demissão Voluntária (PDV), que pode resultar no corte de 2,4 mil pessoas, e um plano de aposentadoria incentivada. Pelos estudos feitos até agora, cerca de 35% do pessoal da estatal teria idade para se aposentar. No total, espera-se reduzir de 23 mil para 12 mil o número de funcionários – isso inclui a privatização das distribuidoras da empresa, que têm 6 mil funcionários. Se conseguir implementar o plano, em 2018, a empresa teria uma economia de R$ 1,7 bilhão.

Vale (VALE3, R$ 33,31, +3,77%; VALE5, R$ 31,50, +4,83%)
As ações da Vale acompanharam os preços minério de ferro – com o contrato futuro da commodity negociado em Qingdao subindo 0,90%, a US$ 81,13 – e subiram forte nesta sessão. O minério de ferro sobe com mercado se preparando para início do feriado de ano novo lunar chinês, na sexta-feira. Além disso, vale destacar que boa parte dos metais avançou após Trump reiterar promessa de investir em infraestrutura e retomar crescimento anual de 4%.

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Por outro lado, as recomendações para a Vale impulsionam os papéis da mineradora. A Vale teve a recomendação elevada pelo Citi para compra, com preço-alvo para os ADRs de US$ 14,00. Já o Itaú BBA destacou para a agência Reuters que o rali das ações vai continuar após os ativos mais que dobrarem de valor este ano, mesmo se os preços do minério registrarem queda. As notícias da retomada da Samarco e as indicações de melhora de governança corporativo com a proximidade do acordo entre acionistas ajuda a ter uma visão positiva sobre a companhia. O preço-alvo para os papéis PNA da Vale é de R$ 34,00. 

Siderúrgicas também registraram um dia de ganhos, com destaque para Usiminas (USIM5, R$ 5,22, +8,30%), Gerdau Metalúrgica (GOAU4, R$ 5,76, +4,54%), Gerdau (GGBR4, R$ 12,69, +3,85%) e CSN (CSNA3, R$ 12,41, +3,76%).

Destaque para um relatório do BTG Pactual desta segunda-feira. Os analistas do banco disseram que confirmaram os rumores de que os players de aço longo – como Gerdau – estão buscando um aumento de preços na faixa de 10%.

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Eles comentaram que o cenário ainda é desafiador (entre queda da demanda de dois dígitos e competição acirrada), trazendo riscos de implementação, mas acreditam que a direção dos preços é para cima. “Não faz muito sentido no nível de prêmio hoje de vergalhão no Brasil ser perto de zero”, comentaram.

Segundo eles, esse barulho de aumento de preços pode ajudar a minimizar preocupações com relação ao resultado do 4° trimestre, que deve vir bem fraco. A estimativa aponta para uma queda de 37% no Ebitda da Gerdau no período, na comparação anual, por conta de volumes domésticos piores no Brasil, piora no mix de produtos, aumento de custos e spreads de metal menores nos EUA. “Acreditamos que o resultado pior seja um evento isolado e que já é amplamente esperado pelo mercado, enquanto esperamos que a companhia se beneficie de um maior investimento em infraestrutura e protecionismo por parte dos EUA”, comentaram. O BTG reiterou recomendação de compra para a ação. 

Petrobras (PETR3, R$ 17,98, +0,84%; PETR4, R$ 15,99, -0,06%)
As ações da Petrobras viraram para alta apesar da pressão por conta da queda do preço do petróleo. O barril tipo brent registrou queda de 0,57%, a US$ 55,66 o barril, enquanto o WTI teve baixa de 0,86%, a US$ 52,76, com a alta na produção do petróleo ofuscando os cortes de produção da Opep.

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Karsten (CTKA4, R$ 4,75, +75,93%)
A microcap Karsten chegou a disparar 100% nesta sessão, dando continuidade aos ganhos do fim da última semana. Neste momento, os papéis acumulam ganhos de 150% nos últimos 7 pregões. O volume também chamou atenção, atingindo R$ 1,07 milhão, contra média de 21 pregões de R$ 11,53 mil. Questionada pela Bovespa mais cedo pela disparada de 52% na última sexta, a Karsten disse que “não tem conhecimento de qualquer fato ou ato ocorrido” que pudesse explicar as oscilações.

EzTec (EZTC3, R$ 18,35, -0,43%)
As ações da EzTec viraram para queda no fim da sessão. A companhia divulgou sua prévia operacional do quarto trimestre.
A incorporadora e construtora lançou um empreendimento imobiliário no quarto trimestre, com valor geral de vendas (VGV) de R$ 61 milhões, na zona sul de São Paulo (Up Home Vila Mascote). No terceiro trimestre de 2016 e no quarto trimestre de 2015, não houve lançamentos. A companhia terminou 2016 com três lançamentos, somando VGV de R$ 205 milhões.

Segundo o BTG Pactual, os números foram fracos, mas em linha com o esperado pelo mercado, apontando ainda para uma recuperação após um preocupante terceiro trimestre de 2016. “Após um forte desempenho no acumulado do ano, com alta de 18%, nós mantivemos nossa recomendação de compra uma vez que acreditamos que a EzTec poderia ser uma das primeiras companhias para se beneficiar da potencial recuperação das vendas do setor imobiliário”, afirmam os analistas. 

Papel e celulose
As ações de papel e celulose devolvem parte dos ganhos registrados na última semana em meio à notícia de que a Suzano elevou o preço da commodity. Além disso, os papéis têm um movimento de baixa em meio à queda do dólar, que é negativa para as empresas dado o caráter exportador das companhias: o contrato futuro da divisa americana com vencimento em fevereiro registra queda de 0,41%, a R$ 3,166, enquanto o dólar comercial tem baixa de 0,73%, a R$ 3,159 na venda. Com isso, Fibria (FIBR3, R$ 31,77, -0,66%) e Suzano (SUZB5, R$ 14,28, +2,88%) ficaram entre perdas e ganhos. 

Ganhadoras com a queda da Selic
As ações de empresas que se beneficiam do cenário de queda da Selic, caso de companhias do setor de varejo e do setor imobiliário, seguem em alta. O Focus desta segunda-feira voltou a reduzir suas projeções para a Selic no fim de 2017 e 2018. O Relatório com as previsões dos economistas mostrou que a mediana das previsões para a Selic este ano passou de 9,75% para 9,50% ao ano. Há um mês, estava em 10,50% ao ano. 
No relatório Focus desta segunda, a Selic média de 2017 passou de 11,08% para 10,91% ao ano. Há um mês, a mediana da taxa média projetada para o ano era de 11,53%. No caso de 2018, a Selic média foi de 9,70% para 9,50% ao ano. Quatro semanas antes, estava em 10,00%.

Pão de Açúcar (PCAR4, R$ 58,84, +2,85%), Lojas Americanas (LAME4, R$ 18,26, +1,61%) registraram ganhos expressivos, assim como imobiliários, caso de Rossi Residencial (RSID3, R$ 7,92, +5,60%) e PDG Realty (PDGR3, R$ 3,56, +6,27%). As duas companhias seguem o rali também de olho no noticiário sobre mudanças no setor, com destaque para possíveis mudanças nos distratos.