Mercado ensaia realização de ganhos de olho em Cunha e BCE, e Ibovespa Futuro abre em queda

Índice aponta para sessão de leve correção após cinco altas em seis pregões

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Depois do quinto pregão positivo em seis dias para o principal índice acionário brasileiro, o Ibovespa Futuro iniciou a sexta-feira (21) indicando movimento de correção. Às 9h03 (horário de Brasília), o índice acumulava queda de 0,44%, a 64.705 pontos. Em dia de agenda vazia nos Estados Unidos, os investidores seguem repercutindo o Banco Central Europeu, em meio à perspectiva de que a autoridade monetária manterá o seu programa de ativos financeiros, e a agenda política e econômica nacional, em meio às especulações sobre uma possível delação de Eduardo Cunha e o avanço da PEC 241. No mesmo horário, os contratos de dólar futuro acumulavam leves ganhos de 0,17%, a R$ 3,155.

As bolsas europeias têm uma leve alta nesta sexta-feira, ainda repercutindo as falas do presidente do BCE (Banco Central Europeu) Mario Draghi, que sinalizou que o alívio monetário não deve terminar abruptamente. O dia também foi de cautela para os mercados asiáticos.

 Já os mercados chineses encerraram em leve alta nesta sexta-feira, com o avanço das ações do setor de infraestrutura compensando as preocupações com um iuan fraco. As ações do setor de infraestrutura avançaram depois que a China divulgou regras para a gestão dos fundos públicos utilizados em projetos de parceria público-privada, muitos dos quais são para trabalhos de infraestrutura. O restante da região recuou na sessão, com o dólar subindo para a máxima de sete meses ante uma cesta de moedas e pressionando os preços do petróleo, o que reduziu o apetite por risco dos investidores. Já o japonês Nikkei caiu 0,30%; vale destacar que o iene subiu após terremoto de magnitude 6,6 graus atingir o oeste do Japão.

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Confira outros destaques desta sessão:

IPCA-15
Conhecido como prévia da inflação oficial, o indicador marcou alta de 0,19% em outubro, contra alta de 0,23% no mês anterior, informou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Pesquisa da Reuters com economistas estimava alta de 0,21% para o período.

Agenda política
O noticiário político é movimentado nesta sexta-feira. Os jornais de hoje destacam que o ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso na quarta-feira, deu os sinais de acordo para fazer delação premiada. Ele contratou  o advogado Marlus Arns, que atuou no acordo de delação premiada de empresários na Operação Lava Jato. Os últimos dias foram de maior tensão em meio aos temores de que a delação de Cunha pudesse envolver integrantes do governo. 

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Por outro lado, o presidente Michel Temer avalia que a prisão do ex-deputado não interferirá nas votações de interesse do governo no Congresso Nacional. Essa foi a sinalização repassada pelo porta-voz da Presidência, Alexandre Parola, ao responder a questionamentos sobre o tema. De acordo com Parola, a Operação Lava Jato é “da alçada” do Poder Judiciário e não terá a interferência do Executivo. As investigaçõs, disse, são um “sinal de amadurecimento democrático”. O porta-voz declarou que Temer não antecipou sua volta ao Brasil do Japão devido à notícia da prisão preventiva de Cunha. 

Vale destacar que o  presidente da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, senador José Maranhão (PMDB-PB), disse que vai anunciar na próxima quinta-feira o nome do relator da PEC 241. A PEC deve chegar ao Senado na terça-feira; Maranhão disse que muitos senadores estão interessados em relatar proposta, mas que isso depende de negociação e a escolha deve recair sobre senador que domine o tema. A PEC 241, que limita crescimento de gastos da União à inflação de um ano para o outro, deve ser votada em 2º turno pelo plenário da Câmara na próxima segunda ou terça. 

Agenda internacional
Na agenda internacional, o presidente do Federal Reserve de San Francisco John Williams, fala em conferência às 16h30. Já no Japão, o presidente do BoJ, Haruhiko Kuroda, afirmou hoje que muitos bancos centrais acreditam que suas próprias metas de inflação devem ser mantidas nos atuais níveis de 2 por cento em vez de serem elevadas para 3 ou 4 por cento. Ele também afirmou que o Banco do Japão fez um compromisso “bastante poderoso” ao prometer manter seu forte programa de estímulo até que a inflação supere sua meta de 2 por cento. 

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Noticiário corporativo
Em destaque no noticiário corporativo, a Localiza inaugurou a temporada de resultados.  A empresa anunciou que teve lucro líquido de R$ 103,9 milhões no terceiro trimestre, 1% superior ao resultado de igual etapa de 2015. Já a Gol foi elevada de manutenção para compra pelo Santander; a Fibria foi iniciada com recomendação equalweight e Suzano com overweight por Brasil Plural.

(Com Bloomberg e Agência Brasil)

O Ibovespa Futuro é um bom termômetro de como será o pregão, mas nem sempre prevê adequadamente movimentos na Bolsa a partir do sino de abertura.

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.