Ações “problemáticas” disparam na semana e campeã de 2014 cai 17%; veja mais

ALL sobe 19,5% em meio à expectativas positivas para a reunião do Cade semana que vem que aprovará, possivelmente, sua fusão com a Cosan Logística

Marina Neves

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SÃO PAULO – A primeira semana de fevereiro foi positiva para a Bolsa, marcando a melhor de 2015, com o Ibovespa fechando com ganhos de 4,02%, a 48.792 pontos. Entre os principais destaques estiveram as ações da ALL e da Cosan Logística – que após longas quedas derão uma forte arrancada na semana com a expectativa de que o acordo da fusão seja finalmente aprovado pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) na segunda semana de fevereiro. 

Ainda ficaram nos holofotes do mercado as ações do Itaú Unibanco, que fecharam entre os ganhos do Ibovespa entre os dias 2 e 6 de fevereiro em meio à divulgação de seus resultados para o quarto trimestre de 2014. O banco encerrou 2014 com lucro líquido de R$ 20,242 bilhões, acima do resultado de R$ 15,696 bilhões registrado um ano antes e o que tinha sido até então o maior da história dos bancos brasileiros de capital aberto, de acordo com levantamento da Economatica.

A Petrobras também se destacou em meio ao noticiário conturbado: entre expectativa da eleição de um nome “pró-mercado” na presidência, o que levou os papéis a disparada nos primeiros dias da semana, e a confirmação decepcionante hoje, que fez as ações desabarem, mas ainda assim não anulando os ganhos do período. 

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Confira as principais altas do Ibovespa nesta semana:

ALL e Cosan Logística
As ações da ALL (ALLL3, R$ 4,60, +19,48%) e Cosan Logística (RLOG3, R$ 2,76, +26,03%) fecharam entre os principais ganhos da Bolsa nesta semana em meio à expectativa de que o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) vai aprovar a fusão entre a ALL e Rumo, em reunião marcada para 11 de fevereiro. Em dezembro, a superintendência ­geral do órgão havia impugnado a operação, sob o argumento de que seria necessário impor condições para garantir que os concorrentes da Cosan (dona do Rumo) no setor sucroalcooleiro e de outros segmentos, como os produtores de soja, milho e farelo, tivessem acesso ao sistema de escoamento de mercadorias pela ALL. Agora, no entanto, o mercado estima que o órgão deve aprovar o acordo, com poucas limitações. Isso fez disparar as ações na véspera: ALL (+20,88%) e Cosan Logística (+25,59%).

PDG Realty (PDGR3, R$ 0,60, +15,38%)
Após ter janeiro de fortes perdas, as ações da PDG Realty tiveram “alívio” na Bolsa. Nesta semana o papel registrou 3 sessões de alta. O movimento de queda livre visto em janeiro ocorreu diante de perspectivas negativas que se concretizaram com os dados operacionais da incorporadora no quarto trimestre, que mostraram fraco desempenho operacional, comentou a Citi Corretora, que reiterou recomendação de venda para as ações. Além disso, pressionam os papéis rumores de que a companhia estaria tendo dificuldades nas negociações com credores em relação às suas dívidas, embora a própria empresa tenha dito que está em negociações avançadas com os credores para equacionamento das “eventuais necessidades de rolagem de dívida a partir de março”. 

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Oi (OIBR4, R$ 5,60, +12,22%)
A companhia de telecomunicações viu suas ações dispararem nesta semana em meio à notícia de segunda-feira de que a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) deu aval à companhia sobre as dispensas regulamentares que pediu para validar seu acordo com a Portugal Telecom, após a perda de 897 milhões de euros para a portuguesa. As informações são do Valor Econômico.

Petrobras (PETR3, R$ 9,03, +12,31%; PETR4, R$ 9,12, +11,49%)
As ações da Petrobras fecharam os últimos cinco dias entre os principais ganhos do Ibovespa em meio às expectativas geradas em cima da da saída da presidente da companhia, Maria das Graças Foster, que poderia ser substituída por um nome que pudesse reduzir a ingerência do governo na empresa, e a confirmação decepcionante, na visão do mercado, de Aldemir Bendine, até então presidente do Banco do Brasil. 

Após o fechamento do mercado, o conselheiro independente da Petrobras, Mauro da Cunha, emitiu uma nota lamentando o episódio. “Assistimos hoje a mais um episódio de desrespeito ao conselho de administração da Petrobras. Os conselheiros tomaram conhecimento do nome do novo presidente da companhia pela imprensa, antes do assunto ser discutido. Eu gostaria de dizer em público as verdades que pus em ata, mas correria o risco de sofrer retaliações, como já sofri no passado”, escreveu. Hoje, as ações da estatal fecharam em queda superior a 6%. 

Vale (VALE3, R$ 20,42, +9,73%; VALE5, R$ 17,81, +7,61%)
As ações da Vale fecharam entre os ganhos do Ibovespa entre os dias 2 e 6 de fevereiro em meio a especulações sobre novos estímulos do Banco Central chinês à economia do gigante asiático. Acompanharam o movimento os papéis da Bradespar (BRAP4, R$ 12,35, +6,37%), holding que detém participação na mineradora. O setor siderúrgico também foi favorecido pelas notícias sobre a China: Gerdau (GGBR4, R$ 9,77, +7,24%), Metalúrgica Gerdau (GOAU4, R$ 10,50, +6,71%), Usiminas e CSN (CSNA3, R$ 4,58, +10,10%).

Vale lembrar que na noite da última sexta-feira a mineradora anunciou que cortou pela metade os dividendos de 2015, passando de US$ 4,2 bilhões no ano passado para US$ 2 bilhões – uma medida bastante elogiada por analistas diante do cenário desafiador da companhia.

Confira as principais quedas do Ibovespa nesta semana:

Educacionais
As ações do setor de educação fecharam entre as quedas do Ibovespa nesta semana. Os papéis refletiram a notícia de que o Ministério da Educação fará de fevereiro a abril deste ano aditamento de financiamento do Fies (programa federal de financiamento estudantil). Na contramão, na terça-feira, o ministério impôs um limite de 50% na oferta de vagas por instituições privadas no Pronatec (Programa de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego). Mais medidas podem vir nesse sentido, com o ministério indo na linha do ajuste fiscal do governo, pois contribuiria para reduzir os repasses às instituições, alertou Conde. Ele recomenda que os investidores fiquem de fora desses papéis por enquanto. Destaques para ações de Anima (ANIM3, R$ 18,00, -13,25%) e Kroton. 

Melhores papéis de 2014, as ações da Kroton (KROT3, R$ 10,25, -16,67%) fecharam como a maior queda do Ibovespa nesta semana após a companhia dizer que a portaria 21 impacta a expectativa de crescimento futuro, mas principalmente no curto prazo: para este ano, avanço é de 8%, contra 10% anteriormente; em 2016, a projeção é de crescimento de 7%, ante 10%.

Qualicorp (QUAL3, R$ 23,32, -12,17%)
As ações da Qualicorp despencaram nesta semana com indicações de “dedo” do governo na companhia. Notícia da Folha de S. Paulo apontou que o governo quer mais oferta do plano de saúde individual. Segundo reportagem, o Ministério da Saúde vai anunciar, até o próximo semestre, um pacote de medidas para mudar o modelo de atendimento e reorganizar o setor de planos de saúde no País. Vale destacar o volume financeiro dos papéis, de R$ 417,2 milhões, frente os R$ 50,7 milhões apresentados nos últimos 21 pregões – em base de comparação, este volume é quase duas vezes maior que o apresentado pelos papéis da Vale. O movimento de queda ocorreu com a possibilidade de flexibilização dos planos individuais. “Após o que ocorreu no setor de educação, existe um potencial de desregulamentação dos planos individuais. Receio e incertezas no mercado geram venda do ativo, que pode sofrer ainda mais”, disse o estrategista-chefe da XP Investimentos, Celson Plácido.

O Ministério da Saúde e a ANS explicaram que ambas têm em andamento estudos sobre o cenário atual do setor de saúde suplementar e caminhos adequados para melhoria na qualidade da oferta de serviços e para sua sustentabilidade. Ainda de acordo com eles, um destes itens em análise são os planos individuais, com objetivo de garantir a oferta dessa modalidade de serviço, que vem apresentando declínio nos últimos anos, motivo pelo qual o tema vem sendo objeto de estudo da ANS desde 2012, quando foi incluído como prioridade em sua Agenda Regulatória.

Elétricas 
O cenário para o setor elétrico segue conturbado e também fecharam a primeira semana de fevereiro em quedas. “O cenário é difícil e medidas paliativas como aumentar o horário de verão se confirmam que o pior pode acontecer: racionamento”, disse o analista Flávio Conde. Nesta situação, as geradoras seriam as mais prejudicadas – Cemig (CMIG4, R$ 11,47, -3,69%) e Tractebel (TBLE3, R$ 30,28, -2,76%) -, seguidas pelas transmissoras – Taesa (TAEE11, R$ 19,56, -0,31%), Transmissão Paulista (TRPL4, R$ 37,85, -3,56%) e Alupar (ALUP11, R$ 18,59, -2,16%).

Conde comenta, no entanto, que boa parte desse cenário já foi precificado pelo mercado, mas ainda assim o dia que vier um plano de incentivo a economia de energia, provalmente na tentativa de evitar um racionamento, as ações das elétricas cairão ainda mais. E se mais a frente vier o racionamento, cairão novamente.

Gol (GOLL4, R$ 10,95, -10,39%)
A Gol informou nesta semana que sua taxa de ocupação doméstica em 2014 atingiu 78%, 7 pontos percentuais maior que em 2013. No quarto trimestre, ficou em 80%, superior a 4,3 p.p. quando comparado ao mesmo período de 2013. No trimestre, o PRASK (receita de passageiro por assento-quilômetro oferecido) recuou 5,1% e o yield reduziu 9,8% na comparação com o quarto trimestre de 2013. Em 2014, o PRASK aumentou 11,3% e atingiu R$ 18,2 e o yield registrou R$ 23,7 e cresceu 1,1%.

Em teleconferência, o diretor financeiro da companhia, Edmar Lopes, disse que não vai tomar posição agressiva de hedge combustível e que a Copa do Mundo ajudou os números de 2014.

Destaques fora do Ibovespa:
Fora do Ibovespa algumas ações chamaram atenção do mercado, como os papéis da petrolífera HRT (HRTP3, R$ 4,78, +22,56%), que com novo nome de PetroRio disparou na Bolsa, da Mills (MILS3, R$ 6,99, +21,57%), que também registrou fortes ganhos, do Banco Pine (PINE4, R$ 4,55, +23,98%), que após cair forte nos últimos dias em meio ao risco de exposição à companhias investigadas pela Lava Jato teve semana de ganhos na Bolsa. Ainda chamaram atenção os papéis ordinários da Usiminas (USIM3, R$ 19,70, +15,81%), que voltaram a se descolar da preferenciais em meio à briga entre as duas companhias de seu bloco de controle e da Arteris (ARTR3, R$ 10,81, -12,11%), que fechou os últimos cinco dias entre as perdas da Bovespa.