CONTEÚDO DO LEITOR: A renda fixa não é tão fixa assim!

Confira o artigo publicado por Victor Natal e Rubens Terra na coluna "Conteúdo do Leitor"

Equipe InfoMoney

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Autores:Victor Natal e Rubens Terra, Analistas de Investimentos

Há um senso comum que paira sobre os novatos do mundo dos investimentos: renda variável possui alto risco, enquanto renda fixa possui baixo risco, pois, como o próprio nome diz, o retorno nesse último tipo de investimento é fixo. Porém, não é bem assim que a coisa funciona.!

O que são títulos de renda  fixa? Contratos de renda fixa são títulos de dívida emitidos por empresas ou governos, a partir dos quais esses agentes captam dinheiro de investidores e prometem pagar esses empréstimos em algum momento no futuro, acompanhado de juros e seguindo algum calendário de pagamentos predeterminado. Os juros podem ser pré-fixados (determinados no momento da compra do título pelo investidor), pós-fixados (calculados posteriormente e vinculados a algum indicador) ou uma mistura entre os dois.

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Para exemplificar, pense num fluxo de caixa (na perspectiva do investidor) para um título de dívida genérico, pré-fixado e com as seguintes características:

• Valor de face de R$1.000,00

•Cupom de 10% a.a. pagos todo ano

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•Vencimento em 5 anos

Ou seja, nós (os investidores) emprestamos R$1.000 para a empresa, ao fim de cada ano recebemos R$100 de cupom e no último ano recebemos os R$1.000 investidos inicialmente. Se mantivermos esse título até o vencimento, teremos obtido um rendimento de 10%a.a., como previsto inicialmente.

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Porém, o que acontece se quisermos ou precisarmos nos desfazer desse investimento antes do vencimento? O que acontece com o retorno dele? E mais, o que acontece se o emissor não honrar o pagamento? Resposta curta: o rendimento será diferente o inicialmente previsto!

Expectativa, precificação de risco e a curva de juros futuros. Suponhamos que desde o momento da emissão do título, o país tenha sofrido uma piora macroeconômica: as contas do governo estão no vermelho, o câmbio se desvalorizou fortemente, a inflação está em um patamar alto e as empresas sofrendo para gerar receita. Esse cenário provavelmente fará com que os investidores percebam um ambiente com mais risco e isso fará com que sejam exigidos retornos maiores para investir nos mesmos produtos. Adicionalmente ao risco aumentado, a inflação alta fará com que investidores esperem uma taxa de juros mais alta no futuro para equilibrar o descompasso dos preços. Esse movimento é representado na curva de juros futuros, em que, para cada ponto no tempo, apresenta a expectativa dos investidores sobre a taxa de juros que será praticada pelo governo. Essa curva muda conforme o tempo e conforme novas informações chegam aos investidores.

Veja esse exemplo citado pelo Terraço Econômico:

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Voltando ao nosso cenário de crise, digamos que a percepção sobre o risco da empresa que emitiu aquele nosso título de dívida mudou e os investidores agora exigem 12%a.a. de retorno. Se precisarmos vender esse título nesse momento, só conseguiremos fazê-lo se oferecermos um preço menor, para que o comprador tenha, ao final do período de maturidade, o retorno exigido de 12%a.a. Como o cupom pago pela empresa e o valor do principal recebido no final do período são fixos, a única maneira do comprador garantir 12% de retorno é comprar o título com desconto – o que nos faria ter um retorno aquém do esperado por vendermos o título por um valor abaixo daquele previsto para aquele momento no tempo!

Teríamos muito a falar sobre o assunto, mas resumindo: a renda fixa não é tão fixa assim!

 

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