Agora é a hora das debêntures: saiba identificar oportunidades

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Equipe InfoMoney

(Shutterstock)

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Autor:Glenda Ferreira, Economista e Planejadora Financeira da Levante

A Hora das Debêntures

Se por acaso você precisar de um dinheiro emprestado, provavelmente irá comparar as melhores taxas de juros disponíveis em cada banco (ou quem sabe poderá pedir para aquele parente que parece nunca passar por uma crise…).

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As empresas, por sua vez, contam com mais alternativas quando precisam de recursos para pagar suas contas ou financiar seus projetos. Além de recorrerem aos bancos, também podem emitir papéis que representam a sua dívida. Em troca, pagam uma bela taxa de juros a quem está disposto a emprestar frações desse valor.

Eu comentei na última semana que esse mecanismo é conhecido como crédito privado. E uma dessas possibilidades que passa a ser mais utilizada é a emissão de debêntures.

Como a principal fonte de financiamento barato –  do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) –  está fechando a torneira, somado ao alto custo dos bancos, as empresas recorrem a essa forma para levantar capital.

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O mercado está aquecido

No último trimestre, o volume de emissão de debêntures atingiu R$ 21,3 bilhões –  um salto (impressionante) de 75% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo a Associação Brasileira das Entidades do Mercado Financeiro e de Capitais (Anbima).

Com mais ofertas, a tendência é que os investidores consigam retornos melhores.

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As debêntures normalmente pagam a inflação mais uma taxa fixa determinada na compra do título, ou seja, você fica protegido contra as variações de preços do período. Ou ainda podem ser pré ou pós-fixadas.

Cada título tem características bem diferentes entre si. Existe uma debênture para cada gosto, quanto ao tipo de pagamento de principal e juros, tributação, vencimento…

Separando o joio do trigo

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Os debenturistas (as pessoas que compram o título) devem ficar atentos ao prospecto da emissão. Lá encontrarão as particularidades de cada papel. Por exemplo, a classificação pode ser apresentada das seguintes formas:

·         Simples: resgate em moeda nacional, que é a opção mais comum.

·         Conversíveis: além do regaste em moeda nacional, em alguns casos pré-estabelecidos é possível converter a dívida em ações da empresa.

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E os debenturistas ainda podem contar com tipos de garantia diferentes. Quanto maior a garantia, mais seguro você fica, porém, menor serão os juros pagos.

·         Garantia real: quando a empresa oferece seus bens como garantia.

·         Garantia flutuante: se a empresa falir, os debenturistas têm prioridade.

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·         Sem preferência e subordinadas: não oferecem privilégio e não têm preferência na ordem de pagamento dos credores.

É nesse momento de aumento de exposição ao risco que os seus ganhos em renda fixa podem ficar mais atrativos.

A fórmula é encontrar a melhor relação risco x retorno para encontrar um bom rendimento de uma empresa com condições de cumprir com os pagamentos previstos (ponto principal na escolha do título).

Um último exemplo de diferenciação entre os tipos de debêntures é em relação à tributação.

Normalmente, as debêntures têm a incidência do Imposto de Renda regressivo, ou seja: quanto maior o tempo de aplicação, menor o imposto cobrado.

Visando promover o setor de infraestrutura, o governo decidiu isentar a cobrança de Imposto de Renda e IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) dos títulos desse setor tal vital para o país.

Portanto, para ter esse benefício, procure as debêntures incentivadas de infraestrutura. Há diversas opções, já que o volume emitido cresceu 264% só neste trimestre.

E não se assuste com as diferentes classificações das debêntures, pelo contrário, encare com uma excelente oportunidade para aumentar seus ganhos e diversificar sua carteira.

Na prática

O mercado de debêntures é democrático, já que é possível começar com R$ 1 mil. Mas existem também fundos de investimento que são dedicados a aplicar nesses títulos.

Eventualmente, você encontrará uma taxa de rendimento diferente da emissão da empresa e da encontrada nas corretoras. Essa redução representa o ganho da plataforma, então desconfie se a diferença for muito grande!

Outro ponto importante: há dois momentos de emissão dos papéis em que você pode investir.

No lançamento das debêntures no mercado primário, você faz uma oferta de taxa de acordo com o preço teto indicado pela empresa. Assim, após as propostas, é estabelecida uma taxa final para a emissão. É um processo de formação da taxa mesmo e, para encontrar nas corretoras, procure junto às ofertas iniciais de ações (IPOs).

Para saber das novas emissões, você pode acompanhar diretamente através da sua corretora ou no site www.debentures.com.br, mantido pela Anbima.

Após esse período de distribuição, os títulos passam a ser negociados entre os titulares das debêntures, no denominado mercado secundário. Assim, caso você tenha interesse em comprar ou vender antes da data de vencimento, você poderá negociar diretamente com sua corretora ou terá de ligar para o seu corretor realizar o trâmite para você no mercado de balcão.

Para o momento da venda, há a marcação a mercado do papel, que é o preço à vista dado pelo mercado com base nos últimos negócios do título, uma espécie de Bolsa de Valores dos títulos.

Como não há tanta movimentação de negócios, conseguir bons preços pode ser mais difícil no balcão (é o famoso risco de liquidez). Portanto, o ideal é considerar como um investimento para prazos mais longos.

Não dá para correr o risco de precisar do dinheiro logo e não conseguir uma taxa boa. Com o desenvolvimento do mercado de crédito privado brasileiro, é esperado que seja mais fácil realizar as negociações a partir do aumento da liquidez e que as transações sejam mais transparentes nas plataformas das corretoras, e não apenas por balcão.

Aguardamos ansiosos mais esse passo do avanço do mercado de capitais brasileiro para aumentar nossos rendimentos, principalmente neste ano favorável às emissões.