Fraqueza no Brasil faz Usiminas focar mais em exportações

A Usiminas divulgou mais cedo lucro de R$ 129 milhões para o segundo trimestre, queda de 42% sobre o resultado obtido nos três primeiros meses do ano

Reuters

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SÃO PAULO – A Usiminas (USIM5) prevê vendas estáveis de aço no terceiro trimestre em relação ao volume de 1,456 milhão de toneladas comercializadas entre abril e junho, mas vai dedicar parcela maior dessas vendas ao mercado externo, disse nesta quinta-feira o vice-presidente comercial, Sergio Leite.

A estratégia acontece em meio a um mercado interno retraído, com demanda baixa por bens como veículos e tubulações para projetos de petróleo e gás, e apesar de um cenário cambial menos favorável, disse o executivo em teleconferência com analistas.

A Usiminas divulgou mais cedo lucro de 129 milhões de reais para o segundo trimestre, queda de 42 por cento sobre o resultado obtido nos três primeiros meses do ano.

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A empresa vinha desde o ano passado dando maior foco para atender o mercado interno, mais rentável, do que exportações. Porém, no segundo trimestre, a fatia das exportações cresceu para 15 por cento, bem acima dos 9 por cento de um ano antes.

Leite não deu detalhes sobre a participação das vendas externas da Usiminas no restante do ano, mas citou que o tombo de 17 por cento na produção das montadoras de veículos no primeiro semestre foi algo que a empresa não via há muito tempo.

“A grande maioria dos setores industriais está sendo impactada pela desaceleração econômica evidenciada no segundo trimestre”, disse o executivo.

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Segundo Leite, o nível de “prêmio” nos preços de aço do mercado interno em relação ao externo está entre 10 e 15 por cento, o que começa a estimular importações por estar acima da faixa habitual de 5 a 10 por cento. Porém, ele citou que o risco cambial tem representado uma barreira a importações maiores de aço por compradores no Brasil.

As ações da Usiminas recuavam 2,37 por cento às 12h37, enquando o Ibovespa subia 0,79 por cento.

O vice-presidente comecial da Usiminas afirmou que o cenário atual é de estabilidade nos preços de aço no mercado brasileiro, apesar de avaliações de analistas de que os valores cobrados pelas siderúrgicas no Brasil vão cair até o final do ano.

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Nesta manhã, analistas do JPMorgan avaliaram que os preços no mercado interno vão cair 4 por cento no segundo semestre.

“O segundo trimestre viu a primeira queda sequencial no volume de vendas de aço no mercado doméstico desde 2005, diante de demanda fraca e aumento das importações”, escreveram os analistas Rodolfo Angele e Lucas Ferreira, do JPMorgan.

Custo e energia
A Usiminas teve alta de 6 por cento no custo de produtos vendidos no segundo trimestre na base sequencial, mas o cenário para os meses de julho a setembro é de queda, disse o vice-presidente financeiro, Ronald Seckelmann.

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Segundo ele, a empresa teve alta de 100 milhões de reais no custo de produção do segundo trimestre, dos quais 78 milhões foram derivados de insumos como placas produzidas no início do ano e que não capturaram a queda nos preços do carvão e da valorização do real, que barateia a matéria-prima importada.

“A tendência daqui para frente é que o carvão adquirido no segundo trimestre a preço em dólar mais barato e com câmbio valorizado deve se refletir a partir do terceiro trimestre” nos custos da Usiminas, disse Seckelmann.

Em outra frente, a empresa deve continuar produzindo energia elétrica excedente de suas termelétricas para vender, aproveitando o alto preço da eletricidade no curto prazo no país, que nesta semana superou 700 reais por megawatt-hora.

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No segundo trimestre, essas vendas somaram 80,7 milhões de reais e, nas contas dos analistas do JPMorgan, representaram 17 por cento da geração de caixa da empresa medida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda).

“Em função do preço, aumentaremos ou não nossa geração (de energia). Se os preços atuais forem mantidos, continuaremos gerando mais energia para vender”, disse na teleconferência o vice-presidente de tecnologia, Rômel de Souza.