Ibovespa fecha em alta de 1,24% e tem maior sequência de ganhos desde janeiro de 2012

Índice termina pela 5ª vez em seis semanas no positivo; PDG, Fibria e siderúrgicas lideram ganhos

Paula Barra

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SÃO PAULO – Em dia bastante volátil, o Ibovespa, que abriu em queda, encerrou pelo oitavo pregão consecutivo no terreno positivo nesta sexta-feira (16). Essa é a maior sequência de altas desde 16 a 26 de janeiro de 2012. Na sessão, o índice registrou alta de 1,24%, a 51.538 pontos – maior pontuação desde 7 de junho. O giro financeiro diário foi de R$ 8,749 bilhões. 

O índice brasileiro encerrou pela quinta vez em seis semanas em ganhos, registrando alta de 3,34% entre os dias 12 e 16 de agosto. O movimento foi na contramão dos principais índices acionários norte-americanos, que terminaram a semana no negativo: S&P 500 (-2,1%), Dow Jones (-2,2%) e Nasdaq (-1,6%).

Mesmo com a bolsa brasileira em alta, o dólar disparou ante o real nesta sessão, tocando o patamar de R$ 2,3908 pela primeira vez desde 6 de março de 2009.  Naturalmente, o movimento da moeda norte-americana é contrário ao mercado acionário, entretanto, essa forte escalada ocorre em meio à expectativa de que os Estados Unidos iniciem em breve o corte do seu programa de estímulos monetário. 

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PDG, Fibria e Siderúrgicas lideram ganhos
Neste pregão, as ações das siderúrgicas ajudaram a puxar o desempenho positivo do Ibovespa, sendo elas: CSN (CSNA3, +7,05%, R$ 8,35), Usiminas (USIM3, +4,82%, R$ 10,22; USIM5, +4,67%, R$ 10,32), Gerdau (GGBR4, +6,62%, R$ 16,26) e Metalúrgica Gerdau (GOAU4, +5,66%, R$ 20,15). Juntos, os papéis representam 7,6% da carteira teórica do índice.

Distribuidores de aço ouvidos nesta sexta-feira pela Reuters informaram que a Gerdau, ArcelorMittal, Votorantim Siderurgia e Usiminas aumentaram seus preços no mercado interno, com reajustes entrando em vigor entre a próxima semana e o início de setembro.

Na ponta positiva figuraram as ações da PDG Realty (PDGR3) e Fibria (FIBR3), que subiram 8,53% e 8,17%, respectivamente, a R$ 2,29 e R$ 27,00. No caso da Fibria, a disparada do dólar contribuiu para a escalada das ações da empresa, assim como as da Suzano (SUZB5), que avançaram 6,14%, a R$ 8,81 – empresas com forte participação das receitas voltadas a exportação.

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Já do lado negativo os destaques ficaram com as ações da BR Malls (BRML3), LLX Logística (LLXL3) e Lojas Renner (LREN3), que caíram 4,21%, 4,19% e 3,33%, respectivamente, a R$ 19,09, R$ 1,60 e R$ 60,90.

Apesar da queda diária, as ações da LLX acumularam na semana ganhos expressivos de 56,86%, em meio à notícia de que receberá uma capitalização de R$ 1,3 bilhão por parte do Grupo EIG, através de uma operação de aumento privado do capital social. O presidente do Grupo, Blair Thomas, destacou, em entrevista ao InfoMoney, que “o porto do Açu é um projeto de nível mundial e será uma peça crítica de infraestrutura para permitir que o Brasil atinja seu potencial de energia e recursos”. 

As maiores altas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

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 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 PDGR3 PDG REALT ON 2,29 +8,53 -30,82 142,90M
 FIBR3 FIBRIA ON 27,00 +8,17 +19,63 75,05M
 CSNA3 SID NACIONAL ON EDJ 8,35 +7,05 -24,34 132,57M
 GGBR4 GERDAU PN EJ 16,26 +6,62 -8,65 279,73M
 OGXP3 OGX PETROLEO ON 0,67 +6,35 -84,70 134,17M

As maiores baixas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 BRML3 BR MALLS PAR ON 19,09 -4,21 -27,91 82,72M
 LLXL3 LLX LOG ON 1,60 -4,19 -33,33 99,77M
 LREN3 LOJAS RENNER ON 60,90 -3,33 -21,75 66,25M
 ALLL3 ALL AMER LAT ON 9,12 -2,25 +10,62 24,68M
 OIBR4 OI PN 4,02 -2,19 -47,17 46,23M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o Índice Bovespa, foram :

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 VALE5 VALE PNA 32,17 +1,97 912,23M 657,98M 38.483 
 PETR4 PETROBRAS PN 17,78 -0,28 665,88M 491,12M 47.375 
 ITUB4 ITAUUNIBANCO PN EJ 29,20 -2,05 590,86M 333,08M 38.819 
 GGBR4 GERDAU PN EJ 16,26 +6,62 279,73M 118,60M 29.587 
 BBDC4 BRADESCO PN 28,50 -0,94 272,16M 244,28M 23.468 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)

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Vencimento de opções e agenda dos EUA
Trazendo mais uma pitada de volatilidade ao mercado, na próxima segunda-feira (19), ocorrerá o vencimento das opções sobre ações da Bovespa, o que costuma trazer volatilidade às principais blue chips da bolsa brasileira nos dias que antecedem o vencimento, uma vez que os investidores tem até a data limite para negociar seus contratos de opção – na segunda-feira, eles podem apenas exercer o direito de compra ou venda da ação, mas não podem negociar o contrato da opção.

Em meio à volatilidade, os indicadores divulgados nesta manhã nos EUA ficaram ofuscados. Por lá, o sentimento do consumidor mensurado pela Universidade de Michigan caiu para 80,0 pontos em agosto, ante projeções de estabilidade em 85,1 pontos. Além dele, o Building Permits, que mostra a quantidade de concessões de alvarás para construção no país, subiu para 943 mil em julho, ante expectativa de 934 mil, enquanto o número de novas construções residenciais avançou para 896 mil, em linha com o esperado.

Além disso, o Productivity & Costs, que mede a produtividade da mão de obra nos EUA, referente ao segundo trimestre subiu 0,9%, bem melhor do que o esperado – analistas projetavam estabilidade na produção.

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Superávit europeu e dedo gordo chinês
Na Europa, o superávit comercial da zona do euro aumentou em junho, com queda de 6% nas importações e recuo de 3% nas exportações. Já a inflação no bloco econômico caiu 0,5% em julho, com taxa anual permanecendo em 1,6%, abaixo da meta de 2% do BCE (Banco Central Europeu).

Na Ásia, embora a agenda não tenha trazido nenhuma grande novidade, vale destacar o movimento atípico apresentado pelo índice Shanghai, chegou a registrar ganhos de até 5,6% antes de fechar com queda de 0,67%. Operadores locais atribuíram a repentina alta à uma execução não-intencional de 7 bilhões de iuanes (US$ 1,130 bilhão) feita por uma corretora local, e avaliam que esse tipo de movimento não ajuda na confiança sobre o mercado chinês – o que, no jargão do mercado, é conhecido como “dedo gordo”. Compras relacionadas a futuros e potenciais políticas governamentais também foram especuladas para esse movimento.

Destaques da semana: discursos do Fed e prévia do PIB
Os investidores digeriram durante a semana uma série de discursos de presidentes regionais do Federal Reserve. O presidente do Fed de St. Louis, James Bullard, reafirmou seus comentários de que a inflação no país não está na trajetória para alcançar a meta de 2% e que a autoridade monetária precisa ainda analisar os dados da economia no segundo semestre antes de dar início a retirada do Quantitative Easing 3 – programa que consiste na compra mensal de até US$ 85 bilhões em títulos públicos. 

Na mesma linha, o líder do Fed de Atlanta, Dennis Lockhart, disse no início da semana que ainda não existem dados suficientes para que seja decidido já na próxima reunião do Fed uma possível redução no programa de estímulos à economia do país.

Desde maio, quando Ben Bernanke, presidente do Federal Reserve, disse que caso o mercado de trabalho mostre uma melhora consistente e a inflação dirija-se para a meta a autoridade poderia antecipar a retirada gradual do QE3, os mercados mostraram apreensão sobre o assunto e os discursos de presidentes regionais do Fed ganharam cada vez mais notoriedade.

Por aqui, o principal evento da agenda econômica foi a prévia do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro, que indicou desaceleração no segundo trimestre deste ano ao registrar expansão de 0,89% sobre os três primeiros meses, de acordo com o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br). No 1º trimestre, o indicador mostrou expansão de 1,10%, segundo dados revisados. 

Entre os destaques corporativos, a semana marcou o fim da temporada brasileira de balanços corporativos do segundo trimestre, com destaque para as divulgações neste período dos dados da Petrobras (PETR3; PETR4) e empresas X. Segundo levantamento divulgado hoje pela Economatica, as 64 empresas do Ibovespa lucraram R$ 26,16 bilhões entre os meses de abril a junho, alta de 19,8% na comparação com o mesmo período do ano passado.