Vale afunda 7%, Prumo dispara após OPA e empresa que tem BTG como sócio desaba 16%

Outros destaques: Brasil Pharma desaba 50% desde a prisão de Esteves; Petrobras cai apesar de alta do petróleo

Paula Barra

Setor extrativo foi destaque de baixa em janeiro, mas projeções para o ano são boas

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Vale (VALE3, R$ 11,36, -6,96%; VALE5, R$ 9,23, -6,20%)
As ações da Vale vivem derrocada na Bolsa, desde a tragédia em Mariana, Minas Gerais, no começo do mês passado. Além da pressão pela queda dos preços do minério de ferro e dados ruins na China, a empresa tem nas costas incertezas sobre o tamanho do rombo que virá do rompimento das barragens da Samarco, joint venture entre Vale e BHP. 

Em fato relevante divulgado ontem, a companhia disse que a Sohumana Sociedade Humanitária Nacional ajuizou ação contra a Samarco e seus acionistas BHP Billiton e Vale, pedindo indenização de R$ 20 bilhões. Segundo o BTG Pactual, a postura da Vale segue bastante defensiva, garantindo que vai tomar todas as medidas para garantir o direito de defesa.

Além disso, o preço do minério segue caindo. A commodity negociada no porto de Qingdao, na China, com 62% de pureza, fechou em queda de 1,05%, a US$ 38,65.

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Dados da China também trazem incerteza ao cenário da mineradora. A balança comercial chinesa decepcionou, registrando um superávit comercial de US$ 54,1 bilhões em novembro, abaixo do saldo de US$ 61,64 bilhões de outubro e também das estimativas de analistas, de US$ 62,8 bilhões. 

Hoje ainda o BMO Capital Markets reiterou a recomendação das ADRs (American Depositary Receipts) da Vale em “underperform” (desempenho abaixo da média), mas cortou o preço-alvo de US$ 4,00 para US$ 3,30. 

Destaque também para o movimento das mineradoras internacionais, que seguiam em forte derrocada. Além do minério e dados da China, elas eram afetadas por uma série de medidas anunciadas nesta manhã. A Anglo American, que via suas ações caírem 10%, suspendeu pagamento de dividendos, cortou investimentos e pretende vender ativos. Já a Rio Tinto, que recuava 6%, cortou as despesas de capital nos próximos anos. 

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Gerdau (GGBR4, R$ 5,04, -4,91%)
As ações da Gerdau afundam hoje, entre corte de recomendação e fechamento de capacidade no Brasil (planta de Simões Filho), no Nordeste. A siderúrgica ressaltou momento difícil da indústria (demanda aparente caindo 15% no acumulado do ano).

O setor vem se adequando ao momento difícil através de uma serie de medidas: fechamento de capacidade, redução de pessoal, restruturação operacional nas usinas (produzindo produtos de maior valor agregado/maior demanda), entre outros.

Analistas do BTG Pactual ressaltaram que o poder de barganha continua reduzido e como tem mencionado, tarifas de importação poderiam ajudar a restaurar um pouco de poder de preço para o setor. No entanto, ainda é baixa a visibilidade de quando seriam implementadas e qual seria estrutura.

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A companhia teve hoje sua recomendação rebaixada de compra para manutenção pelo Santander.

SulAmérica (SULA11, R$ 21,99, -3,47%)
A SulAmérica cai após ter sua recomendação cortada de neutra para underweight (exposição abaixo da média) pelo JPMorgan. 

Equatorial (EQTL3, R$ 35,29, -0,20%)
A holding Equatorial Energia informou nesta terça-feira que fundos geridos pelo BTG Pactual venderam “parte de sua participação acionária” na companhia, e agora detém menos de 5 por cento do total de ações ordinárias, em comunicado ao mercado, que não citou o volume ações vendidas. 

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Segundo a Equatorial, que controla distribuidoras de energia no Maranhão e no Pará, o BTG Pactual disse que a operação “tem objetivo a mera realização de operações financeiras” por seus fundos, “não tendo participação de sua administradora, BTG Pactual Serviços Financeiros”.

BTG Pactual (BBTG11, R$ 15,91, -9,50%)
As ações do BTG Pactual seguem em derrocada na Bolsa, renovando mínima histórica, após a PGR (Procuradoria Geral da República) denunciar na véspera o banqueiro André Esteves, ex-controlador e ex-presidente do banco, no âmbito da Operação Lava Jato. Desde que o banqueiro foi preso, dia 25 de novembro, as units do banco já desabaram 50% na Bolsa. 

Petrobras (PETR3, R$ 8,54, -1,27%; PETR4, R$ 7,07, -1,67%)
As ações da Petrobras caem forte apesar da leve recuperação dos preços do petróleo nesta terça-feira, depois de dia de forte queda na véspera. Um relatório do Deutsche Bank traz apreensão ao mercado sobre a empresa. O banco cita um risco pela frente para a empresa dado uma possibilidade de descontinuidade parcial de sua contabilidade de hedge. Para ele, esse movimento pode colocar em risco seus dividendos este ano e criar uma “bomba-relógio” de US$ 21 bilhões para a estatal. O banco tem recomendação de venda para as ações ONs, com preço-alvo de R$ 4,90 por ação, e manutenção para as PNs

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A operação deve-se aos recentes acontecimentos, que podem exigir que a Petrobras reavalie o tamanho do hedge, como algumas de suas futuras exportações futuras, que podem ter se tornado menor devido à mudança de perspectiva de crescimento de produção e preços de petróleo mais baixos. 

Veja mais em: Petrobras: dividendos em risco e uma “bomba-relógio” de US$ 21 bilhões

Brasil Pharma (BPHA3, R$ 9,23, -8,61%)
A Brasil Pharma segue sua derrocada na Bolsa, acentuada após prisão de André Esteves, ex-controlador do BTG Pactual. A rede de drogarias tem o BTG Pactual como sócio. Com a queda de hoje, as ações já afundam 52% desde a prisão de Esteves. Vale lembrar que no dia seguinte (26/11) a companhia anunciou grupamento de 50 ações para uma. 

Ontem, a empresa anunciou que está seguindo adiante com um plano de oferta de ações que pode levantar até R$ 600 milhões com investidores.Em comunicado enviado à Reuters nesta segunda-feira, a BR Pharma afirmou que “suas intenções em relação à oferta estão mantidas e que continua trabalhando na conclusão de todo o processo”.    

O plano, que estabeleceu um piso de R$ 400 milhões e um teto de R$ 600 milhões para a injeção de capital, conforme informou a empresa ao mercado anteriormente, pode ser lançado formalmente ainda esta semana, quando executivos da companhia se reunirão com investidores, de acordo com uma fonte que pediu anonimato, já que o assunto não é público.

Prumo Logística (PRML3, R$ 1,16, +11,54%)
Os controladores da Prumo Logística, empresa fundada por Eike Batista, pretendem realizar oferta pública de aquisição (OPA) de ações para cancelamento de registro de companhia aberta, em uma operação que pode movimentar mais de R$ 800 milhões. O preço máximo a ser ofertado é de R$ 1,15 por ação, disse a empresa em fato relevante nesta segunda-feira, o que representa um prêmio de 10,6% sobre o fechamento do papel na Bovespa nesta segunda-feira, de R$ 1,04. 

Considerando o preço máximo e as 713,165 milhões de ações em circulação da companhia, a operação pode movimentar até R$ 820 milhões. Segundo a Prumo, o preço máximo por ação representa um prêmio de 40% sobre a média ponderada do preço de fechamento durante um período de 90 dias até 4 de dezembro.

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