Os “shorters” estão de volta: aluguel de 5 ações mais do que dobra em 3 meses

Entre esses papéis, o empréstimo com HRT foi o que teve o maior salto do fim de setembro para cá, de 785,1%; em 11 de dezembro, o aluguel com o ativo bateu sua máxima histórica, de 36,1 milhões de contratos

Paula Barra

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – 2013 foi o ano dos vendidos ou “shorters” na BM&FBovespa, no jargão do mercado. Com o desempenho negativo do Ibovespa (-15,5%), o volume de aluguel somou R$ 1,006 trilhão no acumulado de 2013 – um novo recorde -, contra R$ 785,9 bilhões no ano anterior, crescimento de 28%. O ápice foi em abril, quando registrou volume de R$ 100,5 bilhões, principalmente por conta do forte movimento contra as ações da OGX Petróleo (OGXP3). Mas, com o aluguel de ações no seu limite, o papel cotado a centavos, o pedido de recuperação judicial e a saída da ação do Ibovespa, essa pressão nos papéis estancou entre setembro e outubro do ano passado. Coincidência ou não, o movimento dos vendidos passou a se intensificar em outros papéis da bolsa paulista nesse período.

Desde outubro do ano passado, observa-se uma forte pressão vendedora nas ações da Oi (OIBR3; OIBR4), HRT (HRTP3) e das imobiliárias Brookfield (BISA3), Gafisa (GFSA3) e Rossi (RSID3). Em comum, além do fato do aluguel desses papéis terem disparado, todas essas empresas passam por situações complicadas – o que ajuda a entender um pouco esse movimento.

Em relação à Oi, reflete as incertezas sobre a fusão com a Portugal Telecom, vista como “extremamente danosa aos minoritários da operadora brasileiro e ao mercado de capitais”, segundo a casa de research Empiricus. Já a HRT vive uma disputa entre seus administradores pelo seu comando e, consequentemente, para definir seu futuro, depois de uma campanha fracassada na Namíbia em busca de petróleo. Por fim, as imobiliárias sofrem com cenário de taxa de juros mais alta e o crescimento da economia mais baixo.

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Confira a disparada do aluguel de cada ação:

Oi
Do dia 30 de setembro até 3 de janeiro, o empréstimo com as ações ordinárias da Oi dispararam 131,98%, passando de 6,242 milhões para 14,480 milhões ações – maior patamar desde julho de 2013 -, enquanto dos papéis preferenciais da operadora de telefonia subiram 30,15%, indo de 77,94 milhões para 101,72 milhões papéis. Juntamente com esse movimento, a taxa de aluguel também mostrou um salto: para “tomar” o papel emprestado o investidor precisa pagar uma taxa de aproximadamente 19% ao ano, contra cerca de 15% ao ano há cerca de três meses. No período, as ações ONs caíram 11%, e as PNs, 7%

HRT
O empréstimo com as ações da HRT bateram sua máxima histórica em 11 de dezembro, quando tinham 36,163 milhões de contratos abertos com os papéis. Em pouco mais de três meses, o aluguel dos papéis da petroleira dispararam impressionantes 785,1%. A taxa de empréstimo também subiu para o “tomador”, alcançando 10,21% ao ano em 3 de janeiro. No período, as ações da empresa caíram 24%.

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Imobiliárias
Já o aluguel de ações da Brookfield saltou 163,97% entre os meses de outubro e o início de janeiro deste ano, indo de 19,574 milhões para 51,669 milhões. Em 16 de dezembro, o empréstimo atingiu o maior patamar 63,593 milhões desde agosto de 2013. A taxa para “tomar” o papel emprestado está atualmente em 8,61% ao ano. No período dos últimos três meses, o ativo caiu 33%.

No caso da Gafisa, 80,722 milhões de ações estão emprestadas atualmente – maior nível desde julho do ano passado. Do fim de setembro para cá, o aluguel registrou um salto de 206,40%. Além da disparada do aluguel, impressiona também a taxa de empréstimo, que encontra-se em 56,87% ao ano, contra 8,26% ao ano há cerca de três meses. Apesar da pressão vendedora, as ações da imobiliária registram alta de 5% no período. 

Por fim, os empréstimos com as ações da Rossi atingiram no pregão do dia 3 de dezembro o maior patamar histórico, em 67,628 milhões de papéis. No peíodo de três meses, o aluguel disparou 136,26%. A taxa para alugar o papel está em 3,73% ao ano. Do fim de setembro para cá, os papéis caíram 36%.

Como funciona o aluguel de ações?
O aluguel de ativos é muito utilizado pelos investidores que operam vendido, ou seja, que apostam na queda do papel. Eles (os “tomadores”) primeiramente alugam ações para posteriormente vendê-las. Depois que o preço recua, recompram a mesma quantidade de papéis por um preço mais barato para devolvê-los, ganhando com a diferença entre o valor da venda e da compra. 

É importante lembrar que apostar na baixa do mercado costuma ser mais arriscado do que investir acreditando na alta, principalmente quando o investidor não tem muita experiência. Para isso, o investidor deve enxergar fortes indícios de que o papel vai cair, caso contrário, corre o risco de amargar prejuízos com a prática. 

Para os “doadores” (quem empresta a ação), o maior risco é não poder operar com aquele papel enquanto ele estiver alugado. Com isso, se quiser se desfazer do papel por conta de alguma notícia ou movimento muito atípico, terá de esperar.