Indicação de Garotinho derruba ações do BB e Usiminas sobe com possível “aquisição” pela CSN

Entre os destaques estiveram ainda a Gerdau, que fechou com fortes quedas e a "recuperação" dos papéis da Petrobras, que após chegarem a cair 6% na mínima do dia, fecharam com quedas mais amenas

Paula Barra

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SÃO PAULO – A terça-feira (9) foi novamente negativa para a Bolsa, com o Ibovespa fechando com queda de 0,16%, a 50.193 pontos. No entanto, se na segunda-feira os destaques foram as quedas das blue chips Petrobras e Vale, hoje tivemos outros papéis que chamaram atenção. O mercado também olhou para os papéis do Banco do Brasil e o setor siderúrgico.

O banco estatal fechou entre as quedas do Ibovespa hoje, descolando-se do restante dos bancos que fecharam o dia no positivo, após notícia da Folha de S. Paulo afirmar que o Planalto ofereceu hoje, ao deputado Anthony Garotinho, o cargo de vice-presidente na companhia. De acordo com o analista João Pedro Brugger, da Leme Investimentos, a notícia é “terrível” para o BB, já que em meio às investigações sobre corrupção da estatal Petrobras envolvendo o governo, uma indicação política para o cargo seria “desastrosa”, uma vez que abre espaço para mais especulações sobre corrupção.

Ainda entrou no radar dos investidores hoje o setor de siderurgia, com destaque para os papéis ordinários da Usiminas (USIM3, R$ 9,13, +4,46%), que fechou seu quinto pregão de alta consecutivo, registrando valorização de 46% no período. Hoje, de acordo com informações do Relatório Reservado, a CSN está em vias de comprar a participação acionária da argentina Ternium no bloco de controle da Usiminas, dividindo-o com a japonesa Nippon, lembrando que este sempre foi o “sonho” de Benjamin Steinbruch, presidente da CSN. Vale mencionar que a CSN caiu na sessão de hoje, já que as especulações da compra significariam que a siderúrgica teria de desembolsar o dinheiro para a aquisição da participação acionária.

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Vale mencionar que o investidor prefere os papéis ordinários já que estes possuem a ferramenta de proteção do “tag along”. Quando uma das partes societárias da companhia quer vender sua posição – como é o caso que está sendo especulado pelos acionistas da Usiminas -, para proteger os acionistas minoritários que estiverem posicionados nos papéis, o “tag along” é acionado e obriga o investidor que quiser entrar nos papéis a estender sua oferta não só para os papéis dos controladores, mas também dos minoritários que quiserem sair dos papéis. Vale mencionar que o “tag along” só é uma operação realizada em papéis ordinários, por isso investidores se sentem mais seguros optando pelos ativos ON. Os investidores que estiverem comprados em papéis ordinários de uma companhia que passe por uma venda de parte societária estão, portanto, mais seguros caso queiram sair do papel.

No campo negativo e completando a “tríplice” do setor siderúrgico, os papéis da Gerdau (GGBR4, R$ 9,30, -5,10%) e Gerdau Metalúrgica (GOAU4, R$ 11,02, -4,92%) fecharam também no vermelho. Vale mencionar que hoje o BNDESPAR, do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Social e Econômico), se desfez de participação acionária de 6% na companhia de Jorge Gerdau Johannpeter. A participação foi comprada pelo BTG Pactual após acordo entre as duas partes do dia 27 de novembro. Vale mencionar que Jorge Gerdau era “amigo” do governo de Dilma Rousseff, mas passou por momento conturbado em abril deste ano após criticar o governo da petista. Hoje, os papéis da Gerdau atingiram seu menor patamar desde dezembro de 2005.

Confira abaixo os principais destaques da Bolsa nesta terça-feira:

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Petrobras (PETR3, R$ 10,59, -1,59%; PETR4, R$ 11,36, -1,22% 
As ações da Petrobras fecharam com queda mais amena nesta sessão após desabar 6% em sua mínima intradiária em meio à uma série de notícias negativas, entre processo contra a estatal nos Estados Unidos e desvalorização do preço do petróleo, que bateu ontem a mínima em cinco anos. Com a queda, os papéis da companhia renovam o menor patamar desde 2005. Essa é a décima queda dos papéis da estatal em doze sessões. 

O processo na justiça americana é o primeiro desse tipo contra a empresa que se tem notícia até o momento. Os acionistas minoritários querem ressarcimento das perdas no valor das ações. O mercado teme que os ADRs (American Depositary Receipts) da companhia possam ser suspensos e isso possa respingar na Bovespa. Para a XP Investimentos, a empresa pode ser obrigada a recomprar seus próprios recibos de ações no exterior para depois vendê-los no Brasil, o que deve pressionar ainda mais as ações na Bovespa. Uma queda de mais de 10% nesse cenário não é improvável, comentaram os analistas. 

Vale (VALE3, R$ 20,70, -2,27%; VALE5, R$ 17,64, -2,33%)
As ações da Vale também tiveram forte queda novamente com notícias negativas vindas da China, principal destino de suas exportações. O gigante asiático anunciou medida de restrição nas operações de crédito de curto prazo. Com essa queda, as ações da companhia batem seu menor patamar desde 2009. Na mesma toada, os papéis da Bradespar (BRAP4, R$ 12,82, -3,54%), holding que detém participação na Vale, operam no negativo hoje. 

Ainda sobre a mineradora, a Vale fechou um acordo para a Mitsui investir US$ 763 milhões e integrar os projetos de Moatize e Nacala. A companhia detalhou que após a conclusão da transação, que envolverá aumento de capital e transferência parcial da dívida contraída por Moatize e pelo CLN junto à Vale, a Vale passará a deter indiretamente 81% da mina de Moatize e aproximadamente 35% do CLN, compartilhando o controle com a Mitsui.

Bancos
Por outro lado, as ações dos bancos fecharam no positivo hoje após fortes quedas: foi o caso de Bradesco (BBDC3, R$ 34,80, +0,14%; BBDC4, R$ 36,41, +2,33%) e Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 35,79, +0,39%). Quem diverge do movimento, no entanto, são os papéis do Banco do Brasil (BBAS3, R$ 25,16, -2,52%), que caíram nesta sessão em meio à matéria da Folha de S. Paulo noticiando que o Planalto ofereceu ao deputado Anthony Garotinho uma vice-presidência no banco. De acordo com o analista João Pedro Brugger, da Leme Investimentos, esta é uma notícia “terrível” para a companhia, já que em meio às investigações de corrupção na Petrobras, uma indicação “política” para o cargo de outra companhia estatal seria, de acordo com o analista, “desastrosa”.

No caso do Bradesco, aparece no radar do banco a notícia de que ele informou ontem que distribuirá R$ 2,61 bilhões em dividendos complementares, sendo R$ 0,590325 por ação ordinária, e R$ 0,649358 por ação preferencial. 

Exportadoras
Nesta terça-feira as companhias com perfil exportador fecharam com perdas em meio à queda do dólar. A moeda norte-americana fechou com queda de 0,51%, a R$ 2,598. Entre os destaques estiveram os papéis de Fibria (FIBR3, R$ 30,00, -1,64%) e Suzano (SUZB5, R$ 10,90, -1,62%) . Vale mencionar que os papéis são prejudicados com o movimento uma vez que suas receitas são atreladas à divisa. Fugindo do padrão do setor, os papéis da Embraer (EMBR3, R$ 23,45, +3,03%) fecharam como a maior alta do Ibovespa, mesmo após a notícia de que ontem um jato da companhia caiu nos EUA.

ALL (ALLL3, R$ 4,96, -2,17%) e Cosan Logística (RLOG3, R$ 2,70, 0,00%)
Hoje, a Superintendência do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) recomendou “impugnação” da fusão entre ALL e Rumo Logística, conforme despacho publicado no Diário Oficial da União. Agora, o processo será encaminhado para o Tribunal do Cade, que dará a decisão final sobre a operação, podendo acatar ou não a sugestão da Superintendência. A operação consiste na incorporação das ações da ALL pela Rumo, o que resultará em uma nova companhia. Com a conclusão da operação, serão atribuídas aos atuais acionistas da ALL ações representativas de 63,5% do capital da nova empresa, permanecendo os atuais acionistas (Cosan, TPG e Gávea) com um total de 36,5% do capital da nova companhia.

Eletrobras (ELET3, R$ 5,51, -2,82%; ELET6, R$ 6,59, -2,51%)
A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) negou pedido da Eletrobras por revisão extraordinária da tarifa de repasse de potência de Itaipu, referente ao custo de energia produzida pela usina, ainda em 2014, em reunião da diretoria da agência na terça-feira. 

Para 2015, a agência aprovou um aumento de 46,14% na tarifa, em comparação à praticada em 2014, a US$ 38,07 por quilowatt por mês. As novas tarifas deve ser aplicadas a partir de primeiro de janeiro de 2015.