Primeira impressão é a que fica? Entenda por que Levy e Barbosa não animaram o mercado

Especialistas não gostaram do primeiro discurso dos novos ministros, mas afirmam que eles têm crédito para não serem criticados antes de iniciarem seus trabalhos

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – A expectativa pela confirmação – já que os nomes já eram sabidos há mais de uma semana – da nova equipe econômica fez com que a Bolsa disparasse nos últimos dias. Enquanto todos já conheciam os novos ministros, a expectativa sobre os discursos que seriam feitos nesta quinta-feira no anúncio oficial aumentou, com especialistas aguardando possíveis sinalizações.

Mas se a primeira impressão é a que fica, a relação de Joaquim Levy (Ministério da Fazenda) e Nelson Barbosa (Ministério do Planejamento) com o mercado não teve um bom começo. “Falar em meta, qualquer um fala. Faltou falar como eles vão fazer para atingir os planos que estão traçando”, disse Alex Agostini, economista da Austin Rating, lembrando a meta estabelecida por Levy sobre o superávit primário de 1,2% do PIB para 2015.

Os nomes escolhidos ainda são bastante elogiados pelo mercado, mas a questão envolve não só qual será a política adotada pelos ministros, como também a autonomia deles. “O mercado estava esperando alguém com maior autonomia para trabalhar do que foi com o Mantega, mas o que vimos hoje não foi bem isso”, destacou Agostini.

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Segundo ele, o discurso de Levy se mostrou alinhado com o governo, algo que o mercado não aprova. Porém, o economista diz que é preciso dar crédito para o novo ministro: “ele tem crédito e competência. Teremos que esperar ele começar realmente a trabalhar para analisarmos qual é a sua linha”, completou.

Para o Goldman Sachs, os anúncios da política de Levy não foram muito abrangentes. “As metas fiscais anunciadas para 2015 e além parecem razoáveis, mas não particularmente ambiciosas”, afirmaram os analistas em nota. “A meta fiscal para 2015 é modesta, mas realista, dada as muito fracas condições do cenário fiscal […] e as perspectivas de crescimento muito baixas no próximo ano, o que irá incapacitar o crescimento da receita”, completaram.

Outra razão que prejudicou o “primeiro contato” do governo com o mercado foi a permanência de Alexandre Tombini à frente do Banco Central. “Sua gestão não foi boa e sua credibilidade com o mercado está bem ruim”, destaca Agostini, que destacou o repetitivo discurso do presidente do BC na coletiva de hoje.

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Se a primeira impressão é a que fica, a nova equipe econômica não teve um bom início de relacionamento com o mercado. Por outro lado, os nomes de Levy e Barbosa agradaram bastante o mercado e deixam ambos com crédito entre os especialistas para pelo menos iniciarem seus trabalhos em 2015 antes de receberem qualquer crítica. Resta ver se irão realmente cumprir com as expectativas.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.