Com cenário pessimista, Fed e zona do euro trarão mais volatilidade ao mercado

No Brasil, semana pode indicar tendências para o atual cenário nacional, com dados de política fiscal e crédito

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Mesmo após a reunião do Federal Reserve e o discurso de seu presidente, Ben Bernanke, o mercado ainda parece temeroso com os rumos da economia mundial e do fim do programa de estímulos norte-americano, o que leva às bolsas em todo mundo apresentarem forte volatilidade. Com uma agenda bastante agitada na próxima semana, o cenário não deve ser muito diferente do atual.

Para o economista Felipe Queiroz, da Austin Ratings, discursos dos líderes do Fed devem manter os mercados atentos para os próximos passos da autoridade monetária. “O relatório do Fed, apesar de trazer mudanças, foi evasivo, indicando que o QE3 deve ser reduzido, mas ainda sem data definida”, explica ele. “A decisão da reunião foi dividida, e portanto, cada novo discurso individual deve trazer novidades e posicionamentos mais diretos em relação ao término do programa”, conclui.

Serão 5 líderes de Fed de diferentes distritos realizando discursos apontando suas opiniões sobre o atual cenário do país. Richard Fisher, do Fed de Dallas irá falar na segunda-feira (24), enquanto Jerome H. Powell e Dennis Lockhart discursam na quinta-feira (27). Já na sexta-feira (28), será a vez de Jeffrey Lacker e John Williams.

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Queiroz lembra que o mercado tem se movimentado muito tentando antecipar o que irá ocorrer, ou seja, mesmo antes de cada discurso os investidores podem levar volatilidade às bolsas tentando prever os discursos. Parte dessa tensão pode ser comprovada com a divulgação da Confiança do Consumidor, que ocorre na terça-feira (25) e deve indicar ainda a desconfiança do mercado com a economia.

Sem confiança na zona do euro
O período entre 24 e 28 de junho pode indicar novas tendências para o mercado europeu. Se até o final de maio, as bolsas registravam altas sucessivas e batiam máximas, as últimas semanas foram marcadas por grandes temores, principalmente em relação à economia nos EUA e possível fim do QE3.

Nesta sexta-feira (21), os índices na região atingiram suas mínimas do anoO índice FTSEurofirst 300 caiu 1%, para 1.132 pontos, nível não visto desde o final de dezembro, esta foi a maior queda semanal em mais de um ano, de 3,7%. O que pode indicar uma mudança de humor nos mercados europeus.

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Queiroz explica que mesmo com alta nas bolsas, a economia europeia não tem apresentado dados consistentes e que os indicadores têm apresentados números não-lineares, ou seja, a cada 2 ou 3 resultados positivos são registrados outros 2 números negativos. 

Entre os diversos indicadores a serem publicados, destaque para os números de confiança, principalmente após essa semana bastante negativa. Enquanto na quarta-feira será apresentada a Confiança do Consumidor na Alemanha, na quinta-feira serão divulgados os dados de Reino Unido, França e a preliminar da zona do euro.

As tendências no Brasil
Apesar da grande quantidade de indicadores no País durante a próxima semana, as atenções do mercado devem continuar com os números no exterior. Entre os principais dados econômicos, destaque para os que devem indicar tendências em relação ao cenário nacional, caso do Boletim Focus, logo na segunda-feira.

“Com as atuais mudanças no cenário doméstico, o momento é de revisão dos analistas em relação aos dados macroeconômicos, ou seja, o Focus deve trazer mudanças em relação à projeções de inflação, PIB e câmbio”, explica o economista.

As notas do Banco Central – publicadas em todo fim de mês – também devem chamar atenção por trazer tendências em diversos setores da economia. A nota de Operação de Crédito deve mostrar como anda o consumo das famílias – importante para o setor de varejo -, enquanto a nota de Política Fiscal pode indicar que a meta de superávit primário, explica Queiroz.

China dá início ao mês de julho
Vale ressaltar que no domingo (30), último dia do mês de junho, a China irá divulgar os dados da Sondagem Industrial em duas versões: oficial do governo e do HSBC. Ultimamente, como os dados do país têm indicado queda no crescimento da economia, a cada novo resultado os mercados sofrem com um maior pessimismo.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.