Petro sobe forte após bater mínima desde 2008; B2W dispara 20% e OGX despenca 13%

Analistas do setor de consumo estão reunidos com a B2W neste momento; ainda entre as maiores altas, aparecem siderúrgicas e Fibria

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Após oscilar entre ganhos e perdas, o Ibovespa busca recuperação no início da tarde desta quarta-feira (3), após encerrar a sessão da véspera com queda de 4,24%, o pior desempenho diário desde setembro de 2011. Às 13h36 (horário de Brasília), o índice apontava para ganhos de 1,21%, a 45.774 pontos, após cair 0,90% no intraday.

As ações da B2W (BTOW3) se destacam pelo segundo pregão seguido, disparando neste pregão. Após registrar forte alta de 6,64% na sessão anterior, enquanto o Ibovespa registrou a sua maior queda em quase dois anos, os ativos BTOW3 lideram os ganhos do índice, com fortes ganhos de 20%, a R$ 8,10. A empresa está neste momento em reunião com analistas do setor de consumo, informaram operadores de mercado ao Portal InfoMoney.

O analista da Magliano Corretora, Henrique Kleine, credita esta alta a uma espécie de “memória do mercado”, que corre em direção aos papéis da companhia em meio aos projetos de reestruturação anunciados anteriormente pela empresa para buscar maior eficiência logística – um dos grandes gargalos da B2W. Assim, aponta, não há nada de novo com a empresa, destacando ainda que os papéis registram fortes quedas no ano e ainda tem que “subir muito para zerar as perdas”. No acumulado de 2013, os papéis têm queda de 55,12%.

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Petrobras: dia de repique
Em destaque na sessão, estão as ações da Petrobras (PETR3;PETR4), que registram fortes ganhos de 5,16% para os ativos ordinários e 3,70% para os papéis ON, ajudando a impulsionar o índice, após os papéis registrarem forte queda na sessão anterior e atingirem o menor patamar desde 5 de dezembro de 2008. 

“Este movimento ocorre em meio à forte queda das ações da companhia nos últimos meses,o que tornou o preço para os ativos mais interessantes. Entretanto, esta não é uma tendência de longo prazo”, aponta o analista-chefe da Magliano Corretora. No ano, os papéis PN têm queda de 16% e os ON, baixa de 24%. 

Vale ressaltar que, na véspera, a petrolífera divulgou os números da produção de petróleo no Brasil, que apresentou queda de 1,7% em maio ante abril. De acordo com analistas, a produção foi ligeiramente abaixo das estimativas, mas não alteram as projeções de forma substancial as projeções para a companhia. A expectativa do mercado é de que a produção de petróleo volte a se apresentar em níveis sustentáveis a partir do final do ano. 

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A companhia informou ainda, na véspera, que nos dias 29 e 30 de junho atingiu novo recorde de processamento em suas refinarias. A empresa disse que o volume processado foi de 2,2 milhões de barris/dia, alta de 30 mil barris ante recorde anterior, de 26 de maio deste ano.

Dólar impulsiona ações
A alta do dólar, enquanto preocupa algumas companhias, impulsiona as ações de outras do setor, com destaque para as empresas de alimentos, que possuem operações e receitas vinculadas à moeda norte-americana. Em destaque, estão as ações do JBS (JBSS3, R$ 6,91, +5,50%) e da Marfrig (MFRG3, R$ 7,43, +2,91%). Do setor de papel e celulose, os papéis da Fibria (FIBR3, R$ 25,98, 3,10%) seguem em alta. 

Em movimentação de recuperação após fortes quedas e também impulsionadas pelo dólar, estão as ações de companhias do setor siderúrgico, com a Usiminas (USIM3, R$ 7,57, +4,41%; USIM5, R$ 7,33, +5,47%) liderando os ganhos entre as empresas do setor, seguidas pelos ativos da Gerdau (GGBR4, R$ 13,45, +3,07%) e Gerdau Metalúrgica (GOAU4, R$ 16,85, +3,06%). “O dólar impulsiona as ações destes setores, mas ainda é cedo avaliar o impacto sobre as companhias, uma vez que elas trabalham através de contratos”, afirma Kleine. 

As ações da Vale (VALE3;VALE5), que no início da sessão chegaram a oscilar entre leves perdas e ganhos, consolidam o movimento de alta e ajudam a impulsionar o índice. Os ativos ON têm ganhos de 1,30% e os PN, alta de 0,80%

Ações do grupo EBX em pontas opostas
Apesar do índice ter engatado alta, algumas ações não acompanham o movimento do Ibovespa e registram queda na sessão desta data. Em destaque, estão os ativos da OGX Petróleo (OGXP3), com queda de 11,11%, a R$ 0,40, em mais um dia de noticiário agitado para a companhia. Já as outras ações do grupo que compõem o índice, após diminuírem as perdas durante a sessão, passaram a virar para forte alta, caso da MMX Mineração (MMXM3, R$ 1,17, +6,36%) ou estável, caso da LLX Logística (LLXL3). 

Na noite da véspera, a agência de classificação de risco Moody’s cortou o rating da OGX para Caa2, seguindo a Standard & Poor’s, que rebaixou as notas da OGX na tarde da última terça terça-feira. 

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Nesta sessão, destaque ainda para o fato relevante divulgado pela OGX antes da abertura do pregão, após a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) solicitar esclarecimentos sobre o motivo para o desembolso imediato de US$ 449 milhões à OSX, além de questionar como foi precificado esse valor para garantir o direito da OGX de terminar os contratos. A autarquia solicitou ainda que a companhia informasse o impacto e as consequências financeiras que o desembolso causará no caixa da companhia.

A OGX afirmou que, não obstante o desembolso atual, a perspectiva do recebimento do valor devido pela cessão de uma participação de 40% nos Blocos BM-C-39 e BM-C-40 para a Petronas e a possibilidade de execução da opção de venda de R$ 1 bilhão de Eike Batista oferecem as condições necessárias para que a companhia possa honrar os seus compromissos de longo prazo. 

Imobiliárias diminuem perdas
As ações das imobiliárias também diminuem as quedas com relação ao início da sessão, com Cyrela (CYRE3, R$ 15,59, +0,78%) e PDG Realty (PDGR3, R$ 1,90, +1,06%) virando para alta. Contudo, algumas ações do setor seguem em queda, apesar de apresentar menores perdas em relação à queda entre 2% e 3% vistas mais cedo. O destaque de baixa fica para os ativos da Brookfield (BISA3, R$ 1,38, -1,43%) – que teve seu rating rebaixado pela Fitch Ratings de B+ para BB– e MRV Engenharia (MRVE3, R$ 6,42, –0,47%).

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Kleine destaca que as companhias do setor vêm sofrendo na bolsa em meio aos dados do setor apontando para desaceleração da demanda, associado a um cenário de aumento da taxa de juros em meio às preocupações com a inflação, o que acaba prejudicando os financiamentos imobiliários.

Na próxima semana, o Copom (Comitê de Política Monetária) fará reunião para decidir o novo patamar da taxa Selic, atualmente em 8%. O último relatório Focus, que compila expectativas de economistas e analistas para indicadores de mercado, apontou para Selic em 9,25% no final de 2013. 

Eletropaulo e Sabesp em queda
Seguindo o movimento da sessão anterior, as ações da Eletropaulo (ELPL4) e da Sabesp (SBSP3) registram queda neste pregão, de 0,52% e 1,21%, respectivamente. Na véspera, os ativos da ELPL4 despencaram seguindo, além do dia negativo da bolsa, a aprovação de um reajuste médio considerado “nulo” para as tarifas para a companhia.

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Em meio ao impasse sobre o reajuste tarifário, as ações da Sabesp também registram queda, uma vez que o processo de reajuste ainda está em andamento pela Arsesp (Agência Reguladora de Saneamento e Energia do estado de São Paulo). Entretanto, os ativos amenizam as perdas após chegarem a cair 5,64% no início do pregão. 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.