Após cair 4,10%, Ibovespa vira e fecha em alta de 0,67%, puxado por OGX

Benchmark da bolsa brasileira chegou a cair 4,10%, em meio às notícias ruins vindas da indústria da China e sinalizações da retirada do QE3 pelo Federal Reserve

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Contrariando o movimento observado no início da sessão, o Ibovespa fecha em forte alta. O índice apresentou alta de 0,67%, a 48.214 pontos, após chegar a cair 4,10% no começo do pregão. O giro financeiro foi de R$ 12,18 bilhões. 

O índice amenizou as perdas nesta sessão, enquanto os mercados norte-americanos fecharam com expressiva desvalorização, com perdas entre 2,3% e 2,5%. As bolsas por lá ainda sofrem com os efeitos das sinalizações do Federal Reserve de que irão retirar os estímulos à economia no final do ano e ainda sofreram novo baque, após o Financial Times informar que os parceiros da zona do euro precisam equacionar uma diferença no pacote de ajuda para a Grécia. 

O dia foi bastante conturbado para o Ibovespa. A manhã foi em especial bastante turbulenta, com o índice chegando a cair 4,10%. Além das indicações de que o Fed poderia reduzir o programa de compra de títulos já no final deste ano, os números da economia chinesa abalaram o mercado e adicionaram ainda “mais combustível ao fogo ateado” pela autoridade monetária norte-americana.

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Na China, o PMI do setor manufatureiro contraiu mais do que esperado em junho, registrando 48,3, ante expectativa de 49,4 e 49,2 vistos em maio – valores abaixo de 50 indicam expansão e abaixo, contração. A queda em relação ao mês anterior não era esperada pelo mercado e levou o indicador ao menor patamar desde setembro de 2012. 

Com isso, o índice ficou abaixo dos 46.000 pontos e, em boa parte da manhã, nenhuma ação do ficou no positivo. Entretanto, no começo da tarde, o benchmark da bolsa amenizou as perdas, corrigindo parte do “desespero” visto durante toda a manhã.

O benchmark da bolsa chegou ainda a intensificar as perdas após a divulgação de uma pesquisa da Bloomberg com economistas, sinalizando que o Federal Reserve poderia reduzir US$ 20 bilhões do programa de compra de títulos já no próximo encontro de 17 e 18 de setembro. 

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Ações do grupo EBX em alta
Disparando no final desta sessão, destaque para as ações de empresas do grupo EBX, com destaque para a LLX Logística (LLXL3), que viu seus papéis registrarem ganhos de 16,50%, a R$ 1,20, MMX Mineração (MMXM3), com alta de 13,60%, a R$ 1,42 e da OGX Petróleo (OGXP3), com valorização de 11,54%, a R$ 0,87.  

Na ponta negativa, destaque para baixa das ações da Sabesp (SBSP3), com desvalorização de 5,55%, a R$ 23,14, seguido pelos ativos da Telefônica Brasil (VIVT4), com desvalorização de 4,06%, a R$ 49,80. Os ativos da Sabesp registram fortes perdas em meio à forte alta do dólar: a companhia de saneamento possui uma exposição bem alta da sua dívida na moeda norte-americana.

Por outro lado, outras ações, mas que foram impulsionadas pela alta do dólar, foram da Fibria (FIBR3), com ganhos de 4,34%, a R$ 25,00, e da Suzano (SUZB5), com ganhos de 3,25%, a R$ 7,95, por possuírem boa parte da receita atrelada à moeda. Outros papéis, como do setor imobiliário, fecharam com fortes ganhos, com destaque para a PDG Realty (PDGR3, R$ 2,17, +5,34). 

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As maiores altas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 LLXL3 LLX LOG ON 1,20 +16,50 -50,00 15,24M
 MMXM3 MMX MINER ON 1,42 +13,60 -68,09 20,84M
 OGXP3 OGX PETROLEO ON 0,87 +11,54 -80,14 197,46M
 MRFG3 MARFRIG ON 6,88 +6,67 -18,87 27,81M
 PDGR3 PDG REALT ON 2,17 +5,34 -34,44 99,96M

As maiores baixas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 SBSP3 SABESP ON 23,14 -5,55 -18,10 77,69M
 VIVT4 TELEF BRASIL PN 49,80 -4,06 +7,45 138,92M
 CMIG4 CEMIG PN 19,50 -3,61 +3,13 102,81M
 BVMF3 BMFBOVESPA ON 11,76 -3,53 -14,03 469,38M
 BBAS3 BRASIL ON EJ 21,15 -3,38 -14,40 320,85M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram :

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 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Neg 
 PETR4 PETROBRAS PN 17,02 -1,05 1,07B 65.980 
 VALE5 VALE PNA 28,64 +0,49 1,05B 61.770 
 ITUB4 ITAUUNIBANCO PN 29,33 +1,14 693,55M 44.781 
 BVMF3 BMFBOVESPA ON 11,76 -3,53 469,38M 40.057 
 BBDC4 BRADESCO PN 29,10 +0,66 422,22M 34.611 
 PETR3 PETROBRAS ON 16,05 0,00 395,54M 31.932 
 BBAS3 BRASIL ON EJ 21,15 -3,38 320,85M 33.543 
 VALE3 VALE ON 30,95 +0,78 262,22M 24.451 
 AMBV4 AMBEV PN 77,10 -0,52 232,00M 11.940 
 GGBR4 GERDAU PN 12,89 +1,66 205,24M 35.063 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
 

Agenda econômica no radar
Além do Fed, a agenda econômica norte-americana também teve outros indicadores. O Initial Claims reportou aumento maior do que o esperado na semana finda em 15 de junho. No período, os pedidos de auxílio-desemprego subiram 18 mil em relação à semana anterior, para 354 mil, ante projeções de 340 mil. O Leading Indicators também ficou abaixo das expectativas de aumento de 0,2%, com alta de 0,1% em maio.

Ainda por lá, o indicador de venda de casa usadas subiu para 5,18 milhões em maio, ante expectativa de 5 milhões. O Philadelphia Fed Index, que mensura a produção industrial da região, também subiu mais que o esperado em junho, com 12,5. O PMI preliminar da indústria norte-americana. por sua vez, apresentou leve queda, de 52,3 em maio para 52,2 em junho.

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Já no Velho Continente, o indicador composto da zona do euro subiu para 48,9 em junho, ante 47,7 no mês anterior, registrando o maior nível desde março de 2012. Na Alemanha, maior economia da zona do euro, o PMI composto subiu para 50,9 em junho, ante 50,2 em maio. O resultado sugere que a economia do país não expandiu no segundo trimestre, uma vez que o setor privado mostrou crescimento, mas os novos negócios caíram.  

Fechando a pauta de indicadores, a taxa de desemprego permaneceu em 5,8%, enquanto o mercado esperava uma leve redução, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A última vez que o desemprego caiu foi em dezembro, quando atingiu 4,6%, a menor taxa da história, com os quatro meses seguintes mostrando alta e agora se estabilizando.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.