Tenda deve manter lançamentos de imóveis abaixo do ideal até fim do ano

Neste momento, o patamar de lançamentos da Tenda por ano é de R$ 1 bilhão, considerando cerca de R$ 240 milhões por trimestre nos últimos três trimestres

Reuters

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RIO DE JANEIRO – A construtora Tenda, unidade da Gafisa voltada para imóveis de baixa renda, deve oferecer um nível de lançamentos ainda abaixo do que considera como mínimo para garantir rentabilidade atraente para investidores pelo menos até o fim do ano, diante do quadro de retração econômica do país, disse o presidente da companhia, Rodrigo Osmo.

De acordo com o executivo, o nível mínimo é de 1,25 bilhão de reais ao ano. Um dos motivos que ainda atrapalha o atingimento deste patamar é o fato de a Tenda optar por lançar um empreendimento já com as contratações de crédito imobiliário confirmadas com o banco, diferentemente de algumas empresas que fazem isso em um momento posterior da construção e incorporação.

“Os bancos estão mais rigorosos tanto na ponta do cliente quanto das empresas, as aprovações de projetos têm requerido mais tempo para chegarem a uma conclusão”, afirmou.

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Neste momento, o patamar de lançamentos da Tenda por ano é de 1 bilhão de reais, considerando cerca de 240 milhões de reais por trimestre nos últimos três trimestres, segundo ele.

“A gente tem um pipeline (gama de projetos) de lançamentos para isso (1,25 bilhão de reais), mas seria desafiador. O nosso pipeline é até maior do que isso”, disse o executivo.

A absorção dos produtos da Tenda continua alta, disse Osmo, apesar do cenário econômico adverso, o que inclui a diminuição do poder de compra do consumidor, um fator já esperado pela companhia.

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“Por outro lado, o fundamento para compra do imóvel do nosso cliente ainda é muito forte. Ele vai trocar aluguel de 600, 700 reais por uma parcela de 600 reais para adquirir casa própria”, afirmou o executivo.

Segundo a companhia, no segundo trimestre o segmento Gafisa refletiu as difíceis condições do mercado de média e alta renda, com aumento dos juros, inflação e depreciação da moeda brasileira, além da queda da confiança do consumidor. O segmento teve apenas dois lançamentos no trimestre e a expectativa é de que esse cenário se mantenha. Já a Tenda lançou seis projetos ou fases de empreendimentos.

A separação entre as unidades Gafisa e Tenda e a listagem da unidade de imóveis de baixa renda na Bovespa continua nos planos da empresa, mas está sendo afetada pela situação econômica, disse o presidente da companhia.

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“Hoje a Tenda é muito desalavancada, faria sentido que parte dos recursos da Tenda subissem para a Gafisa. No contexto atual, qualquer conversa com credores ou mercado de capitais está muito difícil, a gente não tem nenhum interesse em forçar a mão.”

A conclusão das operações para separação dos ativos deve ficar para 2016.

Em termos administrativos, o executivo afirmou que as duas empresas estão praticamente 100 por cento separadas, faltando a etapa final que é o reequilíbro das estruturas de capital de ambas.

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MINHA CASA MINHA VIDA

A Tenda, que atua na faixa 2 do Minha Casa Minha Vida, espera que a terceira fase do programa habitacional do governo federal não trará mudanças relevantes de imediato para a companhia.

“A intenção do governo é começar pequeno e testar o modelo (da nova faixa de renda prevista para a terceira fase do programa). Se ele se convencer que é uma iniciativa de sucesso, vai fazer ela crescer. Por enquanto, não deve ser muito transformacional para nossa empresa”, disse Osmo, afirmando que a Tenda está acompanhando de perto as discussões sobre a terceira etapa.

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A presidente Dilma Rousseff prometeu lançar a terceira edição do programa em 10 de setembro.

A nova faixa a ser implementada terá como objetivo atender público com renda de 1.100 a 2.200 reais por mês e terá participação maior de recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), mas ainda contará com subsídio do Tesouro Nacional.

A expectativa da Tenda é que os aumentos nos limites de preços dos imóveis enquadrados no Minha Casa Minha Vida sejam modestos. O ministro das Cidades, Gilberto Kassab, disse à Reuters em julho que o reajuste seria de ao menos 10 a 11 por cento.

Osmo comentou ainda que o texto atual do projeto que eleva a remuneração do FGTS, aprovado pela Câmara dos Deputados, não deverá passar em votação no Senado. “É tão horrível que vai ter que ser consertado a qualquer momento… A gente não acredita que a redação atual vai prevalecer até o final”, afirmou.

O FGTS é importante financiador do mercado de habitação e o projeto aprovado na Câmara prevê que a correção do fundo subirá de forma escalonada até se igualar ao mesmo índice da poupança em 2019. Uma eventual mudança do cálculo de reajuste do fundo pode afetar as construtoras, especialmente as focadas no segmento de baixa renda, que veriam seus custos de financiamento aumentarem.