Crash de 2014: assim como em 1929, você não escutará ele se aproximar

Segundo coluna do Market Watch, apesar dos alertas barulhentos, a história mostra que os investidores serão pegos desprevenidos novamente caso ocorra um novo crash este ano

Paula Barra

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SÃO PAULO – Assim como em 1929, você não vai escutar o crash de 2014 chegar – mesmo com a lista cada vez maior de gestores favoráveis a essa ideia -, aponta Paul Farrell, em uma coluna publicada nesta quarta-feira (19) no site norte-americano Market Watch.

Os alertas podem ser sempre longos e barulhentos, mas a história mostra que você não vai conseguir escutá-los a tempo, escreve. O crash de 1929 que levou a Grande Depressão foi assim. E não foi diferente na bolha pontocom, que iniciou em 2000. Nos três anos seguintes, o mercado perdeu US$ 8 trilhões com a recessão que se formou. “Nada mudou anos depois. Mais uma rodada de alertas entre 2004 e 2008, mas novamente com poucos ouvintes. Outro crash. E Wall Street perdeu mais US$ 10 trilhões”, comenta. 

Os investidores, no entanto, parecem se esquecer das lições deixadas na história até serem pegos novamente desprevenidos pelo mercado. O historiador financeiro Niall Ferguson colocou dessa maneira: antes do crash, o mundo parece quase em estado estacionário, enganosamente equilibrado, como um ponto de ajuste. Então, quando o crash finalmente chega – sendo praticamente inevitável sua chegada -, todos são pegos de surpresa. E o nosso cérebro nos diz que não é hora de um crash. Então, nós ficamos de mãos atacadas mais uma vez, comenta.

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“Nós ficamos escutando músicas em nossas cadeiras, convencidos de que podemos colocar mais um pouco do lucro nos bolsos antes que o inevitável aconteça. Convencidos do nosso sucesso. Então, o ‘ladrão da noite’ finalmente ataca, e nos pega desprevenidos. Mesmo assim, negamos a nós mesmos que é um crash, e sim mais uma correção de curto prazo num aquecido mercado altista. Até que de repente, o crash acelera como um carro esportivo”, explica Ferguson.

Sinais de um novo crash aumentaram
Desde o início desse mês os burburinhos em torno de um novo crash aumentaram, principalmente após a ressurgência de um gráfico denominado “Paralelo Assustador”, no qual indica uma forte correlação entre o comportamento do mercado antes do crash de 1929 e o atual. A conclusão alcançada por Tom McClellan, editor da McClellan Market Report, vem assombrando Wall Street. Segundo ele, “não há nenhuma garantia de que o mercado vai continuar seguindo cada passo de 1929, mas entre agora e maio de 2014 há uma série de razões para se ter cautela”.

Além disso, um relatório recente do megainvestidor George Soros abriu ainda mais os olhos para os sinais de que um cenário “bearish” (pessimista) se aproxima. Soros dobrou suas opções de venda de um ETF (fundo de índices, ou Exchange Traded Fund, na sigla em inglês) do índice que engloba as 500 maiores empresas norte-americanas, S&P 500. Em linhas gerais, a compra das opções de venda – também conhecida como “put” – sinaliza que Soros projeta a queda do índice norte-americano. 

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Entretanto, mesmo com todos esses alertas, nosso cérebro já está programado para não acreditar nesses sinais contrários à tendência primária – de alta. Mas seria possível nos programar para prever um crash? Segundo Farrell, não. Mais uma vez seremos pegos desprevenidos como em 1929, apesar dos alertas, assim como em 2000 ou em 2008. “Em 2014, dificilmente estaremos prontos… ele vai nos pegar de surpresa, mais uma vez”, disse.