Queda à vista: 10 gurus do mercado que esperam por um “crash” na bolsa

Pesquisa do Market Watch traz nomes como Warren Buffett e Nouriel Roubini; pessimismo reside na retirada do programa de estímulos do Fed

Felipe Moreno

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SÃO PAULO – Uma recente pesquisa do portal MarketWatch mostrou que há uma chance 87% de que um crash virá ainda em 2013 – tão grande quanto o de 2008. Naquele ano, o próprio MarketWatch também fez essa pesquisa, com os analistas falando que o mercado deveria passar por um crash nos próximos dois anos. Passou por um dois meses depois. 

Paul Farrell, editor do portal, acredita que isso se deve a arrogância e incompetência de dois personagens daquela história: Ben Bernanke, presidente do Federal Reserve, e Henry Paulson, secretário do tesouro. O grande driver do mercado reside no programa de estímulos do Fed, o Quantitative Easing, que pode ser retirado antes do final do ano. 

Para ele, algo é claro: um crash virá nos próximos anos. Embora ele não seja capaz de precisar quando, as estatísticas jogam a favor disso: nos EUA, é comum que a cada 3 anos e 8 meses o mercado passe por uma forte correção, atingindo um patamar muito baixo. No início do próximo ano, o mercado já terá visto seu fundo a 4 anos e meio. 

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Confira 10 grandes investidores que acreditam nisso:

1) Warren Buffett garantiu uma nova bolha e recessão
Uma das pessoas que garantem que uma crise virá eventualmente é Warren Buffett. Logo depois do crash de 2008, um dos homens mais ricos do mundo garantiu: “eu posso garantir uma nova bolha, que vai levar a uma nova recessão”.

Para ele, é natural do ser humano agir com ganância por períodos prolongados – o que ajuda a criar bolhas. “Ganância é divertida por um tempo, as pessoas não resistem. Mas mesmo com todos os avanços da raça humana, não crescemos emocionalmente. Continuamos os mesmos”, alerta. 

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2) O Fed vê “uma bolha nas ações e títulos de dívida”
Enquanto isso, o Fed vê uma “bolha insustentável em ações e títulos de dívida”. Em reunião em maio, os membros do conselho do Fed admitiram, “há grandes preocupações sobre a política de juros baixos e o programa de recompra de títulos de dívida, que pode causar em inflação fora do controle”. 

Um aumento na inflação pode fazer com que o Fed tenha que elevar os juros, prejudicando a confiança nos negócios e os gastos dos consumidores. “Isso se proveria desastroso para a economia norte-americana, que ainda está tentando se recuperar dos efeitos debilitantes da crise de 2008”, alerta o Fed. 

3) Um dos maiores investidores acredita no crash
Peter Schiff, CEO (Chief Executive Officer) da gestora Euro Pacific Capital, acredita tanto na possibilidade de um crash que escreveu um livro sobre isso: “O verdadeiro Crash: a quebra dos Estados Unidos”. “Tenho 100% de certeza que a crise que teremos vai ser muito pior do que a tivemos em 2008”, alerta.

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No livro, ele salienta que não vê nenhum cenário positivo, já que ou o Fed termina os programas de estímulo e cria uma recessão, ou terá uma inevitável (e pior) crise de confiança monetária. “A ideia que a economia norte-americana está se recuperando se baseia na alta do preço dos ativos, que só estão subindo pois os juros estão baixos. Quando voltarem a subir, os preços dos ativos vão cair”, finaliza. 

4) Bill Gross acredita que QE criará buraco negro
Outro peso pesado que acredita que os problemas virão em breve é Bill Gross, fundador da Pimco – que administra mais de US$ 2 trilhões. “Bancos de investimento, que uma década atrás promoviam o crescimento de negócios, agora estão dominados por especulação alavancada e finanças de Ponzi”, alerta.

Ele se refere ao esquema da pirâmide de Ponzi, onde novos entrantes pagam a rentabilidade de quem está saindo – até que ninguém mais entra e o esquema rui. Para ele, isso é exatamente o que o Fed faz através do QE: dinheiro fácil que tira o balanço do mercado de crédito e que deve gerar um buraco negro quando for retirado. 

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5) Gary Shilling prevê choque ainda este ano
O economista Gary Shilling acredita que algum evento deverá causar um crash assim que possível, ainda este ano. “Investidores estão pagando pouca atenção para as economias fracas ao redor do mundo, concentrando o dinheiro criado pelos bancos centrais”, diz o economista.

A grande desconexão existente entre o real e o mercado ainda dirige as ações, acredita ele. Mesmo assim, o QE beneficiou atívos de baixa qualidade, como títulos de dívida problemáticos e dívida que podem não ser pagas – uma situação muito parecida com os anos anteriores a 2008. 

6) Uma terceira fase da crise de 2008?
Para Jeffrey Gundlach, CEO (Chief Executive Officer), o que virá é apenas uma terceira perna da crise de 2008. “A primeira foi representada por 27 anos de crescimento desordenado das dívidas de empresas, pessoas e países. Até 2008”, avisa. 

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Foi quando o “dinheiro fácil” fez com que a economia global entrasse em recessão, fazendo com que governos e bancos centrais precisassem gastar trilhões para estimular o crescimento. Por isso, uma terceira fase virá. Gundlach recomenda esperar antes de voltar ao mercado.

7) Serviço de investimentos vê explosão nos títulos de dívida
Um importante serviço de investimentos norte-americano vê uma bomba no mercado de título de dívidas. O InvestmentNews, seguido por mais de 90.000 gestores e analistas ressaltou em seu site: “tick, tick… boom!”.

“O que o portfólio dos seus clientes vai se parecer quando a bomba explodir?”, perguntam. Para ele, milhões de investidores que “não sabem o que está acontecendo” devem sofrer quando o mercado estourar.

8) As previsões de David Stockman
David Stockman, ex-secretário do Tesouro do governo norte-americano, acredita: “há um apocalipse vindo para a bolsa. Para ele, Wall Street se tornou um cassino, a política de juros do Fed obriga as pessoas a tomar risco e uma bolha nas commodities diminui o padrão de vida das pessoas a cada dia. 

Além disso, a bolha na bolsa não é apenas um resultado do período pós-2008. É uma situação que vem se construindo desde o governo de Ronald Reagan e que vem sendo “empurrada com a barriga” de tempos em tempos, como 2000 e 2008. “O capitalismo se transformou em um monopólio governado por políticos que servem uma elite”, avisa.

9) “Dr. Doom” vê 7 situações para jogar o mundo em recessão
Nouriel Roubini vê ao menos 7 situações que podem causar uma recessão global: uma piora na zona do euro, China, nos BRICs (Brasil, Rússia, Índia, China), Irã, Oriente Médio, Paquistão e o petróleo. “Um problema em qualquer uma dessas situações é o suficiente para parar a economia global e jogar o mundo em recessão”, alerta. 

Para ele, o mundo é um jogo de dominós – e um novo problema pode jogar o mercado para baixo, criando diversos outros problemas. “Cedo ou tarde, outra briga feia sobre dívida vai fazer com os mercados fiquem assustados”, acredita o Dr.Doom.

10) O crescimento norte-americano foi embora, acredita gestor
Já Jeremy Grantham, cuja gestora administra US$ 100 bilhões acredita que o crescimento norte-americano não deve retornar. Depois de cerca de 100 anos com crescimento de 3,5% ao ano, a média dos próximos anos deve voltar a crescer apenas 1% – como no período pré-Revolução Industrial. 

Isso é péssimo para os mercados, já que o mundo perderia uma de suas locomotivas. Para Grantham, isso já é perceptível desde a década de 80, após atingir um pico na década de 1960. Em 2.100, o crescimento norte-americano sumirá para sempre.