Itaú BBA rebaixa Brasil para equalweight e diz que rali recente parece estar “adiantado”

O progresso fiscal ainda precisa se materializar e os desafios políticos do país são grandes, afirma o banco

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O portfólio do Brasil teve a sua recomendação rebaixada de overweight (exposição acima da média do mercado) para equalweight (exposição em linha com o mercado) pelo Itaú BBA. 

“Nos próximos meses, vemos uma queda adicional do risco soberano, bem como uma continuidade da queda do real, impulsionado pelo fluxo de notícias e os fluxos de capital adicionais. Em nossa opinião, no entanto, este próximo ciclo pode estar apoiado em um excesso de otimismo sobre a execução da reforma tributária e por medidas que se desviam substancialmente em relação aos fundamentos. Muito já está precificado no CDS brasileiro, o progresso fiscal ainda precisa se materializar e os desafios políticos do país são grandes”, afirmam os estrategistas do banco.

Eles salientam que o rali recente parece estar em fase avançada, como indicado pelo valuation, fluxo de estrangeiros e desempenho relativo de small caps em relação ao prêmio de risco relativamente baixo”, destacam.

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Segundo os estrategistas, a atual equipe econômica do Brasil tem feito um trabalho notável de restaurar a confiança do mercado na economia do país e estabelecer as bases para a aprovação de reformas estruturais que possam reverter a deterioração das contas públicas.

Porém, grande parte da mudança, no entanto, parece já estar no preço uma vez que o Brasil se depara em um período de eleições complicado nos próximos seis meses que definirá o tom para a reviravolta nas finanças do país. 

“Nossa nova recomendação equal-weight é dirigida a investidores tanto para investidores que estão muito expostos quanto para aqueles que estão pouco expostos ao Brasil.  Isso porque os nvestidores correm o risco de deixar o ‘dinheiro na mesa’ caso a maré otimista continue. Já do ponto de vista da América Latina, no entanto, as perspectivas de risco-retorno com o Brasil overweight perderam apelo aos níveis atuais do mercado e, por isso, o rebaixamento. Por outro lado, a nossa nova recomendação equalweight para as ações brasileiras deve ser interpretada como um call para que os investidores que estão underweight se exponham mais no Brasil”, destacam.

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De acordo com eles, mesmo com a próxima etapa do rali podendo se estender, o Itaú BBA não vê CDSem 250 pontos-base ou taxa de câmbio de R$ 3,00 como sustentável durante 12 meses. 

 “Nossa equipe macroeconômica acredita que o atual nível de risco soberano é consistente com a classificação de crédito BB do Brasil e que, se todas as reformas fiscais propostas pela atual equipe econômica liderada por Henrique Meirelles forem aprovados, o CDS de dez anos do Brasil poderia convergir com a de países com rating BB+. Tal nível de CDS seria consistente com o Ibovespa a 61.100 pontos, sendo impulsionado puramente por fatores macroeconômicos, como uma implementação bem-sucedida da reforma fiscal”, ressaltam.  

Segundo o Itaú BBA, a prioridade para votação da PEC do teto de gastos pode manter outras iniciativas de lado por um tempo. O projeto de reforma constitucional recentemente enviada ao Congresso, o que limitaria o crescimento anual da despesa pública com a taxa de inflação do ano anterior, é visto pela atual equipe econômica como uma peça central de seu programa de reforma fiscal. “Por isso, não esperamos que o governo interino procure novas receitas até esta proposta ser votada. Na verdade, acreditamos que o governo interino poderia colocar em espera outras propostas para ajudar que esta lei seja aprovada com poucas ou nenhuma alterações. A primeira rodada de votação na Câmara está prevista para ocorrer em setembro, tornando-se tecnicamente possível, embora improvável, que possa ser totalmente aprovada no final do ano, enquanto a reforma da previdência têm maiores chances de ser diluída.”

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Na carteira Brasil do banco, o Itaú BBA destaca que a Petrobras (PETR3;PETR4) continua a ter um lugar primordial, sendo a que melhor sintetiza a melhora nos fundamentos do Brasil. Da mesma forma, eles continuam gostando de Smiles (SMLE3), que veem como uma maneira indireta de capturar os melhores fundamentos da Gol (GOLL4). Os estrategistas do banco adicionaram Klabin (KLBN11) ao portfólio, um nome de qualidade cujas operações são podem se beneficiar de uma recuperação na produção industrial e está negociada a níveis razoáveis. Na carteira, também houve a adição de BB Seguridade (BBSE3) e São Martinho (SMTO3), esta última tendo se beneficiado do aumento dos preços do açúcar. O banco também manteve Ultrapar (UGPA3), Bradesco (BBDC4) e Ambev (ABEV3) na carteira, enquanto tirou Lojas Americanas (LAME3) e Randon (RAPT4).

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.