Mercado já precifica queda na Selic ainda este ano e 3 setores comemoram na Bolsa

Com disparada de imobiliárias, o índice IMOB fechou o dia com alta de 4,20%, com destaque para a BR Malls, que avançou 7,47%

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Divulgado nesta manhã pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) mostrou forte desaceleração em julho, indo de 0,47% para 0,17%, ficando abaixo do esperado pelos analistas, que estimavam um avanço de 0,21% nos preços.

A notícia de fato surpreendeu os operadores de mercado, que já começam a estimar um corte Selic ainda neste ano, segundo movimentação dos contratos futuros de DI, que voltaram a marcar queda. Os contratos entre 2018 e 2022 fecharam com variações negativas entre 0,7% e 1,3%, com muitos deles tendo caído pelo 3º dia seguido. Após o resultado, a equipe econômica do Itaú revisou a expectativa do IPCA “cheio” de julho de 0,15% para 0,12%. No acumulado em 12 meses, ele ainda espera um IPCA em 6,6%, acima do teto da meta do governo para 2014, que é de 6,5%.

Corroborando para as apostas de uma taxa de juros menor em 2014, o governo central revisou suas estimativas para a economia brasileira neste ano, jogando o PIB previsto de 2,5% para 1,8%, segundo o 3º relatório bimestral do Ministério do Planejamento. A estimativa menor para a atividade econômica pode abrir espaço para novos cortes na Selic ainda em 2014.

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Essas projeções menores para a Selic acabam se tornando uma boa notícia para algumas empresas da Bolsa, em especial três setores são favorecidos por um cenário de juros mais baixo. Veja abaixo cada um deles e as ações que se destacaram:

Imobiliárias
Dentre as 20 ações que fazem parte do IMOB, índice que compila as empresas do setor imobiliário e shopping, apenas 1 fechou no negativo, levando o índice a subir 4,20% neste pregão – sua quarta sessão no positivo. Dentre as que fazem parte do Ibovespa, destaque para a PDG Realty (PDGR3) e MRV Engenharia (MRVE3), que fecharam com alta de 4,03% e 4,25%, respectivamente, cotadas a R$ 1,55 e R$ 7,85.

Ainda no índice, a Gafisa (GFSA3, R$ 3,63, +1,40%), Even (EVEN3, R$ 6,54, +1,08%) e Rossi (RSID3, R$ 1,64, +0,61%) também fecharam em alta. Enquanto isso, fora do Ibovespa a EzTec (EZTC3, R$ 23,47, +2,04%) e a Helbor (HBOR3, R$ 6,10, +0,49%) também subiram.

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Uma queda nos juros ajuda as empresas do setor à medida que o crédito ao consumidor fica mais fácil, o que pode ter impacto direto nas vendas e na receita das companhias, já que a maior parte dos compradores de imóveis paga em parcelas.

Shopping centers
Além da expectativa de juros mais baixos, ajudam também as empresas de shopping centers as recentes prévias divulgadas por algumas dessas companhias. Apesar do segundo trimestre se mostrar mais fraco para o setor, piorado por causa da Copa do Mundo, os números apresentados por empresas como a Multiplus (MULT3) têm animado os investidores.

Diante disso, a maior alta do dia ficou com uma empresa do setor, a BR Malls (BRML3), que encerrou o dia com valorização de 7,47%, a R$ 21,44. Ainda entre as empresas de shopping, a Multiplan subiu 4,38%, para R$ 58,19, enquanto a Iguatemi (IGTA3, R$ 25,74, +4,38%) e a Aliansce (ALSC3, R$ 20,00, +3,63%) avançaram mais de 3%.

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Varejistas
Uma maior facilidade de crédito também é favorável para o setor de consumo e varejo, exatamente porque favorece o consumidor a gastar mais. Neste sentido, a Le Lis Blanc (LLIS3) registrou a maior alta entre as empresas do setor, com valorização de 6,33%, cotada a R$ 6,89, seguida pela Lojas Americanas (LAME4), que avançou 4,25%, para R$ 14,95.

Ainda com altas mais expressivas, a B2W (BTOW3) subiu 3,41%, a R$ 34,00. Mais atrás ficaram empresas como Hering (HGTX3, R$ 20,81, +2,66%), Arezzo (ARZZ3, R$ 30,50, +1,67%) e Grendene (GRND3, R$ 13,81, +2,07%).

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.