Ibovespa perde forças, mas atinge melhor sequência em 11 meses; Petro sobe 3,5%

Índice fecha com alta de 0,58%, após chegar a subir 1,5% no intraday; siderúrgicas, imobiliárias, ALL e empresas X lideram ganhos, enquanto Oi despenca

Thiago Salomão

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SÃO PAULO – As três sinalizações de que a bolsa brasileira poderia estar mudando de tendência no curto prazo – formação de pivô de alta, aumento do volume financeiro e “zeragem” de posições vendidas dos estrangeiros – de fato têm se confirmado e o Ibovespa, que nos primeiros dias de agosto operava próximo dos 47.000 pontos, completou nesta quarta-feira (14) seu 6º pregão seguido de alta, algo que não acontecia desde setembro do ano passado.

Com valorização de 0,58%, o benchmark da bolsa brasileira fechou a 50.895 pontos, renovando seu maior patamar desde 10 de junho. Contudo, vale mencionar que no intraday o Ibovespa chegou a bater nos 51.364 pontos, indicando alta de 1,51%, mas perdeu forças nos minutos finais do dia. O giro financeiro na Bovespa foi de R$ 11,8 bilhões, mais de 50% acima da média diária de julho, impactado pelo vencimento de contratos futuros do Ibovespa e de opções do índice.

Com esta nova alta, o Ibovespa já acumula ganhos de 7,3% nestes últimos 6 pregões. De 3 de julho (mínima do ano) pra cá, a valorização já chega a 13%. No entanto, ao olhar para o acumulado em 2013, o desempenho ainda é negativo em 16,5%.

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O noticiário internacional bem que contribuiu para manter o apetite dos investidores por risco: enquanto a zona do euro conseguiu sair da recessão após seis trimestres de declínio, nos Estados Unidos o presidente do Fed de St. Louis deu mais indícios de que o início da retirada de estímulos na economia norte-americana só deve acontecer rapidamente se o país mostrar que pode caminhar com as próprias pernas. No entanto, vale ressaltar que as bolsas internacionais não repetiram o feito da brasileira – enquanto na Europa os principais índices acionários não superaram a faixa de 0,5% de alta, os mercados norte-americanos caíram entre 0,4% e 0,7%.

Por aqui, os investidores seguem atentos ao desfecho da temporada de resultados do 2º trimestre, prevista para acabar nesta quarta-feira – as empresas têm até 45 dias após o fechamento do trimestre em questão para divulgarem seus balanços. Na agenda econômica, as vendas de varejo mostraram crescimento menor que o esperado em junho, mas o dado não surtiu efeito nas negociações da Bovespa.

Destaques de alta
A empresa que mais colaborou para a nova alta do Ibovespa foi a Petrobras (PETR3, R$ 16,12, +1,77%; PETR4, R$ 16,95, +3,54%), que possui a 2ª maior participação individual no benchmark, com uma fatia de quase 10% no índice. Destaque também para o giro financeiro de PETR4, que bateu R$ 900 milhões nesta quarta, quase o dobro do volume médio diário.

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O ponto mais alto do Ibovespa, contudo, ficou novamente com a LLX Logística (LLXL3), que subiu 17,05% com os rumores cada vez mais fortes de que as empresas do Grupo EBX, de Eike Batista, deverão receber um aporte financeiro bilionário. A MMX Mineração (MMXM3, R$ 2,11, +3,94%) e a OGX Petróleo (OGXP3, R$ 0,68, +1,49%) também fecharam no azul, embora com uma performance mais modesta. As três empresas divulgam seus resultados nesta quarta após o fechamento do pregao.

Outra empresa que também se destacou foi a ALL (ALLL3). As ações da empresa dispararam 8,66%, fechando a R$ 9,54, após a Cosan desistir de entrar no bloco de controle da companhia. Para a equipe de análise da XP Investimentos, a notícia é positiva uma vez que diminuiu o risco de governança corporativa da ALL caso a Cosan utilizasse a companhia para benefício próprio, através de acordo entre as duas na empresa Rumo Logística. Os papéis ALLL3 também tiveram um volume financeiro bastante acima da média, somando R$ 144 milhões – a média diária girava em torno de R$ 20 milhões até o pregão anterior.

A BRF (BRFS3) foi outra que virou notícia e viu suas ações subirem 3,36%, fechando a R$ 53,85 – maior patamar da história -, diante do anúncio do novo presidente da companhia, Claudio Galeazzi, para suceder José Antonio do Prado Fay na presidência. Galeazzi foi indicado para o cargo pelo presidente do Conselho de Administração, Abílio Diniz. Fay, que comandava a companhia desde outubro de 2008, ficará até o final de 2013 na BRF.

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Fechando a lista das maiores altas do pregão, aparecem as ações de imobiliárias e siderúrgicas, que também avançaram mais de 3% e colaboraram para o dia positivo do Ibovespa, tendo em vista a significativa participação que elas possuem na carteira teórica. As maiores altas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 LLXL3 LLX LOG ON 1,51 +17,05 -37,08 64,59M
 ALLL3 ALL AMER LAT ON 9,54 +8,66 +15,72 144,99M
 GFSA3 GAFISA ON 3,13 +7,56 -33,55 95,44M
 GOLL4 GOL PN N2 8,00 +7,38 -37,98 38,75M
 USIM3 USIMINAS ON 9,89 +6,46 -27,65 16,50M

Oi na lanterna
Liderando isolada as perdas do Ibovespa, aparecem as ações da Oi (OIBR3; OIBR4). Após anunciar que reduzirá de R$ 2 bilhões para R$ 500 milhões o seu plano de dividendos para os exercícios entre 2013 e 2016, a operadora de telefonia viu seus papéis ordinários recuarem 8,93%, para R$ 4,49, enquanto os preferenciais caíram 7,40%, a R$ 4,13. Na mínima do dia, eles chegaram a despencar mais de 10%.

Em teleconferência sobre os resultados do 2º trimestre, o diretor financeiro da companhia, Bayard Gontijo, não descarta novos cortes na cifra. O discurso vai em linha com as palavras do presidente-executivo da empresa, Zeinal Bava, que disse durante teleconferência que o foco de sua gestão será a redução da provisão em pelo menos 50%, além de aumentar produtividade de equipes de campo da Oi em 20% a 40%.

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As maiores baixas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 OIBR3 OI ON 4,49 -8,93 -47,02 24,00M
 OIBR4 OI PN 4,13 -7,40 -45,72 158,10M
 DTEX3 DURATEX ON 12,53 -3,62 -7,67 48,09M
 RENT3 LOCALIZA ON 32,53 -2,75 -8,32 56,32M
 CMIG4 CEMIG PN 20,12 -2,57 +6,41 132,01M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 VALE5 VALE PNA 31,60 +0,13 1,32B 598,04M 50.504 
 PETR4 PETROBRAS PN 16,95 +3,54 902,21M 421,80M 50.237 
 ITUB4 ITAUUNIBANCO PN EJ 30,06 -0,99 484,81M 319,70M 34.554 
 BRFS3 BRF SA ON 53,85 +3,36 416,40M 92,17M 21.548 
 BBDC4 BRADESCO PN 29,15 -1,02 364,47M 234,12M 31.588 
 VALE3 VALE ON 35,78 +0,48 318,56M 152,52M 19.804 
 BVMF3 BMFBOVESPA ON 11,56 -2,45 259,59M 139,03M 32.836 
 PDGR3 PDG REALT ON 2,09 +5,03 253,76M 69,65M 43.739 
 PETR3 PETROBRAS ON 16,12 +1,77 244,49M 129,06M 31.367 
 BBAS3 BRASIL ON 23,47 +0,56 243,35M 125,84M 27.872 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
 

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Membro votante do Fomc acalma mercado
O presidente do Federal Reserve de St. Louis e membro votante do Fomc (Federal Open Market Comittee), James Bullard, manteve tranquilidade nos mercados ao afirmar que “não há evidência de que a inflação esteja na trajetória da meta de 2%”. Vale destacar que os principais parâmetros usados pela autoridade monetária do país na decisão de iniciar ou não a retirada dos estímulos à economia local são os níveis de emprego e a inflação.

Ainda na maior economia do mundo, além dos preços ao produtor, que mostrou estabilidade em julho, ante expectativa de alta de 0,3%, o dia contou com os estoques de petróleo locais, que registraram queda de 2,812 milhões na semana anterior. 

Europa fora da recessão
Na Europa, o destaque foi o crescimento local de 0,3% – o primeiro, após seis trimestres de recessão. Na Alemanha, o crescimento do PIB foi de 0,5% no período, ante expectativas de avanço de 0,1%. Na França, a alta de 0,7% no indicador superou as projeções de 0,6% e encerrou a recessão que o país enfrentava, há dois trimestres apresentando contração.

Na Grã-Bretanha, a taxa de desemprego permaneceu em 7,8% em junho e o indicador que mensura a quantidade de pedidos de auxílio-desemprego do mês passado registrou queda de 29,2 mil pedidos, ante expectativas de diminuição de 14,3 mil.

Thiago Salomão

Idealizador e apresentador do canal Stock Pickers