País cresce pouco com inflação alta; veja quais ações comprar nesse cenário

É hora de olhar para as empresas tradicionalmente defensivas, como setor elétrico, saneamento e concessões rodoviárias

Felipe Moreno

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SÃO PAULO – O crescimento de apenas 0,6% do PIB (Produto Interno Bruto) – abaixo do esperado -, divulgado nesta quarta-feira (29) trouxe desânimo para o mercado: começa, junto com a alta e resiliente inflação, a desenhar um cenário cada vez mais negativo para a economia brasileira. Com dois dos três pilares de uma temida estagflação consolidados no País – falta apenas desemprego alto -, em que ação o investidor poderia investir?

De acordo com especialistas ouvidos pelo InfoMoney, o ideal é olhar para as rodovias do Brasil: são as concessionárias que possuem o melhor cenário, seja a exposição na CCR (CCRO3), recomendada por Eduardo Machado, analista da Amaril Franklin e por Carlos Müller, analista-chefe da Geral Investimentos. Enquanto isso, a Ecorodovias (ECOR3) é a aposta de Luis Gustavo Pereira, estrategista da Futura Investimentos. “Geralmente essas empresas tem a recomposição das tarifas atreladas a inflação”, avalia Machado. 

Ele lembra que isso não significa que a economia sopra a favor dessas empresas, mas que elas são as menos afetadas pela situação – juntamente com energia elétrica, telecomunicações e saneamento, tradicionalmente empresas mais “defensivas”, com maior previsibilidade de resultados. “Ninguém vai cortar a internet por conta da inflação, e voltar a se comunicar por carta. Ninguém vai parar de consumir energia, o que pode acontecer é diminuir o consumo, usar menos o chuveiro elétrico, essas coisas”, destaca o analista da Amaril Franklin. 

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Por conta disso, Machado também recomenda Cemig (CMIG4), Telefônica Brasil (VIVT4) e Sabesp (SBSP3), as mais líquidas de cada setor. Müller também recomenda buscar as defensivas, citando a Cemig, mas acredita que BR Malls (BRML3), Souza Cruz (CRUZ3) e Ambev (AMBV4) também terão resultados bons – a despeito do momento da economia. “São empresas que tem as receitas corrigidas pela inflação e que possuem uma demanda quase inelástica”, avalia o analista-chefe da Geral.

Outra recomendação de Pereira é a Petrobras (PETR3; PETR4) – que vive um momento turbulento, mas deve voltar a ver a produção crescer e retomar a autossuficiência de petróleo. “Dentro das perspectivas, a Petrobras não está longe de ser boa. Ainda tem uma venda de veículos muito grande, é muito alta a procura por derivados de petróleo no País”, destaca. 

Fuja do varejo e das commodities! Ou não. 
Para Machado, o atual desempenho da economia deve fazer com que investidores tenham que fugir das ações de varejo – tanto pela inflação, quanto pelo crescimento fraco. “Varejo é o que deve sofrer mais, a Lojas Renner (LREN3), por exemplo. A roupa você pode colocar em segundo plano, até a pressão inflacionária ser reduzida e o consumidor ter um alívio no orçamento. O consumo das famílias estagnou”, acredita. 

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Müller concorda com parte da avaliação de Machado – mas acha que o setor varejista é amplo demais para esse tipo de generalização. “Tem empresas que devem continuar a performar bem, mesmo nesse período, tem que olhar caso por caso, podem ser que existam boas opções”, salienta, lembrando que teria mais medo do setor de commodities, por conta das incertezas na economia global.