Crise, que crise? Por que há empresas que estão “brilhando” apesar do cenário ruim

Há aquelas empresas que conseguem se desvencilhar da crise e que estão conseguindo repassar os preços para o consumidor final e aumentando suas margens de lucro e abrangência de mercado

Lara Rizério

Publicidade

SÃO PAULO – A temporada de balanços do primeiro trimestre de 2015 mostrou diversas empresas em situações bastante complicadas e afetadas pelo cenário econômico pior, mas também dá outras indicações sobre as empresas da Bolsa brasileira. Empresas como do setor aéreo, varejo e construção civil sofrem com mais força a recessão, têm prejuízos e demitem funcionários.

Porém, não é só isso. Há aquelas empresas que não só conseguem se desvencilhar da crise, como estão conseguindo repassar os preços para o consumidor final e aumentando suas margens de lucro e abrangência de mercado, conforme destaca o gestor da BBT Asset, Raphael Juan.

 “Podemos citar a Ambev que entregou uma Ebitda de 7% acima do consenso de mercado. Porém, o grande destaque ficou com as Lojas Renner batendo em 30% as estimativas mais otimistas, apresentando grande crescimento de market share e promovendo ótimo retorno para seus investidores. São duas empresas que envolvem consumo e deveriam estar sofrendo os efeitos da dimensão da crise que todos dizem, mas não estão. Isso significa que a recessão existe e é inegável, mas algumas empresas estão conseguindo passar muito bem por este momento”, afirma Juan.

Ebook Gratuito

Como analisar ações

Cadastre-se e receba um ebook que explica o que todo investidor precisa saber para fazer suas próprias análises

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

A Lojas Renner (LREN3) divulgou seu resultado no final de abril  mostrou lucro líquido de R$ 73,2 milhões, alta de 43,8% na comparação com o mesmo período de 2014. O Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado total, que inclui operações de varejo e produtos financeiros, somou R$ 198,8 milhões, crescimento de 47,2% quando comparado ao ano passado.

Analistas de mercado destacaram o balanço da varejista foi “impressionante”, com melhora no Ebitda, tanto em margem quanto em crescimento operacional, aliado ao crescimento nas vendas das mesmas lojas (que considera apenas unidades abertas há pelo menos um ano) de 16,5% em um ambiente de consumo desafiador. 

Outro exemplo são as empresas de shopping center, onde conseguiram entregar resultados de SSS (vendas nas mesmas lojas) acima de 4%. “Não é um bom resultado comparando com o histórico recente, mas longe das projeções mais temerosas”, avalia o gestor.

Continua depois da publicidade

Por fim, ressalta, estão as empresas exportadoras, que também estão comemorando, em função da alta do dólar. “A BRF, por exemplo, apresentou um crescimento de Ebitda acima de 11% (em doze meses), mesmo com volumes menores de venda”. Todos estes fatores combinados revelam um movimento de mercado que foi acentuado pela crise.

Também divulgando os seus números no final de abril, a BRF (BRFS3) teve como um dos destaques o Ebitda ajustado de R$ 1,157 bilhão, contra R$ 951 milhões reportados no mesmo período do ano passado. O Ebitda “limpo” que implica em uma margem Ebitda (Ebitda/Receita Líquida) de 16,4% – a maior da história da empresa para esse período. A margem bruta  (lucro bruto/receita líquida) também foi a maior da história. 

“A conclusão é que grandes empresas brasileiras estão ganhando market share perante seus concorrentes menores e com isso apresentando resultados acima das previsões de mercado”, conclui o gestor.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.