Mexer com o Chipre é mexer com a máfia russa, alerta Dennis Gartman

Pacote de resgate desenvolvido pelas autoridades, que envolvem austeridade e o confisco de ? 5,8 bilhões pelos correntistas do país equivale a sequestrar dinheiro da máfia de lá

Felipe Moreno

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SÃO PAULO – Dennis Gartman, investidor editor da famosa “Gartman Letter” alertou que mexer com o Chipre é equivalente à mexer com a máfia russa – o que pode se tornar algo bastante problemático para a União Europeia. Para ele, o pacote de resgate desenvolvido pelas autoridades, que envolvem austeridade e o confisco de € 5,8 bilhões pelos correntistas do país, é bastante ruim, disse o investidor em entrevista à CNBC. 

“Todos sabem que a maioria dos depósitos no Chipro são russos. E são de oficiais do governo russo, de empresários russo e da máfia russa. E você não se mete com a máfia russa”, destaca. Os russos estariam entre os correntistas que receberiam um “imposto” compulsório de cerca de 10%, efetivamente um confisco. 

“As pessoas ao redor do mundo não sequestram dinheiro deles, já que se você o fizer, os russos vão lidar contigo de uma forma muito eficiente e feia. É uma ideia lunática por parte das autoridades, ou seja quem for que tenha pensado nisso”, afirma. Sequestrar dinheiro russo, afirma, é pisar no pé deles. “Alguém vai pagar por isso, eu acho que é muito estúpido”, afirma. 

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Gazprom pode salvar o Chipre?
Os interesses russos são grandes: emissoras de televisão no Chipre estão afirmando que a gigante russa do petróleo Gazprom está oferecendo um “pacote de resgate” alternativa para o país, que precisa de € 10 bilhões para continuar com suas obrigações. A empresa ganharia direito à explorar gás natural por lá. 

Assim, o Chipre não precisaria tomar o custoso pacote de ajuda oferecido pela União Europeia. De acordo com a Sigma TV, o presidente do país Nicos Antasiades não está disposto a discutir a oferta russa, embora a agência de notícias Itar-Tass destaque que não há nenhuma oferta a ser feita. 

Os russos são grandes depositários no Chipre, que age como “paraíso fiscal” para os ricos do país, graças aos baixos impostos. Estima-se que mais de € 20 bilhões de russos estejam depositados em bancos do Chipre – uma cifra que pode chegar até € 35 bilhões e entraria no “esforço” para levantar os € 5,8 bilhões. 

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De acordo com o economista prêmio Nobel, Paul Krugman, a ilha possui um sistema bancário muito superior ao tamanho da própria ilha. Um resgate, portanto, seria um resgate não somente do Chipre, como também dos ricos russos e, como descreve Krugman, “a probidade incerta e caráter moral duvidoso” dessas pessoas.