Ibovespa fecha abaixo dos 46.000 pontos pela 1ª vez desde abril de 2009

China assusta mais uma vez o mercado que, apesar de ter certo "alívio" com declarações de líderes do Fed, não conseguiu se recuperar; MMX é destaque de alta e Vale tem queda de 5%

Lara Rizério

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SÃO PAULO – A sessão foi agitada mais uma vez para o Ibovespa, que oscilou entre menores e maiores perdas durante todo o pregão, mas sem sair do campo negativo. Com isso, o Ibovespa fechou em queda de 2,32%, a 45.965 pontos. Apesar de diminuir as perdas, o índice renovou o menor patamar de fechamento desde 28 de abril de 2009, quando atingiu os 45.821 pontos. 

No início da sessão, o movimento foi de forte queda das bolsas mundiais em meio às notícias vindas da China, cujas autoridades locais deixaram claro que os dias de recursos baratos ilimitados oficiais para bancos estão acabados, o que derrubou as ações de instituições financeiras por lá.

O BC chinês disse ainda que os bancos precisam desempenhar melhor a tarefa de administrar o dinheiro e seus empréstimos. Por outro lado,  o Banco Central afirmou que a liquidez geral no sistema financeiro está em um nível razoável, após as taxas de juros para fundos de curto prazo dispararem para níveis elevados na semana passada, depois que os grandes bancos comerciais suspenderam os empréstimos no mercado interbancário.

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Já durante a tarde, o Ibovespa e as bolsas internacionais diminuíram as perdas, com o benchmark da bolsa brasileira chegando a cair cerca de 1%, movimento que ocorreu após o discurso cauteloso dos líderes regionais do Federal Reserve. 

O presidente do Fed de Dallas, Richard Fisher, afirmou que os mercados estão agindo como se fossem “porco selvagens”, após os juros de títulos da dívida norte-americana registrarem fortes altas em meio às expectativas de que a autoridade monetária reduza os estímulos monetários e suba os juros antes do esperado pelo mercado. Fisher também indicou esperar ainda mais sinais do Fed para a compra de títulos quando a taxa de desemprego cair abaixo de 6,5%, mas ainda permanecer acima de 5,5%, o que deve durar, na visão dele, mais ou menos 2 anos. 

Já o presidente do Fed de Mineapólis, Narayana Kocherlakota, ressaltou que a autoridade monetária não se tornou mais “beligerante” e destacou que a instituição precisa tornar mais clara as suas intenções quando deixa de comprar títulos. 

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Contudo, o maior otimismo do mercado durou pouco e o índice logo voltou a registrar perdas mais expressivas fazendo com que as bolsas dos Estados Unidos, que chegaram a zerar as perdas em meio às falas dos diretores do Fed, fechassem com queda de cerca de 1%. 

Algumas ações se recuperam, outras não…
Em meio a esse movimento, algumas ações foram impulsionadas, com destaque para os ativos da MMX Mineração (MMXM3), com alta de 10,24%, a R$ 1,40, após a mineradora anunciar que está avaliando “oportunidades de negócios”, incluindo a venda de ações do controlador da companhia e ativos para investidores nacionais e estrangeiros. A empresa informou que “contratou assessores financeiros e iniciou um processo competitivo e organizado, focado em gerar valor para todos os seus acionistas”.

Os ativos da Oi (OIBR3;OIBR4) seguiram as maiores altas, com ganhos respectivos de 7,99% e 6,72%, seguidos pelos ativos da Marfrig (MRFG3), com ganhos de 3,02%, a R$ 7,17. Em destaque estão ainda os ativos da Copel (CPLE6), que subiram 0,72%, a R$ 26,40, após iniciarem a sessão em forte baixa após a revogação do reajuste tarifário. No intraday, os ativos chegaram a subir 3,32%. 

Já as empresas de concessões rodoviárias, com destaque para CCR (CCRO3, R$ 16,25,-3,33%) e Arteris (ARTR3, R$ 18,15, -3,46%), registraram quedas mais atenuadas em relação ao início da sessão. Os reajustes de tarifas foram suspensos pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, nesta data, levando as ações a registrarem queda de cerca de 8%.

Por outro lado, ações de outras companhias seguiram em forte queda. As ações da Vale (VALE3, R$ 28,89, -5,12%VALE5, R$ 26,89, -5,48%) caíram forte e ajudaram a limitar a recuperação do índice, uma vez que possui mais de 10% de participação na carteira teórica do benchmark da bolsa brasileira. A queda deve-se aos dados chineses, uma vez que o país asiático é o principal destino das exportações da mineradora. As ações da Petrobras (PETR3;PETR4), também com forte participação no índice, também tiveram queda, de cerca de 3%

Agenda econômica e política em pauta
Segundo o boletim Focus, divulgado semanalmente pelo Banco Central, a mediana das projeções de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) recuou de 2,49% para 2,46% neste ano. Para 2014, o número caiu de 3,20% para 3,10%. O relatório do BC segue apontando que a Selic fechará 2013 em 9% ao ano – atualmente ela está em 8,25% ao ano. A taxa de câmbio prevista para dezembro deste ano, por sua vez, subiu de R$ 2,10 para R$ 2,13 na passagem semanal.

O indicador mensal de atividade mensal do Serasa, também chamado de PIB Mensal, registrou alta de 1,2% em abril, acumulando crescimento de 2,5% em 2013. 

Já a FGV (Fundação Getulio Vargas) divulgou os dados do setor de consumo com a Sondagem do Consumidor caindo 0,4% em junho, para 112,9 pontos – menor pontuação desde março de 2010. Já o IPC-S (Índice de Preços ao Consumidor – Semanal) recuou 0,06 ponto percentual no mesmo período, para vairação positiva de 0,37%.

Em destaque nesta sessão, esteve ainda a convocação da presidente Dilma Rousseff a prefeitos e governadores, de modo a realizarem um pacto pela estabilidade fiscal e por uma “ampla e profunda” reforma política. 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.