Com “ajuda” da China e bancos, Ibovespa fecha com ganhos de 0,97%

Após não seguir uma tendência definida até o início da tarde, o índice reforçou os ganhos e recuperou perdas de ontem; noticiário foi agitado, com dados dos EUA e China e ata do Copom no Brasil

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O Ibovespa recuperou-se da queda registrada ontem devido à pesquisa Ibope e, com a ajuda da China, voltou a registrar ganhos nesta quinta-feira (24). O índice fechou em alta de 0,97%, a 57.977 pontos, também ajudado pelo alta dos bancos e repercutindo os resultados do segundo trimestre. O giro financeiro foi de R$ 5,67 bilhões. 

“O cenário externo contribui para a alta do Ibovespa e, em especial, acreditamos que os números mais positivos da indústria chinesa estão sendo importantes”, destaca o analista da Guide Investimentos, Luis Gustavo Pereira. A atividade industrial da China expandiu no ritmo mais rápido em 18 meses em julho, com um salto nas novas encomendas, mostrou nesta quinta-feira o Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) preliminar do HSBC, mais recente indicação de que a economia está acelerando com as medidas do governo.

Estes bons dados impulsionam as ações da mineradora Vale (VALE3;VALE5), que subiram cerca de 2%. A produção de minério de ferro da mineradora subiu o em 12,6% no segundo trimestre do ano, ante o mesmo período de 2013, registrando o melhor resultado para os meses entre abril e junho de sua história. 

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Com o noticiário positivo da China, outras ações do setor de commodities também são influenciadas, caso de siderúrgicas e de empresas de papel e celulose, aponta Pereira. Sem nenhum noticiário específico para o setor, as ações de bancos também ampliam os ganhos, de olho no cenário mais positivo e também com as sinalizações do Copom de que não haverá nova queda de juros. “O Ibovespa está em uma tendência de alta”, reforça o analista, após a baixa de 0,97% registrada ontem após a pesquisa Ibope. Vale ressaltar ainda o movimento dos ativos da Petrobras (PETR3;PETR4) que, após chegarem a cair cerca de 1% mais cedo, viraram e registram leve alta, também se beneficiando do fluxo positivo vindo do exterior. 

Natura e Usiminas caem após resultado; CCR e Ecorodovias são rebaixadas
Por outro lado, o destaque fica para os papéis da Natura ( NATU3), que registrou uma queda de 26,8% no lucro líquido em comparação com o mesmo período do ano passado. Conforme ressalta a XP Investimentos, o resultado operacional ficou abaixo do esperado, com queda na margem bruta e Ebitda. As ações NATU3 fecharam em baixa de 4,63%. 

Já a Usiminas (USIM5) conseguiu reverter prejuízo em lucro líquido atribuível a controladores no segundo trimestre, passando de saldo negativo de R$ 59,5 milhões no ano passado para positivo em R$ 114,4 milhões. Já a receita líquida da empresa caiu 4,3%, indo de R$ 3,244 bilhões para R$ 3,106 bilhões. O Ebitda (Lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação) cresceu de R$ 441,3 milhões para R$ 549,4 milhões, na mesma base de comparação. Segundo a empresa, o maior preço médio da venda de aço no mercado doméstico e do maior volume de exportações de aço, compensou o menor preço médio e volume da exportação do minério de ferro. Porém, o resultado não animou e as ações fecharam em baixa de 2,24%. 

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Outras quedas que chamam a atenção são as de concessionárias, caso da CCR (CCRO3. R$ 18,64, -3,12%) e Ecorodovias (ECOR3, R$ 14,60, -1,42%), que caíram após terem a recomendação reduzida para neutra pelo Credit Suisse. 

As maiores altas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, são:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia
 MMXM3 MMX MINER ON 1,62 +13,29
 SUZB5 SUZANO PAPEL PNA 8,79 +3,78
 ALLL3 ALL AMER LAT ON 8,85 +3,63
 BVMF3 BMFBOVESPA ON 13,19 +3,45
 GGBR4 GERDAU PN 13,67 +3,25

As maiores baixas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, são:

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 Cód. Ativo Cot R$ % Dia
 OIBR4 OI PN 1,55 -4,91
 NATU3 NATURA ON 37,10 -4,63
 CCRO3 CCR SA ON 18,64 -3,12
 CSAN3 COSAN ON 38,69 -2,35
 USIM5 USIMINAS PNA 7,85 -2,24


EUA e ata do Copom
Vale ressaltar que o índice chegou a diminuir os ganhos durante a manhã, em meio aos dados mistos dos EUA, mas logo recuperou a alta. A expansão da atividade industrial nos EUA desacelerou, apontou o PMI, enquanto a venda de moradias nos EUA registrou a maior queda em quase um ano no mês de junho. 

Por outro lado, o número de norte-americanos que entraram com novos pedidos de auxílio-desemprego caiu para o menor nível em quase oito anos e meio na semana passada, sugerindo que a recuperação do mercado de trabalho está ganhando tração. Os pedidos iniciais de auxílio-desemprego caíram em 19 mil, para 284 mil segundo dados ajustados sazonalmente. 

Já no Brasil,  o Banco Central sinalizou, através da ata da última reunião de política monetária, que não deve reduzir a Selic nos próximos encontros, destacando que a inflação tende a entrar em convergência para a meta dentro de um cenário de política monetária que não inclui a redução da taxa básica de juros. 

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“O Comitê antecipa cenário que contempla inflação resistente nos próximos trimestres, mas, que, mantidas as condições monetárias – isto é, levando em conta estratégia que não contempla redução do instrumento de política monetária – tende a entrar em trajetória de convergência para a meta nos trimestres finais do horizonte de projeção”, afirmou o BC na ata. Com isso, as taxas dos principais contratos de juros futuros registraram expressivas altas nesta sessão. 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.