Decisão do governo de não socorrer Eike é “interessante”, diz diretor da S&P

Lado importante é a postura do governo brasileiro, que não resgatou as empresas - o que é um "sinal interessante" por parte de Dilma Rousseff

Felipe Moreno

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SÃO PAULO – Eike Batista teve que pedir recuperação judicial para a OGX Petróleo (OGXP3) e para OSX Brasil (OSXB3), sinalizando o “fracasso” de um dos maiores grupos empresariais da América Latina. Para Sebastian Briozzo, diretor da Standard & Poor’s responsável para o Brasil, isso acende a “luz amarela” no subcontinente. 

Mesmo assim, isso não representa um risco para o sistema bancário brasileiro. Embora Bradesco (BBDC4), Itaú Unibanco (ITUB4) e BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) tivessem alguma exposição ao caso, ela é pequena demais para que desencadeasse algum problema para alguma das instituições. 

O lado importante é a postura do governo brasileiro, que não resgatou as empresas – o que é um “sinal interessante” por parte de Dilma Rousseff. No exterior, critica-se o governo brasileiro por permitir o desenvolvimento de um “capitalismo de amigos” e esperava-se que a “interventora” Dilma resgatasse o empresário por suas conexões e pelos empregos que ele supostamente geraria.

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Aconteceu o contrário. A posição do governo foi vista como “fria”, o que, de certo ponto, é positivo: impede que o Brasil gaste dinheiro público resgatando empresas problemáticas. O fracasso de Eike, portanto, é um teste para o capitalismo brasileiro – e que o governo acabou passando, ao não intervir. 

Assim, o fracasso de Eike sinaliza que o governo Dilma é mais liberal e economicamente racional do que era acreditado. Ao invés de apelar para o nacionalismo e estatismo, permitiu-se que a solução para os problemas de Eike fosse encontrado” no mercado, com a injeção de capital estrangeiro para salvar a MPX Energia, atual Eneva (ENEV3), e a LLX Logística (LLXL3).