Estourou a bolha: o “crash” da bolsa chinesa está apenas começando

Esforços do governo chinês têm sido em vão e as ações chinesas seguem em queda livre; somente nesta sessão, o índice Xangai caiu quase 6%

Paula Barra

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SÃO PAULO – A bolsa chinesa segue em queda livre depois de um longo rali, que levou o índice de Xangai a subir 150% no ano passado. Nesta quarta-feira, as ações chinesas chegaram a cair mais de 8%, mas encerraram o pregão em queda de 5,9%, a 3.506 pontos, apesar dos esforços do governo chinês para limitar as perdas. Nas últimas três semanas, o índice já caiu mais de 30%. Para o mercado, a pressão vendedora deve continuar, uma vez que grande parte dos ativos negociados nas principais bolsas por lá tiveram suas negociações suspensas, numa tentativa de estabilizar a Bolsa.

Somente hoje operadores se desfizeram de US$ 15,8 bilhões de ações compradas com dinheiro emprestado na Bolsa de Xangai, enquanto 1.331 ações tiveram suas negociações interrompidas nas bolsas continentais chinesas nesta quarta-feira, segundo dados da Bloomberg. O alerta que se abre agora é: prepara-se, porque a queda não vai cessar, mesmo com toda a intervenção do governo chinês. 

Em uma reportagem divulgada hoje, o colunista Howard Gold, do MarketWatch, fundador e presidente da GoldenEgg Investing, ressalta: “está claro que o governo chinês tem feito o melhor e tem falhado. O que significa que a direção de Xangai e Shenzhen e outras bolsas é para baixo”. 

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O alerta não vem somente dele. No início da semana, o Morgan Stanley, famoso por ser “bullish” (otimista) em China, rebaixou a sua exposição ao país de overweight (exposição acima da média) para equalweight (exposição em linha com a média) – no primeiro corte desde novembro de 2008. Eles acreditam que o Xangai pode ir para baixo de 3.250 pontos em meados do ano que vem, o que daria um potencial de queda de 7% do patamar atual. A corrente foi acompanhada também pelos analistas do Citigroup que disseram a seus clientes: o “selloff” das ações chinesas terá um longo caminho. “Eu acredito, mas penso que poderá ser muito, muito mais baixo”, disse Howard Gold. 

Para ele, a Bolsa chinesa poderá voltar aos patamares de 2007. O sinal de alerta veio quando Xangai bateu os 5.000 pontos e reverteu. A máxima de todos os tempos foi alcançada em outubro de 2007, quando atingiu mais de 6.000 pontos. Ou seja, para Gold, há uma tendência de queda de oito anos no mercado chinês. 

Esforços em vão do governo chinês

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A China está novamente no centro da questão nos mercados de commodities, mas agora de uma maneira negativa. A forte queda no mercado de ações do país e os temores ante a crise econômica da Grécia ajudaram as commodities a atingir mínimas em vários anos, sufocando uma nascente recuperação do petróleo e do minério de ferro e puxando para baixo as ações de companhias do setor e também as moedas das nações produtoras. O cenário baixista se intensifica enquanto o governo chinês tenta frear, em vão, as quedas.

Ao longo do tenso fim de semana, o governo avaliou várias medidas para conter o frenesi de venda que fizeram o índice Shanghai Composite desabar 30% em três semanas. Corretoras, gestores de fundos de investimento e um braço de investimento do governo comprometeram-se a comprar ações, novas ofertas públicas iniciais (IPO, na sigla em inglês) foram suspensas, as cotas de ações estrangeiros aumentaram e o banco central prometeu fornecer liquidez para ajudar os investidores a pedir dinheiro emprestado para comprar ações. As medidas podem conter o pânico no curto prazo, mas alguns economistas alertaram que podem encorajar outra bolha de ativos se não forem implementadas com cuidado.

Hoje, o Ministério de Finanças informou que não vai vender ações de empresas listadas e que pedirá às instituições financeiras estatais que não vendam ações em subsidiárias listadas, em meio à forte volatilidade recente nas bolsas do país. Em comunicado, o ministério disse que incentiva empresas financeiras estatais a aumentar suas participações em subsidiárias listadas cujo valor de mercado ainda esteja abaixo de níveis “razoáveis”.