Ibovespa cai, mas faz melhor mês desde 2002 em meio a expectativa de impeachment

Mercado recua em meio a possibilidade menor de destituição da presidente após decisão de manter processo de Lula no Supremo

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou em queda nesta quinta-feira (31), mas nos três primeiros meses de 2016 o índice fez sua maior alta desde o terceiro trimestre de 2009, subindo nada menos do que 15% contra os 19% daquele período. No mês, a alta foi de 16,67%, a maior desde os 17,92% registrados em outubro de 2002. Estimulando as compras dos investidores esteve a perspectiva de que haja uma mudança de governo e, consequentemente, de política econômica em um possível impeachment da presidente Dilma Rousseff. 

Hoje, após a maioria do STF (Supremo Tribunal Federal) decidir manter a decisão individual do ministro Teori Zavascki que determinou a suspensão das investigações da Operação Lava Jato sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a Bolsa caiu forte. Com a decisão, a parte da investigação que envolve Lula continuará no STF e não poderá ser conduzida por Moro.

O Ibovespa terminou o pregão em queda de 2,33% a 50.055 pontos. O volume financeiro negociado foi de R$ 7,920 bilhões. Já o dólar comercial fechou em queda de 0,68% a R$ 3,5935 na compra e a R$ 3,5963 na venda, enquanto o dólar futuro para maio recua 0,04% a R$ 3,621. O câmbio despencou após o Banco Central comprar apenas 2.900 dos 17.000 contratos de swap reversos ofertados. No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2017 tem alta de 12 pontos-base a 13,88%, ao passo que o DI para janeiro de 2021 avança 27 pontos-base a 13,91%.

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Segundo João Pedro Brugger, economista da Leme Investimentos, os ativos mais expostos ao governo como bancos e estatais foram os que mais sofreram, evidenciando este pessimismo com o noticiário político. “É uma decisão que logicamente fortalece o governo”, afirma. Além disso, ele ainda cita a articulação que vem sendo conduzida pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em comparação com o relativo silêncio da oposição, como um motivo para acreditar que as chances da presidente Dilma Rousseff sofrer um impeachment caíram substancialmente. “Está se aproximando do dia da votação e se fosse hoje, o governo teria plenas condições de vencer, mas até o dia 17 tem muita água para rolar”, avalia.

Ações em destaque
As ações da Petrobras (PETR3, R$ 10,63, -0,65%; PETR4, R$ 8,35, -1,07%) fecharam em forte queda pressionadas pelo noticiário político, apesar da forte alta do petróleo. O brent tem alta de 0,25%, a US$ 40,15 o barril.

Em destaque, está ainda o anúncio da empresa de redução de sete para seis no número de diretorias e mudanças no modelo de governança e gestão organizacional que incluem corte de 43 por cento nas 5,3 mil funções gerenciais em áreas não operacionais, medidas que visam a economizar quase 2 bilhões de reais ao ano.

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Além disso, vale destacar a notícia do jornal O Estado de S. Paulo de que o fundo de investimento que usa recursos do FGTS para investir em infraestrutura deve registrar em 2015 a menor rentabilidade da história. O jornal apurou que uma das principais razões para um resultado tão ruim deve ser a Sete Brasil. O FI-FGTS deve dar baixa em uma perda de cerca de R$ 1 bilhão pelos prejuízos com a empresa criada para construir e administrar as sondas do pré-sal.

As maiores baixas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano
 KLBN11 KLABIN S/A UNT N2 19,37 -5,93 -17,40
 LREN3 LOJAS RENNERON 20,79 -5,03 +21,95
 MRFG3 MARFRIG ON 6,49 -4,56 +2,20
 LAME4 LOJAS AMERICPN EB 16,74 -4,48 -13,47
 SANB11 SANTANDER BRUNT 16,91 -4,46 +10,95

Dentro do setor mais pesado no Ibovespa, o financeiro, bancos grandes caíram com a chance do impeachment mais distante. Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 31,21, -2,86%), Bradesco (BBDC3, R$ 30,23, -2,98%; BBDC4, R$ 27,07, -3,53%) e Banco do Brasil (BBAS3, R$ 19,77, -2,47%) recuaram. Juntas, as quatro ações respondem por pouco mais de 20% da participação na carteira teórica do nosso benchmark.

Já a Vale (VALE3, R$ 15,15, -2,51%; VALE5, R$ 11,38, -2,82%) também recuou, prejudicada pela queda do minério de ferro. A commodity spot com 62% de pureza e entrega no porto de Qingdao teve baixa de 0,79% a US$ 53,75.

As maiores altas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano
 JBSS3 JBS ON 10,91 +2,73 -11,66
 QUAL3 QUALICORP ON 14,90 +2,19 +5,45
 RUMO3 RUMO LOG ON 3,34 +1,21 -46,47

Por outro lado, as ações da JBS (JBSS3, R$ 10,90, +2,64%) sobem. 

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1
 PETR4 PETROBRAS PN 8,35 -1,07 583,23M
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN 31,21 -2,86 477,45M
 BBDC4 BRADESCO PN 27,07 -3,53 332,01M
 ABEV3 AMBEV S/A ON 18,82 -1,72 314,36M
 FIBR3 FIBRIA ON 30,34 -3,07 266,52M
 BBAS3 BRASIL ON 19,77 -2,47 250,62M
 CIEL3 CIELO ON 34,97 -2,51 247,35M
 VALE5 VALE PNA 11,38 -2,82 238,78M
 ITSA4 ITAUSA PN 8,17 -3,54 197,56M
 PETR3 PETROBRAS ON 10,63 -0,65 166,29M

* – Lote de mil ações 
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
 

Agenda econômica divide o PMDB
A cúpula do partido discute medidas de transição da economia como aumento de impostos para ajudar o ajuste fiscal. No entanto, peemedebistas já se preocupam com a possibilidade de iniciativas deste tipo prejudicarem o desempenho dos membros da sigla nas eleições municipais. O medo de encampar medidas impopulares é tanto dentro do PMDB que mesmo aliados do vice-presidente Michel Temer, tem dito que o documento “Ponte para o Futuro” não deve ser visto como um “Plano Temer” definitivo.

Mudanças de Ministros
Apesar da ministra da agricultura, Kátia Abreu, ter afirmado na véspera que não deixará o governo, ainda não se tem nenhuma confirmação de que não teremos mudanças entre os ministros de Dilma. Do grupo filiado ao PMDB, são 6 nomes ainda sem definição e que podem acarretar em alterações no quadro geral.

Além disso, o Palácio do Planalto confirmou na noite de ontem que George Hilton deixou o ministério do Esporte. Há duas semanas, o presidente nacional do PRB, Marcos Pereira, já havia anunciado que o partido deixaria a base aliada ao governo da presidente Dilma Rousseff e colocaria o Ministério do Esporte à disposição. Quase duas horas depois da divulgação da nota do PRB, George Hilton anunciou a saída do partido e o ingresso no PROS, também por meio de nota.

Dias depois, o Palácio decidiu exonerar Hilton e devolver a pasta ao PCdoB, dos ex-ministros Aldo Rebelo e Orlando Silva. Questionado, o ministério disse ontem que a exoneração do ministro ainda não havia sido publicada no Diário Oficial e que ele ainda era o atual ministro. A posse de Ricardo Leyser, do PCdoB, para o ministério do Esporte estava prevista para terça-feira, mas a formalização não ocorreu.

STF decide sobre Lula
O Supremo Tribunal Federal (STF) decide hoje se o juiz Sérgio Moro, responsável pela investigação da Operação Lava Jato na primeira instância da Justiça Federal, continuará na condução dos inquéritos contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A Corte vai decidir se referenda decisão proferida na semana passada pelo ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato no Supremo. O ministro suspendeu as investigações que envolvem Lula, por entender que cabe à Corte analisar se o ex-presidente tem foro privilegiado e deve ser processado pelo tribunal.

A polêmica sobre a nomeação de Lula para ocupar o cargo de ministro da Casa Civil do governo Dilma não deverá ser decidida pelos ministros, porque o processo no qual a posse foi suspensa está sob a relatoria do ministro Gilmar Mendes e não está pautado.

Relatório Trimestral de Inflação
O Banco Central piorou suas projeções de inflação para este ano e o próximo, indicando que vê a alta de preços no centro da meta apenas no início de 2018, fora do objetivo que vem pregando de que esse movimento deve ocorrer em 2017. Segundo o Relatório Trimestral de Inflação divulgado nesta quinta-feira, o BC vê inflação subindo 6,6% em 2016 e 4,9% em 2017 pelo cenário de referência, sobre projeções anteriores de elevação de 6,2% e 4,8%, respectivamente. O BC mostrou ainda que vê a inflação a 4,5% –centro da meta– no primeiro trimestre de 2018.

O BC ainda disse que não trabalha com a hipótese de flexibilização monetária e que adotará as medidas necessárias de forma a assegurar o cumprimento dos objetivos do regime de metas. Segundo a autoridade monetária, as incertezas associadas ao balanço de riscos para a inflação permanecem, principalmente quanto ao processo de recuperação dos resultados fiscais e sua composição, ao comportamento da inflação corrente e das expectativas de inflação.

Segundo José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator ouvido pela Bloomberg, o Relatório Trimestral de Inflação não teve muita novidade, com o BC vendo que o ajuste dos preços administrados se estendeu um pouco mais, como já estava nas atas do Copom, e adiou a desaceleração da inflação.  “O que justificaria alta dos juros é que as projeções pioraram. A ata como um todo, porém, não me parece hawkish”, afirma.

Indicadores dos EUA
Os pedidos de auxílio-desemprego na semana passada foram de 276 mil na semana passada, contra uma expectativa mediana dos economistas consultados pela Reuters em 265 mil. Na semana anterior, o número de pessoas que entraram com pedido pelo benefício foi de 265 mil. 

Às 10h45 saiu o Chicago PMI (Índice Gerente de Compras, na sigla em inglês) que mostrou um aumento da atividade industrial na região de 47,6 pontos para 53,6 pontos em março. A expectativa mediana dos economistas pela pesquisa Briefing era de 49,9 pontos. 

Cenário externo
As bolsas europeias e asiáticas têm um dia de cautela à espera de novas indicações do Federal Reserve, após o ânimo do início da semana com a fala “dovish” da chairwoman da autoridade monetária, Janet Yellen. Hoje, depois do dirigente do Fed de Chicago Charles Evans discursar, o presidente do Fed de Nova York, William Dudley falará, às 18h00.

Evans disse que qualquer melhora nas perspectivas macroeconômicas levará a um caminho de aperto monetário mais forte. “Minha avaliação da política monetária apropriada a seguir é que dada a situação da economia que estamos vendo, serão duas elevações das taxas este ano. Uma no meio do ano e outra no fim de 2016”, afirma. 

Na ásia, o índice japonês Nikkei teve queda de 0,71%, enquanto Hang Seng teve leve baixa de 0,13% e Xangai subiu 0,12%. Sobre a China, a agência de classificação de risco S&P rebaixa perspectiva do rating do país para negativa.

Enquanto isso, na Europa, o dia foi de queda, com o DAX registrando baixa de 0,81%, o FTSE em queda de 0,46% e o CAC 40 caindo 1,34%, com os olhos também voltados para os EUA. Entre os dados econômicos, o Produto Interno Bruto (PIB) do Reino Unido cresceu mais que originalmente estimado no quarto trimestre do ano passado, segundo revisão publicada hoje pelo Escritório para Estatísticas Nacionais (ONS, na sigla em inglês) do país. 

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