Entenda como o risco-Síria fez as bolsas despencarem; Petrobras caiu 4% com isso

Exercíto de Bashar Al-Assad, presidente do país, teria supostamente atacado civis com armas químicas - ou, pior, teria perdido o controle sobre as mesmas

Felipe Moreno

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SÃO PAULO – A Síria é um país de 22,5 milhões de habitantes que está em guerra civil desde 2011, como consequência dos movimentos pró-democracia no Oriente Médio, onde está situado. Com o agravamento do conflito nos últimos dias, aumentou-se a possibilidade de uma intervenção militar norte-americana e britânica no país.

O exercíto de Bashar Al-Assad, presidente do país, teria supostamente atacado civis com armas químicas – ou, pior, teria perdido o controle sobre as mesmas. Uma intervenção pode ser autorizada nos próximos dias e o secretário de estado norte-americano, John Kerry, já chamou a utilização desse tipo de arma de “uma obscenidade moral”. Bashar Al-Assad prometeu se defender contra “quaisquer invasores”. 

Com isso, os mercados mundiais entraram em crise: as bolsas norte-americanas caíram e o Ibovespa teve queda de 2,60% nesta terça-feira (27), terminando aos 50.091 pontos, com a disparada de 2,77% do petróleo – cuja região com maior produção no mundo é o Oriente Médio – e de 12,68% do “índice do medo”. Já o ouro, mais procurado em épocas de aversão do risco, subiu 1,57%. 

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Empresas nacionais sofrem com isso
Algumas ações, porém, sentiram os efeitos na “pele”. É o caso da Petrobras (PETR3; PETR4), cujas ações ordinárias tiveram queda de 3,33%, aos R$ 16,57, enquanto os preferenciais tiveram queda de 4,07%, aos R$ 17,45. Para suprir a demanda interna, a estatal importa derivados de petróleo – que veem seu preço disparar junto com a cotação internacional do petróleo, que bateu sua máxima desde fevereiro de 2012.

A petrolífera já sofria com a alta do dólar, destaca Carlos Müller, analista-chefe da Geral Investimentos, o que impacta a economia nacional. “Aumenta a diferença dos preços internos e externos, mas se tivermos um reajuste para repassar isso teremos pressão inflacionária, é uma situação muito delicada”, avalia o analista. 

A situação é tão complicada que os títulos de dívida da companhia estão sendo tratados como “lixo” por operadores de derivativos. A alavancagem da empresa está acima de níveis tido como aceitáveis e o “seguro” contra um possível calote da empresa, o CDS (Credit Default Swap) praticamente dobrou esse ano, atingindo o maior nível entre 20 petrolíferas. 

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Um dos derivados do petróleo cujo preço flutua no Brasil livremente é o combustível de aviação – o que faz com que Gol (GOLL4) e Latam (LATM11) despenquem quando o preço do petróleo sobe. A primeira teve queda de 3,63%, aos R$ 8,24, enquanto a segunda perdeu 2,81%, aos R$ 27,71. As empresas, sobretudo a Latam, operam para fora do país e também operam em regiões cujos preços tem livre oscilação.  

O conflito
O conflito árabe-sírio é mais complexo do que uma simples combinação de forças pró-democracia e pró-Assad. Há também militantes de grupos fanáticos islâmicos sunitas, como facções da Al-Qaeda, e xiitas, como o Hezbollah. Uma informação desconhecida, e muito importante, é saber qual dos lados usou armas químicas contra civis – caso tenham sido os radicais islâmicos, não é absurdo pensar que Israel é possivelmente o próximo alvo. 

Ao mostrar-se interessado em uma intervenção, as potências militares do ocidente não afirmaram o que deverão fazer e há duas opções disponíveis: uma invasão terrestre ou o bombardeio das bases dos grupos adversários. Temendo que armas caiam em mãos erradas, os EUA e o Reino Unido deixarão de fornecer para os rebeldes, já que temem estar alimentando grupos inimigos no futuro – como foi o caso de Osama Bin-Laden, treinado pela CIA (Agência Central de Inteligência). 

A opção mais custosa para a economia norte-americana é uma invasão. “Se tivermos uma invasão, parte do princípio que vai ter uma estada mais prolongada, como Iraque e Afeganistão, com gastos ainda mais altos. Se for um bombardeio de dois ou três dias, tem um custo pontual, não é tão prejudicial para a situação fiscal norte-americana assim”, termina Müller.