Bolsa sobe com disparada da Petrobras ofuscando queda de bancos; dólar vai a R$ 3,07

Índice passou o dia entre perdas e ganhos com "disputa" entre alta de 9% da estatal e derrocada dos bancos; economia volta a pressionar após alta do desemprego

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – O Ibovespa pela terceira sessão seguida não conseguiu se sustentar, ficando próximo da estabilidade nesta quinta-feira (9), se dividindo entre a alta forte da Petrobras e as quedas dos bancos. Depois que a Fitch revisou a sua perspectiva para o Brasil para negativa, a Bolsa zerou os ganhos da manhã e desde então se manteve operando perto da estabilidade.

cenário macroeconômico continua ruim depois que o desemprego atingiu 7,4% no trimestre encerrado em fevereiro, em comparação a 6,8% nos três meses até janeiro, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua divulgada nesta quinta-feira pelo IBGE. Com isso, o índice fechou com leve alta de 0,26%, a 53.802 pontos, enquanto o dólar comercial subiu 0,47%, a R$ 3,0706 na venda. O giro financeiro na Bovespa ficou em R$ 7,466 bilhões.

Para o analista da Socopa Corretora, Marcelo Varejão, as notícias de um conselheiro da Petrobras que aventou a possibilidade da divulgação do balanço em 17 de abril trazia otimismo ao lado do fluxo de capital estrangeiro que tem entrado desde a divulgação dos dados de emprego nos Estados Unidos na sexta-feira. “Estamos em um momento sem tendência clara. Pelo que eu vi, esse movimento estrangeiro também está relacionado a uma melhora no cenário político, com o Temer costurando a política”, explica Varejão.

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Também nesta linha argumenta o gestor da Picchioni, Paulo Henrique Amantea, dizendo que a volatilidade desta quinta é provocada por movimentos de fluxo no mercado. Ele diz que espera por uma realização da Bolsa após o rali que fez com que o benchmark subisse 8% em 6 pregões. “A inflação e o desemprego preocupam junto com a questão política, com uma presidente sem comando. O fluxo está positivo porque todo mundo está com dinheiro fácil lá fora”, avalia, lembrando dos programas de relaxamento monetário que expandiram a quantidade de moeda disponível em quase todo o mundo desenvolvido.

Macroeconomia e política
Do lado internacional, as bolsas sobem, deixando de lado as incertezas trazidas pela ata da última reunião do Fomc (Federal Open Market Comittee) e repercutindo dados macroeconômicos positivos e pagamento de empréstimo da Grécia. Também sairam os pedidos de auxílio-desemprego nos Estados Unidos, que vieram um pouco melhores que o esperado, em 281 mil, ante 285 mil na mediana das previsões, mostrando um mercado de trabalho um pouco melhor do que aquele visto nos últimos dados de emprego. 

No Brasil, chama a atenção o projeto aprovado pela Câmara dos Deputados de ampliação da terceirização também para atividades-fim das empresa. Embora parte das mudanças sugeridas pelo governo tenha sido rejeitada, o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB), disse que foi procurado pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que afirmou estar satisfeito com o projeto, de acordo com informações do Estado de S. Paulo.

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Ações em destaque
Além disso, bancos caíram com notícia de que Levy planeja aumentar os impostos sobre lucro, conhecidos como CSLL, para as instituições financeiras de 15% para 17%, segundo informações da Revista Exame. Com exceção da PDG (PDGR3), as maiores quedas do índice são Banco do Brasil (BBAS3),  Itaú Unibanco (ITUB4) e Itaúsa (ITSA4). 

As ações da Petrobras (PETR3; PETR4), no entanto, eram o principal destaque, tendo um dia de alta em meio à expectativa pela divulgação do balanço corporativo até o dia 20. De acordo com informações do Valor Econômico, a estatal deve divulgar o balanço até o fim da próxima semana (até dia 17). A Reuters também destacou que, segundo fontes, o balanço sairá até dia 17. Já segundo a Folha de S. Paulo, a companhia pretende divulgar o balanço até 20 de abril. 

Soma-se a isso uma notícia sobre possíveis mudanças no sistema de partilha. Em meio às dificuldades de caixa da Petrobras e o temor de parte do mercado de que a companhia assolada por escândalos de corrupção não consiga arcar com seu ambicioso plano de investimentos, o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, acenou nesta quarta-feira, 8, pela primeira vez que o governo pode “revisitar” as regras do regime de partilha na exploração do pré-sal e da política de exigência de conteúdo local na indústria de petróleo.

As ações da Vale (VALE3; VALE5) operavam alta depois de uma manhã de queda. Segundo o analista da Guide Investimentos, Lauro Vilares, posível redução de 20% no Capex da empresa deve trzaer ânimo aos investidores. No entanto, outras notícias recomendam cautela após mais um corte de recomendação (desta vez para underperform) pela BMO e também com novas notícias sobre a China. A China se movimenta para apoiar sua indústria de minério de ferro, que enfrenta dificuldades, cortando impostos, potencialmente ampliando um excesso de oferta global e enfraquecendo a estratégia das mega mineradoras de forçar concorrentes de alto custo para fora do mercado.

As maiores altas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 PETR3 PETROBRAS ON 11,54 +9,28 +20,33 262,86M
 PETR4 PETROBRAS PN 11,56 +9,06 +15,37 876,65M
 RUMO3 RUMO LOG ON 1,63 +4,49 -6,65 36,00M
 POMO4 MARCOPOLO PN N2 2,47 +4,22 -23,98 27,42M
 FIBR3 FIBRIA ON 45,11 +4,18 +38,76 105,30M

As maiores baixas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 BBAS3 BRASIL ON 23,46 -3,66 +1,02 206,73M
 OIBR4 OI PN 6,30 -3,37 -26,83 21,22M
 BRKM5 BRASKEM PNA 12,06 -2,98 -31,09 17,71M
 EVEN3 EVEN ON 4,42 -2,86 -18,75 8,61M
 CYRE3 CYRELA REALT ON 13,68 -2,77 +23,69 43,03M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 PETR4 PETROBRAS PN 11,56 +9,06 876,65M 516,59M 79.942 
 ITUB4 ITAUUNIBANCO PN ED 36,75 -2,00 731,85M 521,50M 35.040 
 VALE5 VALE PNA 15,59 -0,38 338,23M 354,87M 30.832 
 BBDC4 BRADESCO PN EJ 30,75 -1,79 307,03M 244,45M 23.959 
 KROT3 KROTON ON 12,00 +1,61 272,71M 145,24M 23.197 
 PETR3 PETROBRAS ON 11,54 +9,28 262,86M 162,78M 34.457 
 ITSA4 ITAUSA PN 10,46 -1,88 220,13M 163,04M 33.041 
 BBAS3 BRASIL ON 23,46 -3,66 206,73M 155,74M 21.483 
 CIEL3 CIELO ON 47,50 -0,81 186,15M 187,38M 14.125 
 ABEV3 AMBEV S/A ON 19,35 -0,51 170,02M 212,37M 19.468 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
 

Europa fecha na máxima desde 2007
O índice europeu de ações fechou em alta nesta quinta-feira, atingindo a máxima desde julho de 2007, amparado pelas notícias de mais acordos corporativos, assim como dados mostrando uma forte recuperação no setor automotivo europeu. O índice FTSEurofirst 300 das principais ações europeias fechou com alta de 1,04 por cento, aos 1.628 pontos, segundo dados preliminares.

Entre os indicadores macroeconômicos, o déficit comercial de bens do Reino Unido subiu para 10,3 bilhões de libras em fevereiro, segundo dados ajustados divulgados hoje pelo Escritório para Estatísticas Nacionais (ONS, na sigla em inglês). O saldo negativo de janeiro foi revisado para 9,7 bilhões de libras, ante uma estimativa inicial de 8,4 bilhões de libras.

Ao todo, o déficit comercial do país aumentou para 2,9 bilhões de libras em fevereiro, ante um saldo negativo de 1,5 bilhão de libras em janeiro. 

Já a produção industrial da Alemanha subiu 0,2% em fevereiro ante janeiro, em cálculo ajustado, segundo dados do Ministério da Economia do país. O resultado ficou acima da previsão dos analistas consultados pela Dow Jones Newswires, que esperavam estabilidade.

No setor manufatureiro, a produção avançou 0,5%, na mesma comparação. O setor de construção, no entanto, caiu 3,1%. Em relação a fevereiro de 2014, a produção industrial alemã registrou queda de 1,6%, sem ajustes.

Investidores entram na China
O índice MSCI que reúne as principais ações da Ásia-Pacífico exceto Japão subiu nesta quinta-feira, ampliando os ganhos da sessão anterior, enquanto a bolsa japonesa se aproximou ainda mais dos 20 mil pontos. Já o índice japonês Nikkei fechou com alta de 0,75 por cento, em outra máxima de 15 anos, pouco abaixo do nível de 20 mil pontos, acima do qual a bolsa não opera desde abril de 2000.

A bolsa em Hong Kong chegou a subir mais de 3 por cento num certo momento, atingindo novas máximas de sete anos, impulsionada por fluxos de entrada de dinheiro de investidores da China continental que buscam ações mais baratas após um rali de 60 por cento em Xangai nos últimos cinco meses. O índice do mercado de Xangai fechou em queda de 0,9 por cento.

“O clima é ajudado pelo fato de que investidores estrangeiros estão voltando ao mercado japonês após terem se tornado vendedores no começo deste ano”, disse o analista técnico sênior da Daiwa Securitie Hikaru Sato.

Dados do Ministério das Finanças do Japão mostraram que investidores estrangeiros compraram 1,036 trilhão de ienes em ações japonesas na semana passada, a maior compra líquida desde o começo de abril de 2013.

(Com Agência Estado e Reuters) 

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.