Imobiliárias voltam a liderar perdas do índice mesmo com alta da bolsa; Vale cai 1%

Oi tem dia bastante volátil após anunciar oferta de ações, mas fecha em queda; Fibria recua 1,2% mesmo com elevação de nota de crédito

Rodrigo Tolotti

Publicidade

·SÃO PAULO – Em sessão bastante volátil, o Ibovespa encerrou esta quinta-feira (20) com alta de 0,29%, aos 47.288 pontos. Voltaram a chamar atenção os papéis das companhias imobiliárias, que após registrarem uma sessão de recuperação, mais uma vez lideraram as perdas do índice. Além disso, ajudou a pressionar o benchmark as ações da Vale (VALE3, -1,15%, R$ 34,52; VALE5, -1,00%, R$ 30,59), que possuem cerca de 12% de participação na carteira teórica do índice, após dados desanimadores da indústria na China.

Em relação às construtoras, o cenário negativo voltou a trazer mau humor para os papéis. Na última quarta-feira, as ações de grande parte das imobiliárias na Bolsa chegaram a renovar mínimas, o que mudou na última sessão, com esses ativos liderando os ganhos do Ibovespa. Com dificuldades, as construtoras seguem a cada dia se desvalorizando mais, com muitas operando a baixo de seu valor patrimonial. Para muitos analistas, isso já mostra que o mercado teme uma retração do mercado imobiliário – principalmente nas principais praças, como Rio de Janeiro e São Paulo.

Neste pregão, Rossi (RSID3, R$ 1,72, -2,27%), PDG Realty (PDGR3, R$ 1,56, -1,89%) e Gafisa (GFSA3, R$ 3,06, -1,61%) lideraram as perdas do Ibovespa, enquanto Brookfield (BISA3, R$ 1,49, +1,36%), Even (EVEN3, R$ 7,05, +1,15%) e MRV Engenharia (MRVE3, R$ 8,09, +0,50%) conseguiram fechar o dia com leves ganhos.

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Oi tem dia volátil após oferta de ações
Umas das ações que mais chamou atenção neste pregão foi a da Oi (OIBR4, -0,79%, R$ 3,75), que após chegar a liderar as perdas do índice com queda de 5,56%, conseguiu ganhar força e subir 1,85%, mas acabou encerrando o dia em queda. Destaque para o forte volume de R$ 50,2 milhões, acima da média de R$ 28,4 milhões dos últimos 21 pregões.

O movimento ocorre um dia após o conselho de administração da companhia aprovar o pedido de oferta pública primária de ações ordinárias e preferenciais à CVM (Comissão de Valores Mobiliários), que faz parte do processo de fusão da companhia com a Portugal Telecom. Para que a operação ocorra será preciso ter um valor mínimo de R$ 7 bilhões, comentou a equipe de análise da XP Investimentos, lembrando que a Portugal Telecom entrará com ativos que possui na África do Sul e em Portugal, enquanto os acionistas da Oi entrarão com parcela em dinheiro para capitalizar a companhia, que atingiu um nível bastante elevado de endividamento.

Fibria cai mesmo com elevação de nota de crédito
Mesmo fechando com queda de 1,18%, a R$ 26,05, uma notícia positiva está no radar da Fibria (FIBR3). Depois de quase dois anos de rígida gestão dos passivos e controle de custos e investimentos, a Fibria começou a colher os frutos dessa estratégia: a agência de classificação de risco Fitch elevou ontem a nota de crédito de longo prazo em moeda estrangeira da companhia de “BB+” para “BBB-“, primeiro nível do grau de investimento.

Continua depois da publicidade

Outros Destaques:

Gol
As ações da
Gol (GOLL4, +3,66%, R$ 11,33) tiveram mais um dia de fortes ganhos após a companhia anunciar uma parceria exclusiva estratégica de longo prazo para cooperação comercial com a Air France-KLM. Como parte do acordo, a Air France-KLM investirá US$ 100 milhões na Gol, sendo US$ 52 milhões em ações, o equivalente a uma participação de 1,5% nas ações preferenciais. O aumento de capital passará pela aprovação do conselho de administração.

Banco do Brasil
No setor financeiro, chamaram atenção os papéis do Banco do Brasil (BBAS3, +4,07%, R$ 20,45), que ganharam força depois que o STF (Supremo Tribunal Federal) adiou por tempo indeterminado o julgamento de correção dos planos econômicos.

O Ministério da Fazenda calcula perdas de cerca de R$ 149 bilhões para os bancos se eles forem obrigados a fazer a mudança do índice aplicado na época dos planos, montante este que equivale a um terço do patrimônio dos bancos. Metade deste valor viria do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal, o que levaria a um efeito “devastador” do crédito à economia.

Ultrapar
As ações da Ultrapar (UGPA3, -1,57%, R$ 52,00) recuaram após a divulgação do resultado do quarto trimestre. Apesar da queda, a companhia registrou crescimento de 20%, em bases anuais, do lucro líquido no quarto trimestre, para R$ 370,7 milhões, impulsionado por um melhor resultado operacional em seus negócios. A XP Investimentos ressaltou que os números foram bons, sendo a 30ª vez consecutiva que a companhia consegue entregar crescimento em sua geração de caixa. 

OGX
Já a Óleo e Gás Participações (OGXP3), antiga OGX, viu suas ações subirem 4,17%, a R$ 0,25. A Justiça do Rio de Janeiro acatou na véspera recurso movido pela empreiteira espanhola Acciona contra a tramitação conjunta da recuperação judicial da OSX (OSXB3) e da antiga OGX. A Acciona é uma das principais credoras da OSX. Com a decisão, o processo será separado. A 4ª Vara Empresarial respondia, até então, pela recuperação das duas companhais, sendo que a Deloitte fora designada como administradora judicial dos dois casos. Com isso, o processo da OSX será redistribuído para outra vara, sendo que o juiz determinará se os atos praticados continuaram em vigor.

Gradiente
Por fim, as ações da Gradiente (IGBR3) voltaram a disparar nesta sessão, depois de uma pausa na sua sequência de ganhos nos últimos dias. Nesta sessão, os papéis subiram 19,65%, a R$ 6,09. Desde o dia 11 de fevereiro, a alta é de mais de 50%. Procurada na véspera pelo InfoMoney, a companhia disse que não havia nenhum fato concreto que justificasse a oscilação da ação. Para a empresa, o que pode ter ocorrido é que “os investidores chegaram à conclusão de que a ação estava muito barata, pois caiu substancialmente nos últimos meses”. Em 2013, as ações da companhia acumularam perdas de 52%.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.